Ciência
22/03/2019 às 07:00•2 min de leitura
Nas primeiras horas do dia 30 de setembro de 1888, o corpo da prostituta Catherine Eddowes foi achado nas ruas sujas da Praça de Mitre, em Londres. Assim, ela entrou para a lista de vítimas de um assassino em série que ficou popularmente conhecido como Jack, o Estripador.
Novas testes de DNA apontam que o autor desse crime é mesmo um homem sobre o qual as suspeitas já recaem há muito tempo: Aaron Kosminski, um barbeiro polonês que foi um dos principais suspeitos da polícia local na época em que Jack, o Estripador, esteve na ativa.
De acordo com um artigo publicado na revista científica Journal of Forensic Sciences, pesquisadores da Liverpool John Moores University analisaram a única evidência remanescente do crime – um xale manchado de sêmen – e acreditam que o assassino de Eddowes possa mesmo ter sido Kosminski.
Para dar mais credibilidade ao teste, os cientistas coletaram informações genéticas de descendentes de Eddowes e Kosminski. O atual dono do xale e as pessoas que manusearam o item também forneceram material para não “atrapalharem” a investigação.
Os estudiosos conseguiram combinar as sequências de um dos descendentes de Kosminski e o DNA mitocondrial encontrado na mancha de sêmen do xale. Com base nesses dados, eles sugeriram que o suspeito tinha olhos e cabelos escuros, o que coincide com as descrições físicas do barbeiro.
Melville Macnaghten, que foi comissário da polícia local entre 1903 e 1913, escreveu certa vez sobre Kosminski: “Ele tinha um grande ódio por mulheres, especialmente prostitutas, e uma forte tendência homicida. Acabou sendo internado em um hospício em março de 1889”.
(Reprodução/Chronicle/Alamy Stock Photo)
Embora o estudo conduzido pelos pesquisadores da Liverpool John Moores University possa ser considerado um dos mais avançados sobre o caso de Jack, o Estripador, dificilmente ele será capaz de convencer todos os estudiosos que se dedicam a desvendar a identidade do mais famoso entre os serial killers.
Uma falha digna de nota do artigo publicado é que ele não detalha quais são as ligações entre os DNAs do descendente de Kosminski e da mancha de sêmen no xale. Inclusive, esse é um detalhe que dificilmente passaria despercebido por um cientista forense experiente.
Outro aspecto importante é que não é possível identificar um criminoso apenas com a ajuda do DNA mitocondrial. Normalmente, os investigadores usam esse tipo de recurso apenas para excluir suspeitos. Então, o nome de Kosminski não pode ser cortado da lista, mas vários outros provavelmente também não podem.
Essa não é a primeira vez que estudiosos tentam usar DNA para descobrir a identidade de Jack, o Estripador. A autora Patricia Cornwell afirma que Walter Sickert, um pintor, é o assassino por conta de informações genéticas que foram encontradas em cartas.
Por sua vez, o professor Ian Findlay analisou as informações genéticas do selo de uma carta que teria sido escrita por Jack, o Estripador e divulgou a possibilidade que o serial killer poderia ter pertencido ao sexo feminino. Entretanto, muitos desses documentos são falsificados.