Púrpura tíria: o pigmento que era mais valioso que ouro e não pode ser recriado

09/12/2023 às 04:002 min de leitura

Em 2002, uma equipe de arqueólogos recebeu permissão para buscar um antigo palácio real que teoricamente estava localizado às margens de um lago há muito tempo desaparecido em Qatna, na Síria. Depois de navegar pelo local, eles se depararam com um poço profundo que guardava um tesouro de maravilhas antigas: 2 mil objetos, incluindo joias e uma grande mão de ouro. Contudo, a descoberta mais intrigante foi a de algumas manchas escuras intrigantes no chão.

Eles enviaram uma amostra dessas manchas para teste, eventualmente separando uma camada roxa vívida de poeira e sujeira. A análise do produto demonstrou se tratar de púrpura tíria, um pigmento que forjou impérios, derrubou reis e consolidou o poder de gerações de governantes globais. No entanto, durante o século XV, as receitas elaboradas para extrair e processar o corante necessário para essa cor simplesmente desapareceram.

Pigmento extremamente valioso

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

No passado, o púrpura tíria era uma cor tão apreciada que chegou até mesmo a ser usada pela rainha egípcia Cleópatra nas velas de seu barco. Alguns imperadores romanos também decretaram que qualquer pessoa flagrada usando esse pigmento deveria ser condenada à morte. A realidade é que ele valia mais de três vezes o seu peso em ouro, sendo extremamente requisitado pela nobreza.

Mas por que essa cor atraente desapareceu? E será que ela ainda pode ser ressuscitada? Numa pequena cabana de jardim no nordeste da Tunísia, um homem passou os últimos 16 anos esmagando caracóis marinhos para tentar transformar suas entranhas em algo que se assemelhasse ao púrpura tíria, mas em um processo muito frustrante.

Esse pigmento era adorado por civilizações antigas no sul da Europa, no norte da África e na Ásia Ocidental. Contudo, ele misteriosamente desapareceu junto com a queda do Império Romano do Oriente em 1453, quando a cidade bizantina de Constantinopla foi capturada pelos otomanos

Segundo os pesquisadores, as tinturarias da cidade estavam no centro da indústria naquela época e o púrpura tíria tornou-se profundamente ligado ao catolicismo. Uma vez que a igreja perdeu o controle sobre a produção do pigmento, o vermelho acabou se tornando o novo símbolo do poder cristão e a cor sumiu de vez.

Ressurgimento e nova ameaça

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Em 2007, um homem chamado Mohammed Ghassen Nouira estava fazendo sua habitual caminhada em uma praia nos arredores da Tunísia quando notou uma mancha colorida de cor roxo-avermelhada escorrendo de um caracol marinho rachado. Nouira, que trabalha como gerente de consultoria, lembrou-se de ter aprendido sobre o púrpura tíria no colégio e decidiu ressuscitar o pigmento como novo objetivo de vida.

Graças ao trabalho de Nouira, cientistas agora sabem que para tirar os produtos químicos desses caracóis no seu estado incolor, seria necessário expô-los à luz visível. Porém, mesmo esse processo não gera o púrpura tíria instantaneamente. A coloração, na verdade, é uma mistura de muitas moléculas de pigmento diferentes, todas trabalhadas juntas.

Por meio de diversas avaliações históricas e comparações com obras do passado, pesquisadores agora acreditam ter encontrado uma fórmula muito semelhante ao púrpura tíria original. Contudo, o pigmento está novamente sob ameaça. Como os caracóis marinhos que produzem a matéria-prima da cor estão ameaçados de extinção, é bem possível que o pigmento suma do mundo de uma vez por todas. Logo, o resgate histórico dessa brilhante cor dependerá de como a humanidade saberá controlar seus impulsos destrutivos.

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