A história do concurso para escolher a melhor forma de diagnosticar a morte

05/02/2017 às 12:003 min de leitura

Morrer nem sempre foi fácil. Hoje, os avanços da medicina nos permitem determinar rapidamente quando uma pessoa parte dessa para uma melhor, mas nem sempre foi assim. Saiba que se você tivesse um colapso qualquer antes de 1936, estaria correndo risco de ser enterrado vivo. Isso mesmo! No curso da História, muitas vezes não foi possível diagnosticar se uma pessoa estava realmente morta, e as soluções encontradas pelos profissionais de saúde da época não eram as mais adequadas.

Mesmo tomando diferentes precauções para evitar que as pessoas fossem enterradas antes da hora, a Academia de Ciências de Paris decidiu que era hora de encontrar uma maneira definitiva e eficaz de identificar os mortos antes que eles fossem parar embaixo da terra sem necessidade.

Foi quando, em 1839, o toxicologista Pietro Manni decidiu realizar um concurso que premiaria com 1,5 mil francos de ouro a ideia que seguisse os critérios estabelecidos pela academia e resultasse na maneira mais eficaz de identificar se uma pessoa realmente estava morta. O concurso ganhou o nome de Prix Manni e foram necessárias três rodadas até que um vencedor fosse eleito.

Simples solução

O vencedor do concurso foi um médico chamado Eugene Bouchut. Sua ideia era simples e, para nós, chega a ser muito familiar. Afinal, o profissional escolheu um instrumento que havia sido inventado recentemente para examinar e diagnosticar doenças cardiovasculares e problemas no sistema respiratório – nosso velho conhecido, o estetoscópio.

A proposta de Bouchut parece até mesmo boba para os dias de hoje. De acordo com o médico, o objetivo era utilizar o estetoscópio para auscultar o coração. Se nenhuma batida fosse verificada em 2 minutos, a pessoa seria declarada morta. Simples, não é mesmo?!

Wikimedia CommonsUm médico examina seu paciente com o estetoscópio.

Mas não pense que Bouchut chegou a essa ideia com facilidade. Para nossa sorte, os responsáveis pelo concurso pensaram duas vezes antes de eleger um vencedor, o que fez com que a seleção fosse realizada em três etapas. Mesmo assim, muitos candidatos tiveram a chance de revelar suas criações absurdas; confira!

As ideias mais absurdas

Um médico inglês sugeriu derramar água fervendo sobre o braço da pessoa – que supostamente estaria morta – para ver se ela esboçaria qualquer tipo de reação que indicasse que ainda estava viva. Outra opção ainda mais terrível (lembre-se sempre de que existia a chance de a pessoa ainda estar viva!) era colocar fogo no nariz do indivíduo.

Um médico alemão chamado Middeldorph sugeriu que uma bandeira fosse fixada em uma haste longa e extremamente pontiaguda. Essa haste deveria ser cravada no coração do paciente e, se a bandeira começasse a tremular, seria porque o coração ainda estava batendo.

Além dessas alternativas, alguns concorrentes criaram objetos para pinçar e puxar diferentes partes do corpo. No caso do prendedor de mamilos, a ideia era causar uma reação involuntária capaz de acordar até mesmo os mortos. Outra engenhoca feita para puxar a língua garantia que traria a pessoa de volta à vida se fosse manuseada da maneira correta.

Shutterstock

Choques elétricos – especialmente nos olhos e nos lábios – também eram uma opção um tanto quanto popular entre aqueles que acreditavam que reações involuntárias indicariam se o indivíduo ainda estava vivo. E não se pode esquecer o médico que desenvolveu um termômetro em forma de tubo que deveria ser inserido no estômago para monitorar a temperatura interna do corpo.

Os protestos

Mesmo que não houvesse dúvidas de que o método de Bouchut fosse o mais eficiente e provavelmente o que causaria menos riscos e desconfortos para os pacientes que porventura ainda estivessem vivos, houve protestos.

Muitos profissionais contestaram o uso do estetoscópio sob a justificativa de que os médicos mais velhos que não ouviam bem poderiam cometer erros e não conseguiriam determinar a morte de uma pessoa com exatidão. Outros ainda disseram que já haviam se deparado com casos de pessoas que estavam vivas, mas não tinham mais batimento cardíaco.

Só não podemos nos esquecer de que aqueles que não concordaram com a ideia de Bouchut são os mesmos que deixaram de levar 1,5 mil francos de ouro para casa. Talvez isso sirva de explicação para os protestos.

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