Artes/cultura
05/03/2020 às 14:01•5 min de leitura
Em 29 de dezembro de 1980, algo veio de encontro a Betty Cash (52), Vickie Landrum (57) e seu neto Colby Landrum (7). Eles estavam em um trecho da isolada rodovia estadual FM 1485/2100, na cidadezinha de Dayton, interior de Houston (Texas).
Por volta das 21h, os 3 voltavam para o sul no carro guiado por Cash, depois de terem jantado fora. A estrada, de apenas 2 faixas, ficava mais escura à noite, pois a iluminação ineficiente dos postes não era párea à altura das árvores que margeavam a pista. Por isso, quando algumas luzes fortes sobrevoaram o topo das árvores, não foi muito difícil atrair a atenção dos viajantes. A princípio, as mulheres não deram muita importância, pois imaginaram que se tratava apenas de um avião voando baixo para poder aterrissar em um aeroporto a cerca de 55 km dali.
Contudo, aquele foi o primeiro sinal de que a vida delas e do pequeno menino estava prestes a mudar para sempre e se enquadrar em um dos maiores casos ufológicos da História, porém, com controvérsias e mistérios.
Betty Cash seguiu guiando o seu carro pela estrada, mesmo estranhando aquelas luzes todas e a proximidade delas. Era quase como se estivessem diretamente sobre eles, invadindo o automóvel e os cegando com a sua intensidade. Betty reduziu a velocidade, mas continuou seguindo enquanto forçava a vista para enxergar através da luminosidade. Ambas logo notaram que a fonte vinha de um objeto grande, parecido com um avião ou uma nave, e lembrava uma espécie de balão, mas em formato de diamante. O objeto pairava a copa dos arvoredos e lançava chamas de sua base. À medida que o carro permanecia rodando pela estrada, o calor aumentava drasticamente e, por isso, Vickie pediu à amiga que parassem, pois temia que todos fossem queimados dentro carro caso a alta temperatura persistisse.
Para essa mulher, o objeto era tão impressionante, diferente e brilhoso que, em sua cabeça, só podia significar a segunda vinda de Jesus Cristo para a Terra. Ela ficou fascinada, embora assustada. “Deve ser Jesus, e eu sei que Ele não vai nos machucar”, ela lembra ter dito à colega naquela hora. Cash, no entanto, estava apavorada e nervosa, por isso considerou dar a volta com o carro e partir; porém, a estrada era luz para todos os lados e ela temia causar algum tipo de acidente.
Sem muito saber o que fazer, as mulheres decidiram sair do automóvel para examinar aquilo mais de perto, enquanto Colby permaneceu no carro, em pânico. Era bizarro demais para a cabeça de Betty, ela sentia aquilo como se fosse o fim do mundo. Incapaz de resistir ao calor, ela voltou para dentro do carro tendo que usar uma blusa para conseguir tocar no veículo e abrir a porta, pois tudo ardia com a alta temperatura. Vickie alegou que, ao tocar o painel, sentiu o vinil amolecido a ponto de deixar uma marca profunda de seus dedos.
Instantes depois, o objeto não identificado começou a subir sem parar até que, de acordo com o relato delas, foi cercado por vários helicópteros do exército norte-americano. Eram cerca de 23 deles, do modelo Boing CH-47 Chinook. Elas acompanharam as naves se afastarem do rastro do objeto grande até as perderem de vista. O encontro todo durou cerca de 20 minutos.
Depois disso, embora ainda muito desnorteada com o que testemunhou, Betty Cash conseguiu unir forças para voltar a dirigir e levá-los de volta para a casa.
Naquela noite, as 3 vítimas da aparição sofreram náuseas, vômitos, febre alta, diarreia, fraqueza generalizada, sensação de queimação nos olhos e ardência por toda a pele, como se estivessem se exposto ao Sol. No caso da motorista, porém, os sintomas estenderam-se por mais dias do que os demais e ainda pioraram, surgindo bolhas grandes e dolorosas em todo o seu corpo.
Em 3 de janeiro de 1981, Betty foi hospitalizada, pois era incapaz de andar de tanta dor e fraqueza que sentia. Ela também havia desenvolvido manchas grotescas pela pele, sendo acometida por uma grande perda de cabelo que resultou buracos enormes em sua cabeça. Ela foi tratada durante 12 dias corridos e liberada assim que demonstrou uma rápida melhora. Poucos dias depois, a mulher tornou a passar muito mal por conta dos mesmos sintomas e teve de ser internada por mais 15 dias. A enferma foi forçada a fechar o seu negócio por não ser mais capaz de administrá-lo.
A partir disso, os médicos começaram a se aprofundar em exames, e o laudo de um radiologista concluiu que os 3 indivíduos foram expostos a um tipo secundário de radiação ionizante e a algum componente infravermelho. Naquele momento, Cash foi submetida a um tratamento contra um câncer raro que surgiu em seu organismo, possivelmente em decorrência dos altos níveis de exposição a essa radiação.
