Ciência
04/08/2014 às 10:23•2 min de leitura
Mesmo que você não seja fluente em inglês, certamente sabe que os países que se comunicam através desse idioma contam com diferentes sotaques. E, embora escoceses, irlandeses, neozelandeses etc., tenham seus jeitinhos particulares de falar, talvez a diferença mais famosa esteja na pronúncia de norte-americanos e britânicos. Entretanto, você já percebeu que muitos músicos perdem o sotaque quando cantam?
Se você prestar atenção, vários artistas britânicos — cujos sotaques são pra lá de carregados durante entrevistas — chegam a soar vagamente norte-americanos quando estão interpretando suas canções. Da mesma maneira, muitos norte-americanos, por sua vez, apresentam sotaques muito mais neutros ao cantar. Mas, como isso é possível? De acordo com o pessoal do mental_floss, um dos motivos é puramente técnico.
Segundo a publicação, os sotaques são definidos pela entonação, ritmo e pela forma como as vogais são pronunciadas. Contudo, quando os artistas estão cantando, a cadência é diferente e, portanto, características como tom, ênfase e a silabação dos sotaques acabam se perdendo em função da melodia. Isso significa que o ritmo de uma canção pode limitar a habilidade de um cantor em pronunciar determinadas palavras, em especial as vogais.
Aliás, se algumas sílabas fossem pronunciadas fielmente como são pronunciadas durante a fala, as canções soariam superestranhas. No caso dos norte-americanos, por exemplo, que pronunciam a letra “r” ao final das palavras — ao contrário dos britânicos, que suprimem o “r” e prolongam a vogal que precede essa letra —, se os cantores articulassem as palavras terminadas com “r” normalmente em suas canções, eles soariam como um bando de piratas cantando. ARRRRR!
Voltando aos sotaques, de acordo com o site BuzzFeed, também existe a possibilidade de que alguns artistas escolham soar de determinada forma— britânico ou norte-americano — para conquistar um certo público. Neste caso, a pronúncia é conquistada através de muita prática, e os cantores se adaptam para interpretar as canções da maneira como os fãs esperam que eles o façam, e para se encaixar em gêneros musicais específicos.
Ouça Amy Winehouse, por exemplo, conversando com seu forte sotaque britânico durante uma entrevista e, depois, interpretando um de seus maiores sucessos “Rehab” — que mistura elementos do jazz e soul, ambos os estilos que nasceram nos EUA —, logo em seguida:
Se você não soubesse quem foi Amy Winehouse e, de olhos fechados, apenas prestasse atenção na música, diria que a cantora era uma franzina mocinha inglesa?
Aliás, se você parar para pensar, a mesma questão relacionada com os sotaques de norte-americanos e britânicos — sobre a ênfase das sílabas ser neutralizada em função da melodia ou de os vocalistas aprenderem a dominar a técnica de cantar de determinada maneira — também se aplica de certa forma aos brasileiros. Afinal, a cantora Pitty, por exemplo, que é baiana, não soa nada como muitos de seus conterrâneos, você não acha?
Ainda assim — e apesar de tudo —, também existem diversos cantores e bandas cujos sotaques , seja por opção própria ou não, são bem evidentes, e é praticamente impossível não adivinhar de onde é que eles são. Quer um exemplo?
E você, caro leitor, consegue se lembrar de mais exemplos de cantores ou vocalistas de bandas que não têm sotaque nenhum ou que não conseguem enganar ninguém sobre suas procedências? Conte para a gente nos comentários!