Judith Barsi: a exploração que destruiu a atriz mirim

22/07/2020 às 14:003 min de leitura

Na década de 1920, Hollywood já era famosa por explorar estrelas mirins e tratá-las como se fossem mercadoria. Shirley Temple, por exemplo, além de sofrer com o abuso infantil de uma indústria inteira, tornou-se o retrato da ambição de seus pais.

O mundo da fama tem um histórico perturbador de pequenos atores e atrizes que foram sugados pelas adversidades que a cobrança e o reconhecimento trazem. Ao longo desse processo, conforme foram crescendo, alguns sucumbiram à depressão, ao abuso de álcool e drogas ou aos dois; outros, como Judith Barsi, renderam-se à ganância assassina de uma das pessoas que deveriam protegê-las: o próprio pai.

Uma vida idealizada

(Fonte: Alchetron/Reprodução)
(Fonte: Alchetron/Reprodução)

Filha dos imigrantes húngaros József Barsi e Maria Virovcz, Judith Eva Barsi nasceu em 6 de junho de 1978 em Los Angeles. Com uma beleza considerada "ideal" para os padrões da época e uma inteligência além do normal, a garota passou a ser preparada para seguir a carreira de atriz antes mesmo de começar a frequentar o jardim de infância.

A ideia partiu da mãe, que iniciou a alfabetização da filha com textos que ensaiava com ela. Aprendendo cada vez mais rápido, Judith foi submetida a diversos testes para filmes e publicidade, sendo aprovada para atuar em comerciais da rede McDonald's.

Em 1984, enquanto se divertia em uma pista infantil de patinação no gelo, a menina foi descoberta pela equipe de filmagem da minissérie Fatal Vision, que estava em processo de pré-produção. Ela foi escalada, fez o teste e ganhou o papel da personagem Kimberly MacDonald.

Sem escolha, aos 5 anos de idade, o futuro inteiro de Judith Barsi já parecia traçado.

A estrela cadente

(Fonte: Pinterest/Reprodução)
(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Com a primeira aparição em rede nacional, a subida de Judith foi astronômica em produções campeãs de audiência e bilheteria. Tendo feito mais de 70 comerciais e participações especiais em diversos seriados, quando estava na 4ª série ela já tinha um contrato de US$ 100 mil por ano. Com isso, a família comprou uma mansão de três quartos em West Hills, Los Angeles, para refletir o status de celebridade da filha.

Em 1987, a garotinha se tornou o rosto encantador da personagem Thea Brody no polêmico filme Tubarão: A Vingança, que foi a produção responsável por lançá-la para a estratosfera da indústria cinematográfica. Ela deu voz a Patassaura na famosa animação Em Busca do Vale Encantado e participou de Punky, A Levada da Breca e Twilight Zone.

(Fonte: The Sun/Reprodução)
(Fonte: The Sun/Reprodução)

Aos 10 anos, Judith era uma das atrizes mirins mais bem pagas da época, mas a puberdade começou a dificultar as coisas na carreira. Baixa demais para a idade, com 1,12 metro, ela foi submetida pelos pais a um tratamento hormonal e semanalmente recebia injeções para incentivar o crescimento, pois os papéis para o seu tipo físico não acompanhavam mais a sua idade.

Pequena e quebrada

A família Barsi (Fonte: Monet-Globo/Reprodução)
A família Barsi. (Fonte: Monet-Globo/Reprodução)

O desenvolvimento acelerado que o tratamento agressivo causou em Judith resultou em dores crônicas e problemas de saúde, porém não era nada em comparação com o terror psicológico e a opressão que há anos ela sofria dentro de casa. O problema eram o descontrole e a agressividade do pai, József Barsi. De acordo com um parente, quando a menina se preparava para as gravações de Tubarão, nas Bahamas, o pai puxou uma faca e a ameaçou: "Se você decidir não voltar, eu vou cortar a sua garganta".

Maria Barsi já havia ido à polícia para denunciar violência doméstica, abuso verbal e ameaças de morte por parte do marido. Diversas pessoas próximas à família relataram que József falou sobre matar a esposa ou a filha, para que uma delas sofresse a perda da outra. Ninguém levou a sério, apesar de o comportamento do homem ser doentio. Um vizinho declarou ao jornal LA Times que se lembrava de ouvir Maria contar uma história sobre Judith ter ganhado uma pipa que foi quebrada pelo pai em milhares de pedaços quando ela foi brincar.

(Fonte: Fandom/Reprodução)
(Fonte: Fandom/Reprodução)

Judith comentava que tinha medo de ir para casa, pois sabia que apanharia muito do pai, além de sentir que ele mataria a mãe a qualquer momento. A angústia de ter que estar com o pai à mercê de que algo de ruim acontecesse fez a garota desenvolver um quadro de tricotilomania, um distúrbio caracterizado por arrancar os cabelos ou pelos ou do corpo.

Em maio de 1988, Judith teve um colapso nervoso em frente à sua agente Ruth Hansen. Em contato com uma psicopedagoga, os diversos abusos físicos e emocionais foram descobertos e informados ao serviço de proteção à criança. O início de uma extensa investigação social foi também o fim da garota.

Um homem em fúria

(Fonte: The Sun/Reprodução)
(Fonte: The Sun/Reprodução)

Em maio de 1988, Maria deu entrada no processo de divórcio e abriu uma ação na Assistência Social de Los Angeles. Cerca de 1 mês depois, ela pediu para encerrar o caso e as investigações, provavelmente temendo a própria morte. A mãe teve o pedido atendido, ainda que a cliente fosse a filha, e não ela.

Contudo, após revisar o caso, uma assistente social, desconfiada, pediu que a polícia fosse até a casa da família Barsi em 27 de julho de 1988. Maria e Judith Barsi foram encontradas mortas com um tiro na cabeça. A investigação concluiu que elas foram assassinadas na segunda ou terça-feira daquela semana enquanto dormiam. József jogou gasolina nos corpos, mas não ateou fogo.

Certa vez, o ex-encanador, que se envergonhava de seu sotaque e valorizava tanto a família a ponto de espancá-la e assassiná-la, disse ao cunhado: "Se a vida da família se foi, então não vale a pena estar vivo". Por isso, na manhã do dia 27, antes de a polícia encontrar a atriz e a mãe mortas, József Barsi cumpriu a própria palavra e se suicidou na garagem da casa.

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