Artes/cultura
03/02/2022 às 04:00•2 min de leitura
Uma pesquisa conduzida pela Compass Pathways descobriu que a psilocibina, substância que é princípio ativo responsável pelo poder alucinógeno de cogumelos mágicos, é segura e eficaz no tratamento da depressão.
De acordo com um artigo publicado recentemente no Jama Psyquiatry, a psilocibina administrada concomitantemente a sessões de psicoterapia induziu efeitos antidepressivos grandes, rápidos e sustentados.
(Fonte: Wikipedia Commons)
Realizada pela Compass Pathways, empresa de biotecnologia com sede em Londres, os estudos são feitos em 10 países. Em um deles, conduzido pela King's College de Londres, 90 pessoas saudáveis foram divididas em 3 grupos distintos e fizeram uso da psilocibina em doses diferentes.
Enquanto 2 desses grupos ingeriram doses de 10 miligramas e 25 miligramas, o último grupo recebeu apenas placebo. Ao fim, os resultados indicaram que os participantes que estiveram em contato com o alucinógeno apresentaram melhora no humor. Nenhum dos envolvidos na pesquisa sofreu efeitos colaterais sérios após consumir a psilocibina dos cogumelos mágicos.
De acordo com o artigo publicado no Jama Psyquiatry, os efeitos rápidos do uso da substância foram muito semelhantes aos relatados com a cetamina, mas os terapêuticos foram diferentes. Enquanto remédios conhecidos podem gerar efeitos que duram de alguns dias a 2 semanas, a resposta ao princípio ativo dos cogumelos mágicos persiste por, no mínimo, 4 semanas. E mais: 71% dos participantes seguiram mostrando resposta clinicamente significativa após 1 mês de acompanhamento.
(Fonte: NYU Langone Health)
Drogas psicodélicas são usadas há tempos por comunidades indígenas, mas entraram para a medicina ocidental apenas em 1943. Durante as décadas de 1960 e 1970, perderam sua credibilidade ao serem adotadas para recreação. Por essa razão, a pesquisa ainda enfrentará desafios para sair da pesquisa clínica e chegar aos pacientes — algo semelhante ao que ocorreu com medicamentos feitos a partir da maconha.
Mesmo a quantidade de participantes e o tempo de acompanhamento devem ser maiores, de forma a confirmar os efeitos da psilocibina em quadros depressivos. Por isso, os estudos devem seguir. De toda forma, apenas a possibilidade já dá esperanças de que estejamos diante do maior avanço na saúde mental desde a fluoxetina, nos anos 1990.
(Fonte: Shutterstock/Mary Long)
Transtorno psicológico relativamente comum, a depressão é caracterizada por tristeza persistente e falta de interesse em realizar atividades diárias. Na depressão, essa tristeza é forte e duradoura, pode surgir em qualquer idade e fase da vida, desde crianças até adultos e idosos.
Estima-se que a depressão afeta cerca de 320 milhões de pessoas em todo o mundo. Das pessoas que procuram tratamento, cerca de um terço não consegue responder às terapias medicamentosas orais ou convencionais. Por essa razão, os números obtidos com a atual pesquisa com psilocibina são animadores.
A depressão é uma doença crônica, já que pode se manter durante meses ou anos. Contudo, lembre-se: depressão tem cura, principalmente em casos mais leves tratados desde o início dos sintomas.