Terapia regenera neurônios danificados por AVC

23/09/2019 às 17:003 min de leitura

O AVC (acidente vascular cerebral) é uma das principais causas de incapacidade entre os americanos. São 800 mil novos pacientes com derrame todos os anos nos Estados Unidos. Mas uma nova terapia genética que transforma as células da glia — células de suporte abundantes no cérebro — em neurônios pode reparar os danos causados pelo acidente vascular cerebral e melhorar significativamente a função motora. Ao menos é o que uma pesquisa realizada na Penn State vem mostrando.

A terapia baseada em NeuroD1 poderia ajudar a melhorar significativamente o tratamento de derrames. “O tratamento atual para o AVC tem uma janela de tempo estreita, normalmente poucas horas após a ocorrência do derrame. Muitos pacientes não podem receber o tratamento a tempo e, como resultado, muitas vezes sofrem de incapacidade permanente causada por perda neuronal irreversível. Há uma necessidade urgente de desenvolver uma nova terapia para regenerar novos neurônios e restaurar as funções cerebrais perdidas entre os pacientes com AVC”, ressaltou Yuchen Chen, autor principal do estudo.

Com aproximadamente 86 bilhões de neurônios, o cérebro humano sofre com AVCs moderados que podem significar a perda de bilhões de neurônios, deixando efeitos que não podem ser recuperados espontaneamente. Para Gong Chen, professor de biologia e coordenador de ciências da vida da Penn State, o maior obstáculo para a reparação do cérebro é a incapacidade que os neurônios têm de se regenerar.

Imagem: Chenn Laboratory/ Penn State

Os pesquisadores estão na vanguarda da nova abordagem que pode regenerar neurônios funcionais por meio de células da glia. Elas envolvem e dão suporte essencial a todos os neurônios, mas, ao contrário deles, são capazes de se dividir e se regenerar, especialmente após lesões cerebrais. “Acredito que transformar células da glia que já estão presentes no cérebro em novos neurônios é a melhor maneira de reabastecer os neurônios perdidos. Essas células da glia são as vizinhas dos neurônios mortos no cérebro e provavelmente compartilham a mesma linhagem celular ancestral”, explica ", Gong Chen.

Equipe aprimorou estudo para regeneração de neurônios

A equipe de pesquisa já havia estudado os impactos de converter diretamente células gliais em neurônios funcionais no cérebro de ratos com Alzheimer, mas o número gerado foi limitado e eles acreditam que isso se deu por conta do sistema retroviral usado para fornecer NeuroD1 ao cérebro

Agora, a equipe utilizou o sistema viral do AAV, primeira escolha para terapia genética no sistema nervoso, fornecendo NeuroD1 ao córtex motor de camundongos que havia sido danificado por um acidente vascular cerebral. Embora muitos neurônios tenham morrido após o derrame, as células gliais sobreviventes se proliferaram formando uma “cicatriz” na região. Então, os pesquisadores projetaram o sistema AAV para transmitir NeuroD1 nas células gliais, transformando-as em células neuronais. Dessa maneira, não apenas aumentaram a densidade neuronal como também reduziram a perda de tecido cerebral na região atingida pelo derrame.

Imagem: Pixabay

“A descoberta mais emocionante deste estudo é ver os neurônios recém-convertidos sendo totalmente funcionais no acionamento de potências de ação repetitiva e na formação de redes sinápticas com outros neurônios preexistentes", disse Gong Chen.

Universidade de Porto Rico testou terapia

Na Universidade de Porto Rico, um trabalho colaborativo liderado pelo professor Gregory Quik, também testou a terapia genética. O grupo descobriu que a tecnologia pode também resgatar déficits funcionais cognitivos provocados pelo AVC.

Yuchen Chen explicou que o poder de divisão e regeneração das células da glia, que estão em todo o cérebro, pode ser utilizado como “fonte da juventude” no processo para regenerar novos neurônios funcionais, reparando o cérebro em outros distúrbios neurológios que também causam perda neural. “Nosso próximo passo é testar ainda mais essa tecnologia e, finalmente, traduzi-la em terapias clinicamente eficazes para beneficiar milhões de pacientes em todo o mundo", destacou.

A nova terapia foi descrita por meio de um artigo publicado na revista Molecular Therapy.

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