Você já ouviu falar do transtorno de processamento sensorial?

10/11/2017 às 04:002 min de leitura

Algumas pessoas são mais sensíveis do que outras em relação à forma como enxergam, escutam ou sentem cheiros. Em alguns casos, essa sensibilidade pode chegar ao extremo, e a pessoa passa não apenas a sentir o cheiro do perfume do colega de trabalho, mas também o do xampu que ele usou, o da pasta de dente e até o da sujeira embaixo do sapato dele.

Se a sensibilidade é em relação a outro sentido, às vezes a pessoa pode se incomodar profundamente com luzes, cores, sons e por aí vai. Essa sensibilidade intensa e que atrapalha a rotina de quem a vivencia é muitas vezes resultado do chamado transtorno de processamento sensorial.

Esse transtorno se manifesta devido a uma dificuldade do cérebro em interpretar estímulos sensoriais, de modo que as luzes e as cores se tornam brilhantes demais, os sons ficam bem intensos, os odores se tornam muito fortes e as sensações táteis são interpretadas de modo extremamente profundo.

Na pele

O Mother Nature Network falou sobre o tema e publicou um texto de Rachel Schneider, que foi diagnosticada com o transtorno em 2010, quando tinha 27 anos de idade. No texto, ela descreve como seria uma resposta sincera a um “tudo bem?” que alguém perguntasse em uma festa.

Para ela, seria necessário dizer que os barulhos ao seu redor a deixam impaciente, especialmente as vozes distintas de todas as pessoas presentes, cujas conversas ela escuta sem conseguir acompanhar. O som da carne assando no grill? Doloroso, segundo Rachel. Todos esses estímulos sonoros acabam fazendo com que a jovem tenha vontade de ir embora da festa e, por fazer isso, acabe sempre sendo julgada como estranha.

O caso de Rachel não é igual ao de todas as pessoas com o mesmo transtorno, afinal cada uma pode apresentar a condição de maneiras e intensidades diferentes. Com Rachel, a hipersensibilidade se manifesta com imagens e sons – já para quem tem a hipersensibilidade ao toque, por exemplo, tecidos finos e leves podem causar a sensação que uma lixa causaria, assim como abraços podem ser interpretados como grandes apertões sufocantes.

Infelizmente, esse transtorno ainda não é reconhecido oficialmente como tal, o que faz com que diagnósticos e tratamentos sejam ainda mais difíceis. A condição é também comum em pessoas autistas e, justamente por isso, é vista apenas como um dos espectros do autismo em si, impossibilitando um tratamento mais específico para o caso.

Outras características e descobertas

Vale frisar que, embora os sintomas do transtorno de processamento sensorial incluam essa hipersensibilidade, em casos menos comuns é possível que a pessoa tenha uma baixa resposta sensorial, o que pode causar problemas também – uma pessoa que não sente cheiros, por exemplo, não conseguiria reconhecer um vazamento de gás.

Estudos recentes, comandados pela neurologista Elsa Marco, da Universidade da Califórnia, revelaram, por meio de imagens de ressonância magnética, que pessoas com o transtorno de processamento sensorial têm diferenças estruturais no cérebro, especificamente nas áreas envolvidas no processamento de informação visual, auditiva e de toque.

Os mesmos exames mostraram que crianças com o transtorno também têm essas diferenças de formação cerebral, mas os exames delas não são iguais aos de crianças com autismo, o que já ajuda a defesa dos especialistas que buscam tratar o transtorno de maneira isolada, e não como um dos sintomas do autismo, apenas.

Rachel relata que o transtorno desencadeia uma série de condições psicológicas, uma vez que a pessoa vive se perguntando o que há de errado. Por isso, ela defende a promoção de maiores debates sobre o tema e garante que lidar com o transtorno pode ser difícil, mas que é possível a partir do momento em que a pessoa toma conhecimento de sua existência e muda a forma como realiza algumas tarefas.

*Publicado em 12/09/2016

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