Ciência
17/08/2023 às 13:00•2 min de leitura
A fantasia macabra mostrada no filme A morte te dá parabéns, de 2017, no qual uma mulher morre repetidamente no dia do seu aniversário, pode estar mais perto da realidade do que se imagina. Esse é o chamado “efeito aniversário”, uma evidência estatística que indica uma probabilidade maior de uma pessoa morrer no dia do seu aniversário do que nos demais dias do ano.
Como exemplo, são citadas algumas celebridades que morreram no mesmo dia e mês que nasceram, como o dramaturgo inglês William Shakespeare, a escritora e ativista Betty Friedan que escreveu A mística feminina (obra fundamental para o feminismo moderno), a atriz de Casablanca, Ingrid Bergman, e o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, um dos fundadores de São Paulo.
Um estudo feito em 2012 por pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, que buscava provar o contrário disso — a teoria do "adiamento da morte" para depois da data do aniversário —, acabou concluindo que as chances de alguém "bater as botas" aumentam em até 14% no dia do seu aniversário.
(Fonte: GettyImages)
Quando os médicos suíços iniciaram sua pesquisa sobre a relação entre o dia da morte e o dia do nascimento, eles trabalhavam com duas hipóteses: o "adiamento da morte", no qual um indivíduo doente tentava se manter vivo para comemorar mais um ano de vida, e a "reação de aniversário" em que pessoas morrem por suicídio ou por excessos cometidos na comemoração.
Depois de analisar "dados extraídos dos registros computadorizados das estatísticas suíças de mortalidade" de quase 2,4 milhões de cidadãos com 1 ano de idade ou mais, falecidos de 1969 a 2008, os pesquisadores descobriram um aumento de 13,8% no potencial de morte na data do aniversário. Esse percentual sobe para 18% no caso de pessoas com 60 anos ou mais.
Apesar de trabalharem com a hipótese de suicídio na data da comemoração, os registros mostraram que a principal causa foram doenças vasculares e cerebrovasculares de longa duração (mais em mulheres do que em homens), mas também por acidentes, como quedas no dia do aniversário (possibilidade 44% maior em homens).
(Fonte: GettyImages)
Depois que as amostras de morte por câncer e por suicídio no dia do aniversário se mostraram muito limitadas, uma teoria levantada para justificar o aumento de mortes foi de que as pessoas experimentam mais atividades físicas durantes as comemorações, como dança, sexo ou muita agitação. Afinal, estressar um sistema cardiovascular comprometido pode acelerar um evento cardíaco.
Outra presença inevitável na maioria das festas, o álcool pode ser responsável por quedas, além de outros tipos de acidentes.
Seja o que for, a conclusão final é que, embora não evoquem mecanismos de adiamento, os aniversários "parecem terminar de forma letal com mais frequência do que o esperado". Na dúvida, guarde as velas.