Mistério: o que são os minicaixões de Edimburgo?

23/09/2014 às 06:273 min de leitura

Em 1836, durante uma caça a coelhos em Arthur’s Seat (Edimburgo, Escócia), um grupo de meninos se deparou com algo bastante insólito: 17 minúsculos caixões. Com 10 centímetros de comprimento e 2,5 centímetros de largura, cada um trazia um “boneco” vestido em trajes com condições variadas de conservação. Atualmente, apenas oito dessas figuras permaneceram inteiras, embora o mistério permaneça: o que elas representam?

Há, de fato, várias teorias sobre o porquê do curioso enterro. Fala-se, por exemplo, de marujos com “mandingas” para tentar ludibriar uma possível morte no mar — e há também quem encare como algum tipo de bruxaria, cujo significado teria se perdido na história. Entretanto, uma das hipóteses mais respaldadas relaciona as pequenas figuras aos assassinatos de 17 pessoas

Conta-se que as pequenas figuras desencavadas pelos garotos estavam dispostas três camadas, sendo as duas primeiras com oito em cada e uma única figura solitária sobre todas as demais. E o mais curioso: as figuras de baixo, obviamente mais arruinadas do que as demais, haviam sido enterradas primeiro — de maneira que as investigações tiveram início pela data do “sepultamento” dos pequenos bonecos... O que já envolveu sua boa dose de controvérsias.

1790 ou 1812?

Um exame mais atento das roupas que vestem os bonecos remanescentes mostrou que o padrão utilizado para os tecidos de algodão não era encontrado antes de 1812 — de forma que parecia pouco provável que o curioso enterro houvesse ocorrido antes disso. Não obstante, as condições das figuras entalhadas indicava que elas estavam em suas tumbas há pelo menos 20 anos na ocasião — o que colocaria o ano de 1790 também em jogo.

De fato, a hipótese mais aceita é a de que algumas figuras foram acrescentadas bem mais tarde. Infelizmente, a destruição de mais da metade das figuras impossibilitou a definição de datas mais precisas. Na verdade, mesmo a possibilidade de enterros em datas diferentes foi considerada impossível de provar de forma unívoca.

Caixões e figuras entalhadas

A análise dos caixões revelou se tratar do trabalho de pelo menos duas pessoas — uma dedicada à caixinha e outra aos entalhes. E mais: ao que parece, os “caixões” foram totalmente improvisados. Isso porque as dimensões obviamente não foram planejadas para os pequenos bonecos. Prova disso é que alguns deles tiveram peças retiradas ou quebradas para que coubessem na pequena caixa de madeira.

De fato, nem mesmo as próprias figuras parecem ter sido planejadas para o curioso sepultamento. Conforme revela o site do museu Smithsonian, as figuras possuem estruturas que lhes permitem ficar em pé — existindo mesmo uma pintura escura nos pés, a fim de insinuar botas, aparentemente. Ademais, as roupas dos bonecos revelam também estilos completamente diferentes — afastando, portanto, a ideia de um objetivo comum.

Os assassínios de Burke e Hare

A teoria mais aceita até hoje para o que teria motivado o sepultamento dos bonecos tem relação direta com uma série de crimes conduzidas por dois imigrantes irlandeses em Edimburgo.

No início do século XIX, o Dr. Robert Knox tinha uma séria carência para suas famosas palestras sobre anatomia. Apesar do florescimento da medicina, os materiais “oficiais” para estudo estavam cada vez mais escassos — no que se incluía uma alta demanda por novos cadáveres para dissecação.

Afinal, grande parte dos corpos obtidos até então vinham da execução de criminosos convictos, algo que começou a rarear juntamente com o decréscimo das penas de morte no início do século XIX.

William Burke e William Hare tinham a solução: durante 10 meses do ano de 1928, eles mataram 17 pessoas em Edimburgo — entre prostitutas, bêbados e andarilhos —, a fim de vender seus corpos para o eminente doutor.

As almas precisam descansar

Embora Burke, Hare e o Dr. Knox tenham respondido por seus crimes na época, as vitimas, naturalmente, jamais chegaram a ter um enterro apropriado — o que, de acordo com algumas tradições escocesas, seria o suficiente para impedir que suas almas pudessem descansar em paz e passar para o pós-vida.

Bem, foi aí que alguém percebeu as coincidências entre datas e números. Enquanto que a época bate razoavelmente — embora com controvérsias — com o período em que ocorreram os assassinatos, o número de 17 figuras tratou de reforçar a hipótese: poderia se tratar de um enterro simbólico para as vítimas de Burke e Hare.

A suprema ironia? William Burke foi preso, julgado e condenado à morte... E seu corpo foi encaminhado para utilização em estudos anatômicos.

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