Rosie Ruiz enganou uma nação na Maratona de Boston de 1980

02/05/2021 às 12:004 min de leitura

Nascida em 21 de junho de 1953, em Havana, Cuba, Rosie Ruiz se mudou com a sua família para a cidade de Memphis, na Flórida (EUA), em meados de 1962, quando ela tinha apenas 8 anos de idade. Logo após a sua mudança, ela foi separada de sua mãe e passou a morar com as tias e alguns primos em Hollywood. Depois de se formar no Ensino Médio na South Broward High School, ela se graduou em Música na Wayne State College, em Nebraska, em 1977.

Ruiz encontrou trabalho na Metal Traders, uma empresa de commodities em Nova York, visto que sua carreira no meio artístico não estava indo bem quando se mudou para a cidade. Então, meio desmotivada com tudo, a mulher decidiu se inscrever para a Maratona da Cidade de Nova York e conseguiu ficar na 11ª posição na classificação feminina geral, com o tempo de 2 horas e 56 minutos – o que já foi o suficiente para que ela se qualificasse para concorrer na 84ª edição da famosa Maratona de Boston.

A controversa vitória

(Fonte: Runners World/Reprodução)(Fonte: Runners World/Reprodução)

A Maratona de Boston é considerada a corrida de longa distância mais tradicional e famosa de todo o mundo, realizada anualmente e disputada entre os 42 quilômetros entre as cidades de Hopkinton e Boston, no estado de Massachusetts, Estados Unidos. Fundada em 18 de abril de 1897 e com 124 edições ininterruptas, a maratona é a mais antiga de todas, ficando atrás apenas da maratona olímpica disputada na Atenas de 1896.

Organizada pela Boston Atlethics Association (BAA), a prova aconteceu pela primeira vez no Dia do Patriota, um feriado que comemora o início da Revolução Americana contra a dominação inglesa, reconhecido apenas nos estados do Maine e de Massachusetts. Em 1969, porém, a data da competição foi mudada oficialmente para a terceira segunda-feira do mês de abril de cada ano.

(Fonte: Boston Magazine/Reprodução)(Fonte: Boston Magazine/Reprodução)

Em meio aos mais de 20 mil atletas vindos de diversos países, a Maratona de Boston já teve campeões olímpicos como Joan Benoit e a portuguesa Rosa Mota, conhecida por ter vencido 3 vezes em sua categoria. Portanto, era um feito muito grande para Rosie Ruiz ter sido classificada em uma posição tão boa. Isso foi algo tão notável que até seu chefe se ofereceu para custear todas as despesas de sua viagem de Nova York para Boston. No entanto, apesar de sua classificação, ninguém acreditava que ela seria capaz de ganhar.

Então, em 21 de abril de 1980, Ruiz apareceu na maratona determinada a vencer e, surpreendentemente, foi o que ela fez. Seu tempo foi de 2 horas 31 minutos e 56 segundos, o tempo feminino mais rápido da história da Maratona de Boston, bem como o terceiro já registrado em todas as maratonas do mundo.

Mas não demorou muito para que as suspeitas surgissem.

A trapaça

(Fonte: Christopher Fountain/Reprodução)(Fonte: Christopher Fountain/Reprodução)

Bil Rodgers, vencedor da categoria masculina pela terceira vez consecutiva em Boston, percebeu que Ruiz não conseguia se lembrar de muitos detalhes que a maioria dos corredores sabia de cor, como os períodos de intervalos e divisões que ocorreram ao longo do trajeto. As mais de 400 competidoras da categoria da suposta recordista acharam estranho que ela não havia mencionado as alunas do Wellesley College, no subúrbio da cidade, que tradicionalmente torcem de maneira efusiva para as primeiras corredoras que passam por lá.

Além disso, nenhuma outra corredora se lembrava de ter visto Ruiz se destacar durante a competição. De acordo com a Sports Illustrated, a canadense Jacqueline Gareau estava liderando a corrida na marca de 28 quilômetros, seguida por Patti Lyons. Ninguém sabia de nenhuma Rosie Ruiz, que não foi capturada por nenhum fotógrafo ou cinegrafista.

Como se essas informações não fossem o bastante, havia também o fato de que a corredora não estava ofegante ou coberta de suor como as outras. As pessoas repararam também que as coxas dela eram magras demais e não chegavam a ser nem torneadas – o que era esperado de uma pessoa desconhecida que batia um recorde como aquele.

(Fonte: Sport5/Reprodução)(Fonte: Sport5/Reprodução)

De acordo com uma matéria da Times, quando Ruiz foi indagada por um repórter sobre o motivo de ela não parecer em nada cansada após os 42 quilômetros do percurso, ela simplesmente respondeu: “É porque eu me levantei com muita energia esta manhã”.

Entretanto, John Faulkner e Sola Mahoney, dois estudantes de Harvard, declararam ao jornal que viram Ruiz sair do meio da multidão de espectadores a cerca de 800 metros da linha de chegada. Quando a possibilidade de uma fraude ganhou ainda mais força na mídia, a fotógrafa Susan Morrow foi outra pessoa que reconheceu a competidora da Maratona de Nova York por tê-la acompanho do metrô até a área de chegada da corrida, onde Ruiz disse que estava ferida e foi escoltada até um posto de primeiros- socorros.

Rapidamente, os oficiais de inspeção da Boston Athletic Association (BAA) iniciaram uma investigação apurada para determinar se a vitória de Ruiz era genuína ou não. Foi descoberto pelo Comitê de Jogos da Maratona de Nova York que a mulher chegou após a data limite para inscrição, porém constava uma dispensa especial assinada pelo New York Road Runners de que a exceção foi aberta porque a mulher estava morrendo de câncer cerebral. Além disso, ao comparar os tempos de ambas as corridas, os investigadores perceberam que a mulher melhorou 25 minutos com relação à maratona de Nova York.

(Fonte: People/Reprodução)(Fonte: People/Reprodução)

A mulher foi desclassificada retroativamente da corrida de 1979 por Fred Lebow, então diretor da maratona. A BAA fez o mesmo com ela ainda na semana de sua vitória, declarando Jacqueline Gareau como a verdadeira campeã.

Nunca ficou claro o motivo de Ruiz ter trapaceado, embora alguns apontassem transtornos mentais. A mulher sumiu até 1982, quando foi presa por desviar US$ 60 mil de uma imobiliária onde trabalhava. Ela passou apenas uma semana detida e depois foi condenada a 5 anos de liberdade condicional, sendo que em 1983 foi pega por envolvimento em tráfico de cocaína no sul da Flórida. Novamente, ela foi condenada a mais 3 anos de condicional.

Até o ano de 2000, Rosie Ruiz ainda afirmava que havia corrido a Maratona de Boston de 1980. Em 8 de julho de 2019, ironicamente, ela morreu de câncer, na cidade de Lake Worth, na Flórida.

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