Ciência
29/10/2019 às 14:30•2 min de leitura
Quando o assunto é a Segunda Guerra Mundial, a importância da União Soviética pode passar despercebida para muita gente. Os filmes de Hollywood geralmente focam nos embates dos soldados americanos contra o exército nazista. No entanto, um dos maiores responsáveis pela queda do Führer e a derrota da Alemanha foi, na realidade, a União Soviética.
Menos comentada ainda é a participação das mulheres soviéticas nos ataques aéreos. Pilotando aviões de pequeno porte e quase sem nenhuma segurança, o esquadrão apelidado de “Bruxas da Noite” pelos soldados alemães foi uma das armas mais importantes dos soviéticos contra os nazistas.
Enquanto soldados alemães teorizavam que as moças — que tinha entre 17 e 27 anos — seriam cientificamente modificadas para enxergar perfeitamente no escuro, a verdade estava bem longe disso.
Os aviões pilotados pelas Bruxas da Noite não eram nem um pouco indicados para batalhas. Eles, na realidade, eram aeronaves pequenas sem muita segurança, fabricadas para trabalho com pesticidas em plantações. Feitos de madeira, eles não ofereciam proteção contra o fogo inimigo e podiam facilmente entrar em combustão dependendo do tipo de artilharia usada pelos alemães.
As moças ainda tinham outros problemas: elas não podiam usar rádios e sequer tinham paraquedas a bordo. E quando uma bomba não se desprendia como deveria, a coisa ficava ainda mais complicada: os aviões viajavam com duas mulheres por vez e enquanto uma pilotava, a outra tinha de se equilibrar na asas e chutar a bomba para que se desprendesse. Tudo isso, muitas vezes, enfrentando tiros dos alemães e sem a possibilidade de atirar de volta, já que uma bomba em cada asa era tudo o que esses aviões conseguiam carregar no que dizia respeito a armas.
Apesar de tudo isso soar quase como uma missão suicida, esse esquadrão soviético foi um dos de maior sucesso durante a Segunda Guerra Mudial. Essas mulheres realizaram cerca de 30 mil ataques. Das 400 integrantes, apenas 32 morreram durante a guerra e, ainda assim, a maior parte das baixas foi devido à tuberculose e não às batalhas.
O esquadrão das Bruxas da Noite também foi um dos primeiros a chegar em Berlim, três dias antes de o Terceiro Reich finalmente se render aos aliados. Algumas das mulheres do esquadrão chegaram a fazer em uma única semana mais missões do que os soldados homens fizeram durante toda a guerra.
Ainda assim, poucos meses após as batalhas cessarem, a divisão foi extinta e o esquadrão nem sequer foi homenageado na parada que comemorou a vitória. Segundo relatos da época, o motivo para isso era o fato de os aviões não serem rápidos o bastante para acompanhar os demais.
Se por um lado houve falta de reconhecimento, por outro, diversas mulheres que fizeram parte dos esforços foram multiplamente condecoradas. A criadora do esquadrão foi, inclusive, a primeira pessoa da União Soviética a ter um funeral de estado durante a guerra.