Ciência
21/11/2022 às 02:00•2 min de leitura
A poucos dias de começar, a Copa do Mundo do Catar tem sido recheada de polêmicas desde a escolha do país sede. Embora a festa já esteja armada e as 32 seleções participantes se encontrem prontas para lutar pela taça mais importante do universo do futebol, os bastidores não são dos melhores.
Ao todo, sete estádios foram construídos especialmente para receber os jogos do campeonato, sem contar um novo aeroporto, sistema de metrô, novas estradas e cerca de 100 hotéis. Segundo o governo local, cerca de 30 mil trabalhadores estrangeiros foram contratados para as obras. Mas como essas pessoas estão sendo tratadas no Catar? Entenda a situação controversa.
(Fonte: AFP)
A maioria dos trabalhadores que chegaram ao Catar em busca de trabalho vieram de lugares como Bangladesh, Índia, Nepal e Filipinas. Em fevereiro de 2021, no entanto, o jornal The Guardian publicou uma matéria que dizia que 6,5 mil desses imigrantes morreram desde que o país venceu sua candidatura à Copa do Mundo.
O número, inclusive, é baseado em dados fornecidos pelas embaixadas desses países no Catar. Na outra ponta da polêmica, o governo local chegou a afirmar que o número total é enganoso e que nem todas as mortes registradas eram de pessoas participando de projetos relacionados à Copa do Mundo.
A resposta ainda dizia que muitos dos que morreram trabalharam no país por vários anos e podem ter morrido de velhice ou causas naturais. Logo, seria tudo questão de coincidência e engano? Na visão da Organização Internacional do Trabalho (OIT), não é bem assim que as coisas funcionam.
(Fonte: FIFA/Divulgação)
O governo do Catar afirma que seus registros de acidentes mostram que, entre 2014 e 2020, aconteceram um total de 37 mortes entre trabalhadores nas obras dos estádios da Copa do Mundo, sendo que apenas três estavam relacionadas ao trabalho. O OIT, por sua vez, afirma que o país sede não contabiliza mortes por ataques cardíacos e insuficiência respiratória como relacionadas ao trabalho — mesmo que esses sejam sintomas de insolação, causados por trabalhos pesados em temperaturas altas.
Segundo a organização, a partir da coleta de dados de hospitais públicos e serviços de ambulância no Catar, constatou-se que cerca de 50 trabalhadores estrangeiros morreram e mais de 500 ficaram gravemente feridos apenas em 2021, enquanto outros 37,6 mil sofreram ferimentos leves a moderados.
Desde que o Catar conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo em 2010, diversos grupos de direitos humanos já haviam criticado como os trabalhadores estrangeiros eram tratados no país. As denúncias diziam que muitas dessas pessoas viviam em acomodações miseráveis, eram forçadas a pagar altas taxas de recrutamento e tiveram seus salários retidos, bem como seus passaportes.
Nesse sentido, o país esteve na mira de alegações de trabalho análogo à escravidão, no qual os trabalhadores eram basicamente impedidos de trocar de emprego e “retribuídos” com uma vida miserável. Diversas das seleções participantes lançaram críticas à forma como o Catar lida com direitos humanos, porém tiveram como resposta da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) uma ordem de “focar no futebol”.