Artes/cultura
14/07/2016 às 09:51•2 min de leitura
Os Jogos Olímpicos sempre reúnem atletas e fãs de todas as partes do mundo, gerando uma grande mobilização de especialistas em saúde pública para que nada saia do controle. No passado, por exemplo, a competição elevou surtos de sarampo e norovírus. O medo da vez, nos Jogos do Rio, que começam em 22 dias, é que o vírus zika possa gerar uma epidemia global.
Atualmente, mais de 60 países já foram afetados pelo zika, sendo que o Brasil foi um dos mais impactados. O principal perigo é que esse vírus normalmente não causa sintomas aparentes, mas pode gerar deformações durante a gestação. Já em adultos, o zika pode causar problemas neurológicos. Até agora, o Ministério da Saúde contabiliza 1.687 casos confirmados de microcefalia, outros 3.142 em investigação e 102 mortes.
Essa possível ameaça tem levado inúmeros especialistas a debaterem sobre a segurança da realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Alguns atletas já confirmaram que cogitam não vir ao Brasil por causa da epidemia, e teve gente cogitando atrasar a realização da competição. Entretanto, para a Organização Mundial da Saúde, não há motivos para pânico: a chance de contrair o zika é mais baixa do que algumas doenças infecciosas.
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não deveram gerar surtos de zika vírus
É preciso levar em conta que a transmissão do zika acontece pela picada do mosquito Aedes aegypti, e que no mês de agosto, no Rio de Janeiro, faz mais frio e o ar se torna mais seco, não criando um ambiente propício para a proliferação do inseto. Os meses de maiores riscos são de novembro a março, com o verão e as chuvas.
Outro fator importante a ser destacado é que o Rio está longe do epicentro da epidemia, que acontece no nordeste do país. Até abril, apenas 9 casos de microcefalia em todo o estado do Rio de Janeiro haviam sido confirmados pelas autoridades. Sem contar, também, que houve uma grande mobilização na cidade para acabar com possíveis focos do mosquito em lugares que receberão os atletas e turistas.
Por esses motivos, o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC) afirmou que o risco de contrair o zika durante os Jogos Olímpicos do Rio será muito pequeno – tanto que o pior cenário previsto é que pessoas de apenas 4 países sejam infectadas, algo bem baixo comparado às 206 nações que participarão da competição.
Mês de agosto não é propício para a existência do mosquito transmissor do zika
Duane Gubler, especialista em doenças transmitidas por mosquitos, relembra que durante a Copa de 2014, que aconteceu em várias cidades do Brasil, o risco maior era de contágio da dengue, transmitida pelo mesmo mosquito que carrega o zika. Porém, apenas 3 turistas estrangeiros foram contaminados – todos em Belo Horizonte, distante 440 quilômetros do Rio.
“O pior cenário é que haverá 3,2 infecções pelo zika a cada 100 mil turistas. Porém, o cenário mais provável é que o vírus afete apenas 1,8 pessoa por milhão de turistas”, acalmou John McConnell, editor da revista Lancet Infectious Diseases. Dessa maneira, apenas 1 ou 2 turistas sairiam do Rio com o vírus.
É mais provável, por exemplo, que os turistas contraiam infecções gastrointestinais, que possuem um “risco moderado”, de acordo com o ECDC, e até mesmo gripe, que é catalogada como “alto risco”. O zika está como “baixo risco” pela entidade. Mas isso é ainda pior, já que a gripe é mata mais que o zika, por exemplo.
Durante a Copa do Mundo de 2014, apenas 3 turistas foram infectados com a dengue e todos estavam em Belo Horizonte