Michael Taylor: o homem 'possuído' por 40 demônios

19/06/2020 às 14:004 min de leitura

No dia 1º de julho 1976, a jovem Anneliese Michel morreu em sua casa em um estado profundo de desnutrição após quase 2 anos sendo submetida a sessões diárias de exorcismo. O caso chegou até aos tribunais com a os pais, o bispo Ernst Alta e o padre Arnold Renz acusados de homicídio. A história não só serviu de base para o filme O Exorcismo de Emily Rose como alavancou discussões sobre pessoas possuídas por entidades demoníacas.

Naquele mesmo período nos Estados Unidos, 6 mulheres eram assassinadas de maneira brutal pelo serial killer David Berkowitz. Em uma de suas cartas, o homem se intitulava "Filho de Sam" e apontava que as mortes eram encomendas de um demônio que falava com ele pelo cachorro de um antigo vizinho. O assassino alegou em juízo que cometeu os crimes sob possessão demoníaca e a sua fala ganhou o mundo por conta disso. Coincidentemente, também na mesma época, algo parecido aconteceu na cidade de Osset, na Inglaterra.

O que acontece com Michael?

(Fonte: Amino/Reprodução)(Fonte: Amino/Reprodução)

Localizada próximo a Wakefield, Osset é a típica cidadezinha inglesa onde nada nunca acontece. Em 1974, o açougueiro Michael Taylor, a sua esposa, Christine, os 5 filhos e o cachorro eram o estereótipo da família feliz e amável.

As pessoas descreviam Michael, em específico, como um homem educado com todos, um pai e marido dedicado. Não havia nada de errado com ele, fora alguns episódios de depressão por conta de uma grave lesão nas costas que o impossibilitava de se manter em um emprego por muito tempo.

Por conta disso, uma amiga de Michael, Barbara Warden, convidou-o a se juntar a um grupo da igreja local chamado Christian Fellowship Group, que era liderado pela pastora Marie Robinson. Naquele tempo, a cidade tinha uma população muito religiosa, sendo que a maioria frequentava regularmente os cultos de domingo. A família Taylor era uma das poucas que não se mostrava tão devota, portanto foi algo inesperado vê-los durante os serviços.

No entanto, esperando se curar daquele mal que afirmava existir dentro dele devido ao problema, o homem rapidamente se interessou pelo grupo e passou a marcar presença diária nas reuniões. 

Logo começou a ficar claro de que Michael passava uma quantidade de tempo excessivo com a pastora, a ponto de fazê-lo largar o próprio emprego para se dedicar à congregação. Durante os cultos, Robinson usava o “poder de Deus” que lhe foi conferido para exorcizar o mal de Michael. Quando isso pareceu insuficiente, logo o homem se envolveu em rituais particulares em que consistia ficar acordado a noite toda fazendo o sinal da cruz para a pastora.

Algo ruim

(Fonte: Where is the Line/Reprodução)(Fonte: Where is the Line/Reprodução)

Não demorou para ficar claro às pessoas, inclusive a sua esposa, que Michael estava se apaixonando pela jovem Robinson. O homem já não passava mais tempo em casa, maltratava os filhos e as práticas bizarras havia afetado o seu comportamento. Ele se tornara muito agressivo e ansioso com todos que cruzavam o seu caminho. Cansada disso, Christine confrontou Robinson na frente de uma igreja cheia durante um serviço de domingo.

Isso foi o suficiente para fazer Michael estourar, não com a esposa, mas com a pastora. Ele relatou mais tarde que sentiu uma “influência maligna lançar uma sombra sobre ele” que o fez despejar a sua fúria em Robinson, atacando-a verbalmente. Após esse episódio, a sanidade mental do homem piorou de maneira tão preocupante que um vigário local chegou à polêmica conclusão de que Michael poderia estar sob a influência de uma entidade demoníaca.

No dia 5 de outubro de 1974, o padre Peter Vincent e o reverendo Raymond Smith se reuniram na igreja St. Thames, em Barnsley, para a realização do exorcismo de Taylor, que aceitou resignadamente ser submetido à prática. 

Durante 8 horas, ele teve crucifixos enfiados em sua boca e foi banhado em água benta sob orações. O homem apresentou convulsões, cuspiu, mordeu e proferiu palavrões. Os padres alegaram que havia 40 demônios habitando o corpo de Michel, representando características relacionadas a incesto, blasfêmia, lascívia, heresia, masoquismo e dependência sexual.

Às 8h, os padres, exaustos, decidiram interromper o ritual para descansar. Segundo eles, as entidades que manifestavam a insanidade, a raiva e o instinto assassino não tinham sido exorcizadas do homem. Apesar disso, os padres pediram a Michael e Christine que voltassem para casa e descansassem para a última etapa do ritual no dia seguinte (estranhamente alheios ao perigo que o homem oferecia para si mesmo e toda a família).

Ensanguentado Michael

(Fonte: Agp Stories/Reprodução)       (Fonte: Agp Stories/Reprodução)       

Às 9h45 do dia 7 de outubro de 1974, o policial Ian Walker encontrou Michael Taylor perambulando nu e banhado de sangue pelas ruas de Osset. Perturbado, o homem só repetia “é o sangue de Satanás”. Mais tarde, foi confirmado o que havia acontecido.

Em um ataque maníaco e hediondo, Michael estrangulou Christine até a morte, depois arrancou os olhos, a língua e rasgou todo o rosto dela com as próprias mãos, deixando-a irreconhecível. A casa parecia um matadouro com a quantidade de sangue presente no local. O massacre se estendeu ao cachorro da família que foi escalpelado e teve as patas e o crânio removidos do corpo.

Julgado em março de 1975, Michael Taylor foi declarado insano pela promotoria e defesa, ambas alegando que o exorcismo em si havia afetado ainda mais a mente doente do homem. Ele foi condenado a 4 anos de detenção no hospital penitenciário Broadmoor Hospital, onde tentou por quatro vezes se suicidar.

A repercussão mundial do caso colocou em pauta o rigor de sentenças para pessoas que cometem crimes tão graves motivados por problemas psiquiátricos. Quatro anos seria o suficiente para reintegrá-las à sociedade? 

A história promoveu um debate de entidades eclesiásticas sobre o papel da religiosidade dentro da Psicologia. Para os demonólogos mais famosos de todos os tempos, Ed e Lorraine Warren, a saúde mental de um indivíduo é mais determinante na motivação de um crime do que algo de ordem estritamente espiritual.

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