Artes/cultura
25/08/2024 às 20:00•3 min de leituraAtualizado em 25/08/2024 às 20:00
Madame LaLaurie foi uma socialite americana que entrou para a história por motivos nada louváveis. Durante a sua vida, ela ajudou a torturar, mutilar e matar cerca de 96 empregados negros que ela escravizava.
Nascida em 1787 em Nova Orleans, Marie Delphine Macarty se casou três vezes e morreu em Paris em 1849, sem nunca ter sofrido qualquer pena por seus crimes.
Marie Delphine veio de uma família rica que possuía muitas plantações e esbanjava em uma vida cheia de extravagâncias. Com apenas 14 anos, ela casou com seu primeiro marido, um homem chamado Ramon López y Ángulo de la Candelaria, que tinha então 35 anos. Este casamento durou pouco: depois de cinco anos, o homem morreu em um naufrágio em Cuba enquanto a sua esposa estava grávida do primeiro filho.
Com 20 anos, ela se casou novamente com Jean Paul Blanque, com quem teve mais quatro filhos. Só que, oito anos depois, o novo esposo morreu repentinamente, deixando Marie Delphine endividada. Foi apenas com a morte do seu pai, em 1824, que ela se recomporia com a herança deixada por ele.
Em 1826, Delphine engata um novo romance com um quiroprático francês mais jovem, chamado Louis LaLaurie. Ela conheceu o médico em uma consulta dos seus filhos. Na época, ela tinha 38 anos e LaLaurie estava na casa dos 20. Eles se casaram em 1828 e tiveram mais um filho.
Mas o casamento não foi feliz, e eles viviam brigando e se reconciliando. No entanto, o casal comprou uma bela casa em Nova Orleans, que ficou famosa como Mansão LaLaurie. Foi nesse espaço que Madame LaLaurie promoveria os piores horrores possíveis.
Como o médico estava frequentemente fora da cidade, a casa foi ocupada por Madame Delphine LaLaurie, seus filhos e dezenas de pessoas escravizadas. Mas, depois de um tempo, começou a circular um boato de que a patroa estava punindo seus empregados com castigos que iam além do esperado para a época.
Embora ela parecesse ser gentil com eles em público, havia rumores de um tratamento cruel dentro da mansão. Dentre as histórias que circulavam, estava a de que uma menina escravizada de 12 anos, chamada Lia, teria puxado um pouco demais o cabelo da Madame enquanto o escovava. Por vingança, a patroa a perseguiu até que ela caísse do telhado.
Madame depois teria jogado o corpo de Lia em um poço, mas o caso acabou sendo descoberto. Ela chegou a perder alguns de seus empregados, mas fez com que amigos e familiares os comprassem de volta.
A verdade sobre o que ocorria na Mansão LaLaurie só vieram à tona depois que houve um incêndio na casa, no dia 10 de abril de 1834. Um grupo de vizinhos correu para apagar o fogo, e acabaram testemunhando cenas terríveis lá dentro. Havia uma cozinheira de 70 acorrentada no fogão, que admitiu ter provocado o incêndio de propósito.
No sótão, os vizinhos relataram ter encontrados sete pessoas escravizadas horrivelmente mutiladas. Seus membros estavam esticados e dilacerados, e havia pistas de que eles estava nesse estado há meses, apenas para ter seu sofrimento prolongado.
Além desses, que estavam ainda vivos, foram encontrados dezenas de corpos. Algumas das vítimas estavam em gaiolas ou amarradas a mesas, com membros quebrados, bocas costuradas. Havia até alguns cadáveres com olhos arrancados e buracos no crânio.
Mesmo para os padrões da escravidão americana, aquilo virou um escândalo, e fez com que a multidão protestasse na porta da mansão. Contudo, Madame LaLaurie conseguiu escapar. Ela conseguiu chegar em Paris, onde mais tarde se reuniria com seu marido e filhos. Pelo que se sabe, ela faleceu em 1849, aos 62 anos, sem nunca ser punida pelos crimes que cometeu.
Por incrível, que pareça, hoje a Mansão LaLaurie é um macabro ponto turístico em Nova Orleans. Localizada no French Quarter, a casa atrai muita gente interessada no tipo de turismo ligado ao terror.