Ciência
24/10/2018 às 13:15•2 min de leitura
Se você é fã de astronomia, então deve saber que Marte, em um passado distante, apresentou atividade vulcânica — tanto que a montanha mais alta do Sistema Solar, o Monte Olimpo, com extraordinários 27 km de altura e 600 km de diâmetro, fica no Planeta Vermelho e nada mais é do que um colossal vulcão extinto. Contudo, faz muito, muito tempo que as coisas andam quietas por lá. Tipo... há pelo menos 50 milhões de anos!
E como sabemos disso? Bem, a humanidade já enviou inúmeras sondas e exploradores espaciais a Marte e hoje sabemos mais sobre o planeta do que sobre as profundezas dos oceanos da própria Terra! O conhecimento que acumulamos sobre o nosso vizinho, no entanto, não impediu que surgisse um debate entre cientistas e teóricos da conspiração sobre a suposta identificação de uma erupção vulcânica no Planeta Vermelho.
Aparentemente, o vulcão (zumbi?) que teria entrado em atividade é conhecido como Arsia Mons, que fica situado próximo ao equador marciano, e a discussão surgiu a partir de uma imagem capturada por uma sonda da Agência Espacial Europeia entre os dias 5 de setembro e 20 de outubro deste ano e que parece mostrar cinzas sendo ejetadas pela montanha.
Esta é uma das imagens que deram origem ao falatório (Flickr/ESA)
As imagens realmente mostram algum tipo de atividade acontecendo nas imediações do tal vulcão, e um dispositivo da NASA que se encontra em órbita em Marte também registrou algo diferente sobre a montanha. Mas nenhuma das agências deve ter achado que o que quer que fosse que os equipamentos detectaram era extraordinário (como o planeta voltar a apresentar vulcanismo de uma hora para a outra!).
Afinal, não rolaram anúncios nem coletivas bombásticas, e as imagens foram divulgadas como se não fossem nada de mais. Porém, é óbvio que a turminha que a-d-o-r-a uma bela teoria da conspiração encontrou as fotos, começou a espalhar o papo da erupção marciana e, de quebra, acusou as agências espaciais, as instituições científicas, os governos e todo mundo, de tentar esconder a verdade.
Esse pessoal está dizendo que uma prova de que está rolando algo quente em Marte — tu-dum-tsss — que vem sendo encoberto pelos órgãos oficiais é que alguns observatórios espaciais foram fechados recentemente, incluindo um situado no Novo México.
E o que tudo isso tem a ver com esconder uma suposta erupção vulcânica no Planeta Vermelho? Nada, né? E mais: se estivesse rolando mesmo alguma atividade desse tipo em Marte, por que isso seria mantido em segredo? O fato é que os teóricos da conspiração não confiam nas agências espaciais, nem nos cientistas mancomunados com elas, então, qualquer motivo é motivo.
Esse é o Arsia Mons (Wikimedia Commons/NASA)
Bem, diante do falatório, a NASA veio a público para esclarecer o que é que foi capturado nas imagens, e explicou que, em vez de cinzas vulcânicas ou fumaça, o que as sondas registraram foram partículas de gelo que se condensam sobre o topo do Arsia Mons formando “nuvens” — fenômeno que, por sinal, pode durar semanas a fio e que ocorre todos os anos na mesma época.
Essas formações ocorrem devido à grande altitude da montanha — o Arsia Mons tem 16 km de altura e 435 km de diâmetro — e à quantidade de vapor de água na (pouco densa) atmosfera marciana, e daí se formam as tais nuvens. Inclusive existem registros dessas formações capturados em anos anteriores e até estudos científicos sobre o fenômeno. Um foi publicado em 2005, outro em 2015, e o mais recente, em 2017, mas, isso importa para os teóricos da conspiração? Provavelmente, não.
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