Sabia que você pode ganhar US$ 13 mil por ano doando as suas fezes?

03/02/2015 às 07:482 min de leitura

Você sabia que, além de doadores de sangue, esperma e óvulos, agora existe uma organização nos EUA em busca de pessoas dispostas a doar cocô? E a novidade não para por aí! Para ajudar os possíveis interessados a superar o constrangimento — e o nojinho —, a companhia está pagando pelas fezes, e inclusive criou uma espécie de sistema de gratificação extra para os doadores mais... generosos.

De acordo com Rachel Feltman do portal The Washington Post, a iniciativa foi proposta pela OpenBiome, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que se dedica a processar fezes humanas para que elas sejam usadas em transplantes de microbiota fecal. Esse procedimento é relativamente novo, mas extremamente eficiente no tratamento da infecção por Clostridium difficile, oferecendo um índice de 90% de sucesso.

Bactéria difficile

A C. difficile é uma bactéria que pode ser encontrada na água, solo, ar e fezes de animais e humanos. Contudo, enquanto esse microrganismo não costuma causar maiores problemas para pessoas saudáveis, alguns indivíduos reagem à presença da bactéria, sofrendo com dores abdominais, febre e diarreia severa. Em casos mais extremos, os infectados precisam de hospitalização, e algumas pessoas chegam a falecer por conta das complicações.

Indivíduos com a imunidade debilitada ou tomando antibióticos correm mais riscos de desenvolver a infecção. Isso ocorre por que esses medicamentos não têm como alvo apenas as bactérias do mal e, ao dizimar os microrganismos do bem também, acabam criando um ambiente propício para que a C. difficile se instale. Os idosos são os mais susceptíveis à infecção, e estima-se que entre 14 mil e 30 mil mortes ocorram anualmente por conta da bactéria só nos EUA.

Segundo Helen Clark do site Gizmag, até recentemente o tratamento envolvia a administração de mais antibióticos, mas frequentemente acontecia de C. difficile resistir aos medicamentos, voltando a surgir. É aqui que entra a alternativa (ainda experimental) de realizar os transplantes, que consistem em introduzir matéria fecal de pessoas saudáveis — contendo bactérias, fungos e vírus — nos organismos dos doentes para ajudá-los a combater a infecção.

Gratificações

Acontece que, como se trata de um procedimento experimental, nem sempre é fácil encontrar um doador saudável — tanto que alguns pacientes desesperados chegam a se tratar com fezes de amigos e familiares. Aliás, foi esse tipo de situação que inspirou o pessoal da OpenBiome a criar um banco nacional de matéria fecal, e eles já distribuíram cerca de 2 mil tratamentos para 185 hospitais.

Para contornar a dificuldade de achar pessoas dispostas a doar cocô, a organização decidiu oferecer gratificações bem interessantes. Assim, para cada amostra de 50 gramas, a OpenBiome paga US$ 40 (perto de R$ 110), e se o doador comparecer cinco vezes por semana, o valor sobe para US$ 50 (cerca de R$ 135) por coleta.

Isso significa que uma pessoa com intestino regular pode faturar até US$ 250 (RS$ 680) por semana — ou US$ 13 mil por ano (cerca de R$ 35 mil) enquanto, de quebra, salva várias vidas. Veja o diagrama de doações abaixo:

Parece fácil? Bem, a coisa não é tão simples assim... Na verdade, para se tornar doador, é necessário ser extremamente saudável e passar por uma enorme bateria de exames. E só para que você tenha uma ideia, de mil interessados em fazer parte do time, apenas 4% foram selecionados nos últimos 2 anos. Segundo o pessoal da OpenBiome, a maioria dos doadores é composta por universitários ou jovens recrutados da academia vizinha da organização.

Promessas para o futuro

A introdução da matéria fecal ocorre por meio de tubos nasais, colonoscopias ou ingestão de cápsulas. De momento, o transplante é realizado exclusivamente para tratar as infecções por C. difficile, mas a OpenBiome também está fornecendo material para a realização de testes que exploram outros usos para as fezes.

Atualmente os cientistas já sabem que a “microbiota” humana é diferente em pessoas que sofrem de doença inflamatória intestinal, obesidade e até autismo. Portanto, existe a possibilidade de que os transplantes fecais possam ajudar a sanar ou amenizar muitas outras condições.

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