Artes/cultura
20/08/2023 às 14:00•2 min de leitura
Em meio a uma forte crise econômica, o Banco Central da Argentina (BCRA) recentemente anunciou uma desvalorização de 18% do peso, o que também provocou uma alta de 22% na cotação do dólar "oficial" no país. Isso é um grande impacto financeiro para os hermanos, que já possuem uma das maiores taxas de inflação no mundo todo — ultrapassando a casa dos 115% ao ano.
O objetivo dessa desvalorização abrupta do peso, segundo especialistas, é deixar o câmbio praticado pelo governo um pouco mais parecido aos seis diferentes tipos de dólar que a Argentina utiliza. E como tudo isso funciona? Para explicar essa situação, nós nos aprofundaremos no sistema monetário argentino.
(Fonte: Getty Images)
Na Argentina, o dólar é usado como referência de preços e também como uma moeda de poupança. Embora o BCRA estabeleça um valor para o dólar poupança, pessoas comuns não são capazes de acessar a moeda norte-americana pelo valor tabelado. Então, todo argentino que deseja comprar dólares precisará pagar uma sobretaxa de 75% em cima do valor.
Porém, o problema não para por aí. Só é possível comprar um máximo de US$ 200 dólares por mês e apenas se atenderem a uma série de requisitos que exclui boa parte da população. Por esse motivo, muitos argentinos utilizam um mercado ilegal para comprar a moeda ou exigem que turistas comprem produtos usando dólares.
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O dólar comprado fora dos meios oficiais na Argentina também é chamado de "blue". Inclusive, essa é a forma mais comum de acesso à moeda norte-americana além dos limites estabelecidos pelo governo. Essa moeda segue a lógica de oferta e demanda, tornando-se a maior referência para o dólar no país.
Porém, por ser regido pelas leis do mercado, o dólar blue corre maior risco de disparar abruptamente. Quando isso acontece, maior é a pressão dentro do país para a desvalorização do peso.
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Esse tipo de dólar é o nome dado para quem usa cartões de crédito no pagamento de serviços em dólares ou pequenos gastos no exterior. Sua cotação é igual a do dólar poupança, mas com acréscimo de 75% de encargos. Contudo, especialistas garantem que esse esquema só vale a pena quando as despesas são menores que US$ 300.
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O dólar turista, ou "Catar", é a cotação da moeda norte-americana usada para argentinos que viajarão para o exterior e gastarão mais de US$ 300 — sofrendo alíquota de imposto de 100%. Essa política foi anunciada um pouco antes do início da Copa do Mundo de 2022 e recebeu o apelido de "Catar" devido ao título conquistado pela seleção de Messi e companhia.
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Para quem não quer comprar dólares no sistema informal, uma das alternativas existentes na Argentina é o dólar bolsa, montado pela compra e venda de títulos financeiros e ações. Essa ação, contudo, exige intermédio de uma corretora de valores.
Para entrar nesse meio, é preciso adquirir títulos na bolsa cotados tanto em peso argentino quando em dólar americano. Então, esses títulos serão vendidos no exterior. Vale ressaltar, no entanto, que a quantia recebida no fim da operação corre risco de ser taxada pela regulamentação local.
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O sexto e último tipo de dólar usado na Argentina é o dólar "contado com liquidação" (CCL), que nada mais é do que uma ferramenta financeira para trocar pesos por dólares no exterior. Para muitas empresas e investidores, essa é a melhor forma de adquirir moeda estrangeira legalmente.
Porém, pessoas que desejam obter o dólar CCL precisam ter uma conta no exterior — o que faz ele não ser comum entre o argentino médio.