Estilo de vida
15/09/2024 às 21:00•3 min de leituraAtualizado em 15/09/2024 às 21:00
Priscila Belfort desapareceu em 9 de janeiro de 2004, e até hoje seu paradeiro permanece desconhecido. Ela foi vista pela última vez saindo do trabalho, no Centro do Rio de Janeiro, para almoçar. Desde então, sua família vive em busca de respostas.
O desaparecimento de Priscila ganhou grande repercussão por conta de seu irmão, o lutador de MMA Vitor Belfort, que utilizou sua fama para ampliar a divulgação do caso. Mesmo com investigações e campanhas intensas, a história continua envolta em mistério, alimentada por teorias e suposições, mas sem uma conclusão definitiva.
Priscila trabalhava na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio e, naquele dia, 9 de janeiro de 2004, não parecia estar em seu melhor estado de saúde. Sua mãe, Jovita, a levou ao trabalho, já que ela não se sentia bem. Ao sair para almoçar, Priscila não retornou, o que deixou todos preocupados.
A mãe, ao perceber que algo estava errado, começou uma busca desesperada, enquanto familiares e amigos rodavam a cidade atrás de pistas. No entanto, nenhum indício concreto foi encontrado, e nenhuma exigência de resgate foi feita, o que afastou, para a polícia, a possibilidade de sequestro.
Nos primeiros anos após o desaparecimento, surgiram muitas especulações. Uma delas envolvia confusão mental, já que Priscila, diagnosticada com depressão, havia enfrentado episódios de lapsos de memória. Entretanto, a família sempre afirmou que ela estava bem controlada na época e não tinha histórico de fugas.
Outro rumor foi o de que ela teria sido sequestrada por conta de uma suposta dívida relacionada ao uso de drogas, o que foi veementemente negado por seus parentes. Contudo, essa temática relacionada ao tráfico de drogas iria permanecer na história por um longo tempo.
O caso ganhou nova relevância em 2007, quando uma mulher chamada Elaine Paiva se entregou às autoridades e confessou participação no sequestro e assassinato de Priscila. Ela afirmou que o crime teria ocorrido devido a uma dívida de R$ 9 mil e que o corpo da jovem teria sido esquartejado e queimado.
A polícia investigou a confissão, inclusive procurando restos mortais em um sítio indicado por Elaine, mas nada foi encontrado. A ausência de evidências concretas levou à libertação dos suspeitos, e a denúncia de Elaine não avançou.
Mesmo após essa reviravolta, a família de Priscila nunca deixou de acreditar que ela pudesse estar viva. Diversas campanhas foram feitas ao longo dos anos, incluindo a divulgação de seu rosto em outdoors e embalagens de palitos de dente em parceria com a ONG Mães da Sé.
Em algumas ocasiões, a família foi chamada para identificar mulheres avistadas que poderiam ser Priscila, mas nenhuma delas era ela. Curiosamente, essas ações acabaram ajudando outras famílias, que conseguiram reencontrar suas filhas desaparecidas.
A luta de Jovita Belfort, mãe de Priscila, não se limitou ao caso da filha. Ela transformou sua dor em ativismo, liderando movimentos que resultaram em importantes mudanças no tratamento de casos de desaparecimento no Rio de Janeiro.
Foi graças a ela que, em 2014, foi inaugurada a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), um órgão especializado em investigar pessoas desaparecidas, algo que representou um avanço significativo na estrutura da Polícia Civil do estado.
Mesmo após 20 anos, a família Belfort ainda acredita que Priscila possa estar viva. Para Jovita, a esperança é o que os mantém de pé. O desaparecimento de Priscila reflete a dor de muitas famílias no Brasil, como destacou Vitor Belfort, e a incerteza é uma ferida que não cicatriza. Sem um corpo, a esperança, por menor que seja, permanece.
Aproveitando a marca de 20 anos do caso, teremos a série documental "Volta Priscila", que estreia no Disney+ em 25 de setembro. O filme apresenta, de forma cronológica, os desdobramentos e teorias do caso, destacando o impacto midiático e a busca incansável da família. Com novos depoimentos e investigações, a produção traz detalhes inéditos, incluindo o envolvimento da polícia e a cobertura em programas de muito sucesso na época, como os de Gugu e Faustão.