Ciência
19/03/2019 às 08:00•2 min de leitura
Se você convidasse os habitantes da Grã-Bretanha de milhares de anos atrás para uma festa na sua casa, eles não desmarcariam de última hora nem levariam cerveja ruim! Pesquisadores descobriram que eles saíam de diversas partes da ilha, enfrentavam estradas lamacentas e levavam os seus próprios porcos para prestigiar eventos nas proximidades de Stonehenge.
Para chegar a essa conclusão, cientistas estudaram ossadas de porcos que foram enterradas entre 2.800 e 2.400 a.C. e recolhidas em quatro lugares: Durrington Walls, Marden, West Kennet Palisade Enclosures e Mount Pleasant. Dr. Richard Madgwick, da Universidade de Cardiff, analisou os isótopos dos ossos e descobriu que muitos não eram locais.
O estrôncio-87 é mais comum na Escócia e no País de Gales, por exemplo, e, como é incorporado aos ossos dos porcos de acordo com o que os animais comem, isso ajuda a indicar as regiões de onde vieram por conta do que cada uma é capaz de produzir. Assim, os estudiosos concluíram que menos de 25% dos animais foram criados nos locais onde suas ossadas foram encontradas.
As assinaturas isotópicas também sugerem que os locais de onde esses porcos saíram eram bem distantes entre si. Além dos exemplares vindos da Escócia e de Gales, outros tinham como origem a costa da Grã-Bretanha, conclusão à qual os pesquisadores chegaram ao levarem em consideração os isótopos de enxofre de algumas ossadas.
(Divulgação/Universidade de Cardiff)
Madgwick não conseguiu associar alguns isótopos a lugares específicos da Grã-Bretanha, porque algumas regiões da ilha contam com ecossistemas muito diferentes entre si, e esse assunto ainda não é tão estudado quanto deveria na Inglaterra. No entanto, a pesquisa conduzida por ele deve servir como inspiração para trabalhos futuros.
“Transportar porcos, mesmo por pequenas distâncias, exigia um esforço considerável na pré-história”, escreveu o osteoarqueólogo em um artigo publicado na revista científica norte-americana Science Advances. Ao contrário de ovelhas e gado, há poucos registros de que isso tenha acontecido em outras partes do mundo no mesmo período.
Como porcos eram facilmente encontrados em diversas localidades da Grã-Bretanha, Madgwick acredita que o ato de trazê-los de casa tinha alguma importância. “Essas reuniões podem ser interpretadas como os primeiros eventos culturais de nossa ilha, com pessoas de todas as regiões indo para Stonehenge e levando alimentos de suas casas”, especulou ele.