Adiar a hora de dormir está virando um vício entre jovens chineses

30/12/2020 às 07:002 min de leitura

A maioria de nós já teve uma daquelas noites em que planejamos dormir cedo, para acordar no horário correto no dia seguinte, mas acabamos nos distraindo com alguma atividade: ler um livro, ficar olhando as redes sociais, assistir mais um episódio daquele seriado viciante… 

Pois é! Entre os jovens chineses, isso está se tornando um fenômeno que ganhou até um nome próprio bàofùxìng áoyè — algo como “procrastinação de vingança da hora de dormir”, em tradução livre. 

Eu só queria um tempinho de lazer…

Aparentemente, o hábito surgiu como uma consequência dos exaustivos empregos 9-6-6, que se tornaram comum na economia chinesa: os jovens trabalham das nove da manhã às nove da noite, por seis dias na semana. Assim, eles têm muito pouco tempo para atividades de lazer, vida social e hobbies. 

Em vez de simplesmente ir dormir, apenas para começar tudo de novo no dia seguinte, os trabalhadores se recusam a ir cedo para a cama. A ideia é se permitir algum tempo de lazer, mesmo estando exaustos e sabendo que o sono é essencial para a saúde. 

A chinesa Gu Bing, diretora criativa de uma agência digital em Xangai, afirmou “mesmo que eu fique cansada no dia seguinte, não quero dormir cedo”. Já o usuário do Twitter Kenneth Kwok relatou em seu perfil que fica das 8h às 20h no escritório e, por isso, mesmo que complete seus afazeres diários depois das 22h, ele se recusa a ir dormir para repetir a mesma rotina. “Algumas horas de tempo pessoal são necessárias para sobreviver”, escreveu Kwok. 

Mesmo sabendo que vão ficar cansados no dia seguinte, trabalhadores ficam até de madrugada na internet para terem um lazer (Fonte: Unsplash)
(Fonte: Unsplash/Reprodução)

Um fenômeno mundial

Nas redes sociais, é possível encontrar uma infinidade de opiniões semelhantes e já há especialistas em sociologia do trabalho estudando o fenômeno. A prática da “vingança da hora de dormir” está se tornando cada vez mais presente em todo o mundo — embora seja mais comum na China, onde o mercado de trabalho é ainda mais exigente que em outros países. 

“Uma das formas mais importantes de se recuperar do trabalho é pelo sono. Mas o sono é afetado por quão bem conseguimos nos desconectar”, explica a psicóloga do trabalho Clara Kelly, da Universidade de Sheffield. Com opinião parecida, a socióloga do trabalho Heejung Chung, da Universidade de Kent, sugere que diminuir a carga horária e permitir que os funcionários tenham períodos de lazer poderia aumentar a produtividade e ser benéfico para as empresas.

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