Entretanto, alguns médicos contestaram o diagnóstico feito das vítimas, pois com uma quantidade de radiação massiva o suficiente para evocar reações tão imediatas, provavelmente a morte em bem menos do que 7 dias era certa. Porém, lá estavam eles: em pé e bem, apesar de tudo. Por isso, chegaram à conclusão de que os 3, na verdade, foram expostos a algum tipo de contaminação química em larga escala, embora as controvérsias permanecessem em relação a essa possibilidade.
Assim que Vickie entrou em contato com o Centro Nacional de Relatórios de OVNIs, o caso começou a repercutir na mídia, e os rostos de Betty Cash e Vickie Landrum estamparam manchetes de jornais, bem como apareceram em vários noticiários. Sempre, nas entrevistas , uma das duas dizia considerar o caso uma experiência com a presença de OVNI. Segundo os especialistas em Ufologia que rapidamente se envolveram na história, as mulheres e o garotinho foram vítimas de um "contato imediato de segundo grau", quando há presença de calor e radiação mediante visualização de objetos voadores não identificáveis.
Uma porção de mídia e público descrentes alegaram que isso não passava de um delírio de pessoas que, mais uma vez, queriam ter um minutinho de fama com o "requentado" assunto de fenômenos extraterrestres.
No entanto, os investigadores que passaram a estudar o caso, começaram levantar informações sobre o fatídico 29 de dezembro de 1980. O primeiro indício a vir à tona foi a documentação que um policial chamado Lamar Walker arquivou naquela noite após reportar ter visto 12 helicópteros militares do mesmo modelo indicado por Cash e Landrum em um voo ordenado, em direção ao local onde ficava a isolada rodovia em Dayton. Contudo, o homem disse não ter avistado nenhuma nave, como indicado pelas mulheres.
Só depois que Betty Cash registrou uma queixa na Base da Força Aérea de Bergstrom foi que o Exército se pronunciou a respeito do caso e das acusações, afirmando jamais ter algum envolvimento com o caso. Eles deixaram claro o quanto era improvável os instrumentos de torre do Aeroporto Intercontinental de Houston não detectarem a ocorrência de um evento de mobilização para infiltrar o espaço aéreo naquela proporção.
Em 1982, George Sarran, do Departamento do Inspetor-Geral do Exército dos EUA, conduziu a tarefa de investigar as aeronaves que foram acusadas de estarem envolvidas no incidente. Os seus relatórios foram completos, e a conclusão foi de não ter encontrado nenhuma indicação que apoiassem as alegações a respeito dos helicópteros.
Para os demais espectadores do caso, a teoria de que, no final das contas, não mais se tratava de um OVNI, mas de uma nova arma ou nave governamental que não havia sido divulgada e estava em fase de testes. E, vendo o que aconteceu, as autoridades decidiram abafar tudo e não se pronunciarem mais.
Cash e Landrum decidiram processar o Governo dos Estados Unidos em US$ 20 milhões devido aos danos causados à saúde delas. Defendidas pelo advogado Peter Gersten, famoso por tentar expor casos de UFO e de documentos governamentais, o homem focou mais em pedir investigações de outros casos de OVINIs do que no problema das mulheres.
Em 21 de agosto de 1986, o juiz Ross Sterling negou o pedido, pois observou que Betty e Vickie não tinham como provar a presença dos helicópteros nem a associação do Governo ao acontecimento. Sterling negou qualquer acesso, até mesmo o judicial, aos relatórios expedidos pelas Forças Armadas daquela noite.
A perícia também não encontrou nenhum grau de radioatividade no local do incidente, tampouco no carro no qual as 3 pessoas estavam. Entretanto, pesquisadores do campo da Ufologia contestaram isso apontando que a radiação ionizante de alta energia não induz radioatividade em objetos ou deixa vestígio residual. Por fim, para desmanchar ainda mais essa teoria, o médico que atestou Betty com índice de radiação no corpo voltou atrás em seu diagnóstico e decretou que a queda de cabelo dela poderia ter sido atribuída à alopecia, e os outros sintomas a uma "doença fantasma" iniciada antes do suposto incidente.
Aparentemente, nunca foi a intenção das mulheres vencer o caso ou chegar perto disso, mas seja lá qual tenha sido o motivo, nunca divulgaram. Betty viveu o suficiente para se tornar uma ativista contra o acobertamento de informações do Governo e morreu em 29 de dezembro de 1998, aos 71 anos. Enquanto Vickie faleceu em 12 de setembro de 2007. O seu neto Colby Landrum está vivo até hoje, estéril e sofrendo dos mesmos problemas de saúde iniciados na noite do incidente.
Uma série de argumentos sustentam o caso, outros o desabam em alguns aspectos, assim deixando para quem se aprofunda nele decidir: o que de fato aconteceu com a Cash e os Landrum naquela noite, há 40 anos? Foi uma invenção deles ou parte de mais uma estratégia oculta?