Ciência
15/12/2020 às 09:00•2 min de leitura
Durante os anos finais da década de 60, o norte da Califórnia, nos Estados Unidos, sofreu com o misterioso Assassino do Zodíaco, responsável pela morte de pelo menos cinco pessoas e tentativa de assassinato de outras duas.
Durante este período, o criminoso enviou uma série de cartas para a mídia assumindo o crédito pelos atos cruéis, além dois criptogramas em agosto e novembro de 1969 que supostamente revelariam sua identidade. Além disso, ele exigiu que os documentos fossem publicados integralmente, ameaçando matar mais pessoas caso o comando fosse ignorado.
Uma semana após a primeira mensagem codificada ser enviada, um casal conseguiu decifrá-la, e o texto revelava que o malfeitor acreditava estar coletando escravos para sua vida após a morte, e que não revelaria mais seu nome porque isso atrapalharia seus planos.
Porém, o segundo texto, recebido pelo The San Francisco Chronicle provou-se mais complexo, ficando conhecido como Cifra 340 – por sua quantidade de caracteres – e só foi desvendado semanada passada, 51 anos depois, por uma equipe internacional de criptógrafos amadores.
“A cifra permaneceu não resolvida por tanto tempo e eu senti que era um desafio que tinha uma chance de ser resolvido. Foi um projeto empolgante de se trabalhar e estava nas listas das ‘principais cifras não resolvidas de todos os tempos’ de muitas pessoas”, explicou David Oranchak, um dos três homens que decifraram o enigma, através de um e-mail.
A tradução do criptograma descodificado dizia o seguinte: “Espero que vocês estejam se divertindo muito tentando me pegar. Não era eu no programa de TV, o que levanta um ponto sobre mim: eu não tenho medo da câmara de gás. Ela me mandará para o Paraíso mais rápido, e eu já tenho escravos o suficiente para trabalhar por mim, enquanto as outras pessoas não terão nada chegando ao Paraíso, por isso elas temem a morte. Eu não tenho medo porque sei que a minha nova vida será fácil no Paraíso da morte”.
Aparentemente, a menção ao show se refere a uma ligação que havia sido feita a um programa de entrevistas na KGO-TV em outubro de 69, quando um indivíduo afirmando ser o assassino em série disse precisar de ajuda por estar doente e que não queria ir para a câmara de gás.
Além disso, a palavra “paraíso” em inglês apresentou o mesmo erro de ortografia de comunicações anteriores, e ele também citou mais uma vez a coleta de escravos e a vida após a morte.
Oranchak explicou que a Z-340 difere das utilizadas atualmente, que dependem de matemática para embaralhá-las, sendo chamada de uma cifra de transposição, na qual é preciso utilizar uma regra para reorganizar os símbolos do texto.
David, que é um desenvolvedor de software, trabalha neste mistério desde 2006, e foi com o auxílio de Sam Blake, um matemático australiano, e do belga Jarl Van Eycke, que ele conseguiu criar um aplicativo para desvendar este quebra-cabeça.
Em um comunicado realizado na sexta-feira passada (11), o FBI confirmou que a mensagem foi decifrada corretamente, afirmando também que a investigação continua em andamento e mesmo que décadas tenham se passado, o departamento ainda busca justiça para as vítimas do serial killer. Além disso, explicaram que comentários adicionais não poderiam ser fornecidos pela “natureza contínua da investigação”.