Ciência
25/10/2018 às 14:00•3 min de leitura
Você sabia que os nazistas tinham planos de desenvolver artefatos atômicos e inclusive trabalharam no desenvolvimento de um programa nuclear durante a Segunda Guerra Mundial? Pois, se não fosse por um corajoso norueguês chamado Joachim Ronneberg, o projeto poderia ter ido adiante e alterado não só o resultado do conflito, como afetado profundamente o mundo no qual vivemos hoje.
Ronneberg nasceu em 1919, em Aalesund, e fugiu da Noruega para a Escócia com um grupo de amigos quando os nazistas invadiram o país, em 1940. Os jovens fizeram a viagem de barco e já desembarcaram com sonhos de retornar a sua terra e lutar contra os alemães. Na época, Ronneberg tinha apenas 21 anos, e os cientistas de Hitler estavam trabalhando dia e noite tentando vencer os aliados na corrida para a criação de uma arma nuclear.
Norsk Hydro (Wikimedia Commons/Anders Beer Wilse)
No entanto, os nazistas precisavam de um suprimento de água deuterada — uma substância semelhante à água, mas com uma partícula atômica extra em seu núcleo de hidrogênio —, e o único local que produzia esse material era uma fábrica fortemente vigiada chamada Norsk Hydro, situada em Vemork, no condado de Telemark, Noruega.
Os aliados sabiam que no que os nazistas estavam metidos e chegaram a bolar uma operação secreta focada em destruir a planta em 1942, mas a missão não deu certo. Então, no ano seguinte, Ronneberg foi incumbido de reunir e liderar um time até a Noruega para pôr um fim nos planos dos alemães de uma vez por todas.
O norueguês, que tinha apenas 23 anos, chamou 5 loucos como ele amigos e, juntos, se encarregaram de levar a cabo a operação que ficou conhecida como Gunnerside. O grupo saltou de paraquedas em território norueguês e esquiou pelo interior, por áreas ermas, até chegar a Telemark. Uma vez lá, encontraram a fábrica e, no meio da noite, instalaram uma porção de explosivos e se mandaram de lá.
Ronneberg e seus amigos (Pinterest)
Conforme contou Ronneberg anos mais tarde, ele e seus companheiros só tiveram certeza de que a operação tinha dado certo quando sentiram a explosão nas costas. Os soldados, então, sumiram de lá esquiando — e tiveram que percorrer cerca de 320 km com mais ou menos 3 mil alemães em seu encalço!
O norueguês dizia ainda que ele e os amigos sempre pensaram que a missão consistia em uma viagem sem volta. Mas, os sortudos conseguiram escapar — e Ronneberg costumava dizer, com um sorriso maroto no rosto, que aquele foi o seu mais memorável e divertido fim de semana esquiando.
Com a explosão da planta de produção de água deuterada em 1943, quando a Segunda Guerra Mundial já se encontrava bem avançada, os planos dos nazistas de fabricar uma bomba nuclear acabaram sendo destruídos, e deu no que deu — os aliados venceram a corrida atômica e lançaram as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki. Aliás, Ronneberg e seus companheiros só foram compreender mesmo a importância do que tinham conquistado com a realização da missão depois de verem a destruição causada por esses artefatos.
Ronneberg, herói de guerra (NPR/Andrew Winning/Reuters)
E por que estamos falando de Ronneberg agora? O norueguês, depois de lutar com a resistência de seu país, foi trabalhar como rádio jornalista e só muitos anos após o fim da guerra, na década de 70, é que começou a contar (timidamente) os detalhes da operação. Ele também dedicou boa parte da vida a alertar os mais jovens sobre os perigos e horrores da guerra, e faleceu nesta semana, dia 22 de outubro, aos 99 anos de idade, como herói nacional.
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