Ciência
12/09/2017 às 05:51•2 min de leitura
Imagine que depois de se fartar com uma bela pizza você resolve ir para a academia queimar parte das calorias que consumiu. Você se joga no elíptico, começa a se exercitar, a suar um pouco e, de repente, percebe que está ficando meio sem fôlego. Em um primeiro momento, você não dá muita importância — afinal, você está fazendo esforço físico. Mas, então, seus olhos começam a arder e a lacrimejar, você nota que está com dificuldades sérias para respirar e, quando se olha no espelho, descobre que seu rosto está todo inchado.
(Pixabay/Janeb13)
Essa situação que acabamos de descrever acima aconteceu com um cara chamado Joe O’Leary em 2015, e ele teve que ser levado às pressas a um hospital — onde recebeu altas doses de esteroides e anti-histamínicos. O diagnóstico? De acordo com Nicole Westman, do site Popular Science, ele teve um choque anafilático, isto é, uma baita de uma reação alérgica, mas não a nada que ele que comeu, e sim induzido pela prática de exercícios físicos.
Segundo Nicole, o primeiro caso de choque anafilático induzido por atividades físicas foi documentado no finalzinho da década de 70, e hoje se estima que esse tipo de reação alérgica afete 50 em cada 100 mil pessoas. Essa condição geralmente acontece quando ocorre a combinação de determinados alimentos com a prática de exercícios e, no caso específico de O’Leary, ela será desencadeada toda vez que ele comer tomates, pimentões, soja ou frutos secos e se exercitar.
(Pixabay/StockSnap)
Na verdade, o choque anafilático resultante da combinação de certos alimentos com exercícios ocorre em 30 a 50% das pessoas diagnosticadas com a condição. Em alguns indivíduos a reação alérgica pode ser desencadeada pela combinação de determinados medicamentos — como a aspirina, por exemplo — com a atividade física e, nas mulheres, ela pode acontecer em determinados períodos do ciclo menstrual, quando os níveis de estrogênio estão mais altos.
Além disso, a quantidade de exercícios parece ser determinante para desencadear a reação, e praticamente qualquer tipo de atividade pode dar origem à condição — com exceção da natação, da qual não existem casos documentados. Ademais, existem algumas pessoas que nem precisam combinar certos alimentos ou fármacos para sofrer o choque anafilático.
Apesar de os especialistas saberem que determinadas combinações de alimentos e exercícios podem desencadear o choque anafilático, ninguém sabe quais são exatamente os mecanismos envolvidos nessa violenta reação alérgica. Segundo Nicole, uma possibilidade é que o aumento do fluxo sanguíneo também aumente a circulação de células do sistema imunológico pelo organismo ou, ainda, que certas proteínas presentes nas vísceras mudem de comportamento durante as atividades físicas, interagindo de forma diferente com os alimentos.
(Pixabay/Heung Soon)
Outra possibilidade é que, como a prática de exercícios provoca um aumento na absorção gastrointestinal, pode ser simplesmente o caso de que mais agentes alergênicos entrem na corrente sanguínea, desencadeando a reação. O fato é que, embora o mecanismo exato por trás do choque seja desconhecido ainda, uma vez uma pessoa apresente a condição e seja corretamente diagnosticada, ela passa a saber qual é a combinação de alimentos ou medicamentos que deve evitar antes de fazer atividades físicas para não correr o risco de parar no hospital.