Artes/cultura
23/11/2018 às 10:00•2 min de leitura
Um dos romances góticos mais populares do mundo, “Frankenstein” virou um conto clássico e acabou sendo adaptado para as mais variadas mídias com o passar dos anos. A obra, de autoria da britânica Mary Shelley, narra a história de Victor Frankenstein, um cientista que decide criar um ser humano gigantesco — usando, como matéria-prima, partes de cadáveres — e lhe concede vida através de um poderoso choque elétrico. O que poucos sabem é que esse experimento maluco foi inspirado em um caso real.
Shelley escreveu seu romance após testemunhar uma das demonstrações de Giovanni Aldini, cientista italiano que viveu entre os anos 1756 e 1826. Embora tenha se dedicado às áreas mais comuns da medicina (como doenças mentais) na maior parte de sua vida, Aldini gostava de realizar alguns testes nada convencionais de vez em quando. Isso inclui a sua bizarra insistência na ideia de que era possível ressuscitar seres humanos usando energia elétrica, uma obsessão que rendeu uma série de demonstrações públicas grotescas.
Em janeiro de 1803, um jovem chamado George Forster foi enforcado na prisão de New Gate, em Londres, acusado de assassinato. O corpo, transportado para o Colégio Real de Cirurgiões, foi dado de presente para Aldini, que conectou dois eletrodos — um na medula espinhal e outro no ânus. Ao realizar a descarga, a mandíbula de Forster começou a tremer, seus músculos se contorceram, e um de seus olhos se abriu. Alguns relatos dizem que as mãos e os pés do morto se levantaram.
Obviamente, Forster não voltou à vida — por mais que, na hora, os espectadores (transtornados com a demonstração) tivessem certeza de que isso iria acontecer. A verdade é que, de fato, os humanos possuem uma pequena quantidade de eletricidade dentro de si: são os impulsos elétricos gerados pelo sistema nervoso central que enviam comandos e fazem com que nossos músculos se movimentem. Porém, naquela época, ninguém entendia que APENAS a eletricidade não era o suficiente para criar vida.
O principal objetivo das pesquisas grotescas de Aldini era dar sequência ao legado de seu tio, Luigi Galvani, um dos precursores do estudo da bioeletricidade. Galvani também acreditava que eletricidade artificial poderia reviver os mortos, mas nunca chegou ao ponto de fazer experimentos com seres humanos, limitando-se a “brincar” com sapos. Com a morte de Galvani, seu sobrinho decidiu testar os conceitos com animais, digamos, um pouco maiores, para provar que seu parente estava certo.
Aldini começou com ovelhas, porcos, vacas, touros… E chegou aos seres humanos. Visto que o pesquisador tinha dificuldades para encontrar corpos com sangue em suas veias, decidiu viajar até Londres, onde enforcamentos eram comuns, e se apossou do pobre Forster para ser sua primeira — e, felizmente, única — vítima. Embora o próprio Aldini tenha classificado seu experimento como “um fracasso”, o boca a boca logo espalhou que o sujeito chegou, sim, a voltar à vida durante alguns segundos e até mesmo respirou.
Os cochichos eventualmente chegaram aos ouvidos da jovem Mary Shelley — que utilizou os rumores e dramatizou a história para dar origem ao livro que todos nós conhecemos. Já Aldini morreu na cidade de Milão, após (acredite ou não!) dar contribuições científicas valiosas ao mundo em áreas como anatomia, galvanismo e construção de faróis para navegação marítima.
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