Ciência
11/08/2023 às 03:00•2 min de leitura
Se no Brasil “comer mosca” é uma expressão comum, embora de sentido figurado, nos Estados Unidos “comer aranha” é uma crença popular que atemoriza muita gente. De acordo com a folclórica tese, cada ser humano ingere pelo menos oito aranhas por ano enquanto dorme.
Não é raro alguém enviar uma mensagem dizendo ter recuperado "uma perninha de aranha na boca", afirma à revista Scientific American o curador de aracnídeos do Museu Burke de História Natural e Cultura em Seattle, Rod Crawford. Para o especialista, embora seja possível que uma pessoa engula uma aranha durante o sono, isso “seria um evento estritamente aleatório”, afirma.
Estima-se que três ou quatro espécies de aranhas vivem na maioria das casas nos Estados Unidos, mas observações mostram que a maioria se limita a simplesmente cuidar da própria vida, de preferência em áreas não infestadas por seres humanos. Elas jamais iriam querer subir em uma cama, a menos que houvesse percevejos lá, o que, vamos combinar, é bem mais fácil de engolir, mas não menos nojento.
(Fonte: GettyImages)
De acordo com o professor Bill Shear, ex-presidente da Sociedade Americana de Aracnologia, “as aranhas nos olham da mesma forma que olham para uma grande rocha. Somos tão grandes que parecemos apenas parte da paisagem”, explica à Scientific American. Nessa perspectiva, humanos adormecidos parecerão aterrorizantes para qualquer aranha.
Imagine a cena: um ser humano gigantesco dormindo, com o coração batendo e com um ronco assustador até para a pessoa que dorme do lado. Todas essas vibrações perturbam os órgãos receptores localizados nas pernas das aranhas, que detectam movimentos das suas presas e possíveis predadores nas proximidades, o tal "sentido aranha".
(Fonte: GettyImages)
Se, do lado das aranhas, parecemos aterrorizantes, imagine acordar durante a noite com oito pernas peludas passeando sobre o seu rosto. Além disso, é bom lembrar que nossos corpos possuem mecanismos naturais de defesa que bloqueiam a entrada de objetos estranhos em nossas vias aéreas. Mesmo quando dormimos, a epiglote se fecha para impedir que alimentos entrem em nossos pulmões.
Essa lenda urbana possivelmente se originou em artigo de uma revista no ano de 1993 que já previa a tendência de as pessoas aceitarem como reais as informações lidas on-line. Na reportagem, que já antecipava as fake news, o autor citou essa estatística bizarra apenas para exemplificar o seu ponto de vista, mas somente o número de aranhas engolidas durante o sono viralizou.
Pessoas que residem principalmente em casas devem se acostumar com as aranhas, pois elas preferem tecer suas teias em locais tranquilos e evitar a convivência com humanos, habitando sótãos e porões. Os entomologistas até recomendam que você deve deixar as aranhas em paz, pois elas comem várias pragas menores, essas sim bem ameaçadoras.