Ciência
07/02/2014 às 10:23•4 min de leitura
Se você acompanha o Mega Curioso, já deve ter se deparado com práticas e costumes pra lá de estranhos que fazem parte da cultura e da história dos mais variados países. Desde comidas exóticas e hábitos incomuns em momentos especiais até aluguel de namoradas e brincadeiras exageradas, as diferenças culturais podem nos dar uma impressão bastante chocante de certos lugares – e isso não é verdade apenas para a Rússia.
Deixando qualquer hipocrisia de lado, o fato é que todos os países possuem suas próprias características capazes de causar estranhamento para quem não consegue se identificar com sua população. Pensando nisso, o Mega Curioso dá início à sua mais nova seção, a “Próxima parada”, em que vamos reunir periodicamente as curiosidades mais peculiares de cada nação.
E já que a ideia é justamente mostrar que todo lugar tem suas estranhezas, nada melhor do que começarmos olhando para o nosso próprio umbigo. Famoso por sua diversidade étnica, econômica e social, o Brasil é um país em que não faltam hábitos que causam desconforto até para quem é brasileiro. A seguir, listamos alguns dos pontos mais curiosos a respeito da nossa amada nação tupiniquim.
É natural que um país tão grande e com núcleos tão concentrados de população quanto o Brasil acabe desenvolvendo peculiaridades regionais na sua fala. Não faltam exemplos de como cada região desenvolveu seus próprios termos e significados para as palavras, e muitas vezes os sentidos parecem tão aleatórios que soam simplesmente bizarros para quem é de outro lugar.
No estado do Espírito Santo, por exemplo, especialmente nas cidades litorâneas de Guarapari e Anchieta, é comum que os habitantes usem a palavra “toxo” para responder negativamente a uma afirmação de outra pessoa. Dizem os locais que tudo começou quando um homem da região trocou a palavra tóxico pela versão reduzida, o que acabou se tornando uma brincadeira que pegou e se espalhou.
Outro exemplo cujo sentido é um mistério é a expressão “aidento”, usada em Teresina, no Piauí. Formado pela junção das palavras “aí” e “dentro”, o neologismo ganhou um sentido pejorativo cuja origem nenhum habitante explica, mas que ofende a todos – especialmente os mais velhos.
Fonte da imagem: Reprodução/Fotolog
Quem já brincou de telefone sem fio sabe muito bem os efeitos da comunicação oral sobre uma frase passada de pessoa para pessoa. Esse fato é tão real que afetou até mesmo os ditados populares e provérbios mais famosos que circulam pelo nosso país, chegando a mudar completamente seu significado.
A expressão “quem tem boca vai a Roma”, que dá a entender que uma pessoa que se comunica bem consegue chegar a qualquer lugar, originalmente era dita “quem tem boca vaia Roma”, o que significa que qualquer um pode criticar algo que não conhece bem. Um exemplo gritante, a frase “cor de burro quando foge” é usada para descrever uma cor, o que faz muito menos sentido do que a original, “corro de burro quando foge”.
Um dos ditados mais escatológicos do Brasil, “cuspido e escarrado” originou-se na expressão “esculpido em carrara”, que significa que uma pessoa é tão parecida com a outra que aparenta ter sido feita com o mesmo molde de mármore. Como os brasileiros não estavam acostumados com o nome do mineral, confundiram com o verbo “escarrar”, e aí trocar “esculpido” por “cuspido” foi uma simples questão de lógica – ainda que falha.
Fonte da imagem: Reprodução/Instituto Ciência Hoje
Por mais que umas das características mais marcantes do povo brasileiro seja sua mistura de populações vindas dos mais remotos cantos do mundo, é fato que recebemos também muitas influências das comunidades indígenas que já viviam aqui desde tempos imemoriais. Exemplos podem ser vistos nos nomes de locais, monumentos e até estados, como o rio Tietê, o estádio do Maracanã e a região do Amapá.
Totalizando 6 milhões de índios no Brasil quando o país foi descoberto, hoje a população nativa foi reduzida a cerca de 300 mil pessoas, divididas entre 215 tribos – das quais 55 permanecem sem contato com a “civilização”. E é nesses grupos que podemos ver algumas das práticas e rituais mais chocantes para quem está por fora da cultura dos aborígenes.
A tribo amazonense Satere-Mawe, por exemplo, é praticante do que é considerado um dos ritos de passagem mais dolorosos do mundo. A cerimônia consiste em vestir duas luvas feitas com folhas, carvão e 30 formigas especiais, conhecidas por causar 24 horas de dor alucinante, vômito, náusea e arritmia cardíaca com apenas uma picada. Após passar pelo ritual e suportar alguns dias com as consequências, a “vítima” é considerada um verdadeiro guerreiro.
Fonte da imagem: Reprodução/A Canadian Naturalist
Por mais que a educação, a ciência e a tecnologia avancem sem parar e se tornem cada vez mais presentes nas nossas vidas, certas crenças populares persistem como parte da nossa cultura mesmo após serem desmentidas. Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu que misturar leite com manga faz mal e pode até matar.
Não importa a cidade ou região em que você more, as crendices brasileiras se prendem com algemas de aço na consciência da população. Seja cruzar uma faca que caiu três vezes no chão antes de levantar, desvirar o chinelo para sua mãe não morrer ou não falar palavrões perto de uma privada para não invocar a loira do banheiro, todos nós já fizemos algo do tipo.
Muitos pescadores que tiram seu sustento dos rios nordestinos, por exemplo, até hoje mantêm o hábito de jogar uma garrafa de cachaça nas águas toda vez que saem para trabalhar. Para eles, isso serve para satisfazer o Negro-d’água, um homem com mãos e pés de pato que vira as canoas daqueles que se recusarem a fazer suas oferendas.
Fonte da imagem: Reprodução/Tibornia do Galeno
Por mais que crendices, hábitos de fala e rituais exóticos soem estranhos para quem não nos conhece ou compreende, é inegável que há elementos da nossa cultura capazes de chocar qualquer um, por mais que já façam parte do nosso cotidiano. Quando questionado sobre quais os maiores problemas do país, qualquer brasileiro que se preze pensa na corrupção dos nossos políticos – e a coisa é muito pior do que parece.
Como se não bastassem os inúmeros casos de golpes milionários, esquemas de propina para compra de votos e diversos escândalos, os problemas da falta de ética na capital brasileira são ainda maiores do que a maioria sabe. Para se ter uma ideia um pouco melhor, basta compararmos os salários de alguns funcionários de Brasília com os de ocupantes de cargos altamente especializados em outros setores.
Embora os números exatos não sejam divulgados, sabe-se que, por exemplo, um ascensorista dos elevadores do Senado brasileiro tem uma remuneração mensal superior à de um piloto de caças Mirage da Força Aérea. Similarmente, um assessor de terceiro nível de um deputado, que cuida das correspondências do político, recebe mais do que um pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, responsável pelo desenvolvimento de curas e vacinas contra doenças.
Fonte da imagem: Reprodução/Blog Fábio Campana
Vale ressaltar que todos os lugares do mundo – e isso inclui cada um dos estados brasileiros – possuem suas próprias peculiaridades, então jamais seria possível incluir tudo em um texto só. Lembrou de algum costume ou crença estranha do lugar onde mora? Visitou algum estado com hábito incomuns? Deixe sua opinião nos comentários.