Saúde/bem-estar
29/03/2018 às 09:00•2 min de leitura
No dia 7 de outubro de 1928, o vapor Massilia se preparava para zarpar do porto de Santos. Ao ser içada para o navio, uma das cargas acabou se rompendo e, com isso, derrubando uma mala bastante pesada (uma dessas antigas de madeira que lembram muito baús). Com a queda, a mala foi danificada, abrindo uma pequena fresta, da qual escorreu um líquido escuro e com um cheiro insuportável.
Assustados, os marinheiros abriram a mala e descobriram dentro dela o cadáver de uma moça, já em avançado estado de decomposição, a navalha utilizada no crime e o feto de uma menina de 6 meses. Mais tarde, a autópsia revelou que a morte foi causada por asfixia; depois, seu pescoço e sua coluna foram quebrados e as pernas, cortadas na altura do joelho.
Ao se deparar com a mala, os marinheiros prontamente chamaram a polícia, que logo começou a investigar o crime. A mala estava a caminho da França, para um remetente que nada tinha a ver com isso, e foi colocada no navio por três romenos, que foram pagos para despachá-la.
A investigação levou a polícia a São Paulo e a um italiano chamado Giuseppe Pistone e sua esposa, Maria Féa — a moça encontrada na mala.
Maria Fea e Giuseppe Pistone se conheceram 3 anos antes, a bordo de um navio que ia da Itália para a Argentina. Os dois se casaram em fevereiro de 1928 e se mudaram para o Brasil.
Em São Paulo, ele passou a trabalhar na loja de um primo, de quem queria se tornar sócio, dizendo que tinha parte da herança de seu pai para receber. Mas a verdade é que Giuseppe não só já havia recebido essa herança, como havia também gastado tudo com passeios, viagens e afins.
A fim de tentar conseguir a sociedade, ele escreveu um telegrama para sua mãe na Itália, pedindo o montante. Mesmo sua mãe se negando a lhe dar, Giuseppe insistia com o primo que havia dinheiro a ser recebido, pretendendo extorqui-lo mais tarde.
Maria Féa, sabendo disso, escreveu uma carta à sogra contando toda a verdade sobre a conduta do marido. E foi nesse ponto que tudo desandou de vez para ela. No dia 4 de outubro, Giuseppe descobriu a carta da esposa, perdeu a cabeça e a sufocou com um travesseiro.
Ao ser pego pela polícia, Giuseppe confessou o crime, mas contou uma história diferente para sua motivação. Pistone disse à polícia que estava chegando em casa quando viu um homem sair dali às pressas, e ao entrar no quarto encontrou a esposa “descomposta”. A descoberta o teria feito se descontrolar, avançar nela e sufocá-la com um travesseiro.
Essa versão foi desmentida pelo suposto amante de Maria, o qual afirmou nunca ter tido nada com a moça. Na verdade, era apenas conhecido de Pistone por trabalhar numa alfaiataria onde ele teria mandado fazer alguns ternos.
Giuseppe foi condenado em julho de 1931 a 31 anos de cárcere, mas teve sua pena considerada cumprida em novembro de 1948. Ao sair da prisão, ele conseguiu emprego como zelador e se casou novamente. Faleceu em 1956, aos 62 anos de idade.
Maria Féa, que morreu aos 21 anos, está sepultada no Cemitério da Filosofia em Santos, e seu túmulo virou local de peregrinação religiosa. A mala do crime está em exposição no Museu do Crime, na cidade de São Paulo.