Artes/cultura
09/10/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 09/10/2024 às 09:00
A Batalha de Berlim, que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, foi um dos confrontos mais devastadores do conflito. Iniciada em abril de 1945, a batalha foi o último ato do colapso do regime nazista, resultando na morte de milhares de soldados e civis. O Exército Vermelho soviético, com cerca de 2,5 milhões de soldados, avançou sobre a capital alemã em uma ofensiva final que culminou com a morte de Adolf Hitler e a rendição da Alemanha em maio daquele ano.
Os combates em Berlim foram ferozes, com tropas soviéticas engajadas em lutas de rua desde o dia 21 de abril. Ao final, mais de 80 mil soldados soviéticos e 50 mil alemães haviam perdido suas vidas, além de 125 mil civis berlinenses. Muitos desses corpos desapareceram, e aqueles que não foram identificados ou enterrados ficaram sem vestígios. Conforme relata o site Berlin Experiences, "alguns soldados e residentes simplesmente desapareceram e nunca foram recuperados". O destino dessas vítimas foi tão incerto quanto a própria guerra.
Os soldados soviéticos que morreram na Batalha de Berlim foram enterrados de diferentes maneiras. Alguns foram sepultados onde caíram em combate, enquanto outros tiveram seus corpos enviados de volta à União Soviética para serem enterrados com suas famílias.
No entanto, muitos acabaram sendo colocados em valas comuns e honrados em três grandes memoriais na cidade: o Tiergarten, o Treptower Park e o Schönholzer Heide. Esses locais, que guardam os restos mortais de cerca de 22.700 soldados soviéticos, são hoje monumentos de grande importância histórica.
O maior desses memoriais, localizado no Treptower Park, abriga os corpos de aproximadamente 7 mil combatentes. Já o monumento no Tiergarten, situado perto do icônico Portão de Brandemburgo, guarda 2,5 mil soldados. Por fim, o Schönholzer Heide, ao norte de Berlim, contém cerca de 13,2 mil corpos. Como assinala o Senado de Berlim, esses locais foram estabelecidos logo após a guerra, em áreas sob controle soviético.
Por outro lado, o destino dos soldados alemães mortos na batalha foi ainda mais incerto. Enquanto alguns foram enterrados em pequenos cemitérios ao redor de Berlim, como o Cemitério Lilienthalstraße — que abriga 4.935 corpos —, outros foram deixados em florestas próximas à cidade.
Em 2013, por exemplo, restos de 500 a 600 pessoas foram descobertos no Cemitério da Floresta de Halbe. E, mesmo anos depois do fim da guerra, corpos continuam a ser encontrados. Em 2019, mais restos mortais foram desenterrados na vila de Klessin, evidenciando como muitos desses soldados e civis ainda permanecem desaparecidos.
Além disso, milhões de prisioneiros de guerra alemães foram levados para campos soviéticos durante o conflito. Estima-se que cerca de 3,5 milhões de soldados alemães foram capturados, dos quais 1,5 milhão ainda estavam desaparecidos em 1950. O destino de muitos deles nunca foi esclarecido, e seus corpos provavelmente estão perdidos em territórios distantes.
Esse cenário de incerteza é uma das marcas da Batalha de Berlim, onde milhares de vidas, tanto de combatentes quanto de civis, foram ceifadas e não tiveram o direito de qualquer despedida.