Artes/cultura
08/12/2015 às 10:23•2 min de leitura
Nós aqui do Mega Curioso já falamos em uma matéria a respeito de uma mulher que não sente dor. Você pode ler o artigo completo acessando este link, mas, basicamente, ela sofre de uma condição extremamente rara chamada analgesia congênita, que a torna fisicamente insensível à dor.
Conforme explicamos na matéria, o problema afeta apenas cerca de 50 pessoas em todo o mundo e, apesar de parecer muito vantajoso viver sem sentir qualquer dor, ser alheio a essa sensação pode ser incrivelmente perigoso. Para você ter uma ideia, criancinhas que nascem com a condição costumam morder os lábios ou os dedos até sangrar, e é comum que jovens e adultos se firam com gravidade ou quebrem ossos sem perceber.
Segundo Jessica Hamzelou, do portal New Scientist, a analgesia congênita é resultado de uma rara mutação genética que faz com que as células nervosas sejam incapazes de transmitir os estímulos de dor ao cérebro. Mais precisamente, o problema é provocado pela falta de canais de íon chamados Nav1.7, que aparecem em grandes quantidades em dois tipos de neurônios da medula espinhal e se encarregam de transportar o sódio através dos nervos sensoriais.
Com base nesse conhecimento, os cientistas começaram a buscar formas de bloquear os canais de íon Nav1.7 e, assim, tratar a dor crônica. No entanto, no meio do caminho, enquanto um grupo de pesquisadores estudava ratinhos de laboratório modificados geneticamente para não apresentarem os tais canais, eles notaram algo peculiar.
Embora os animais não contassem com os canais Nav.1.7, seus organismos produziam substâncias conhecidas como peptídeos opioides — que funcionam como analgésicos naturais — em quantidades muito maiores do que o normal.
Assim, levando em consideração que os seres humanos também produzem esses compostos, os cientistas concluíram que o mesmo poderia acontecer com as pessoas com analgesia congênita — e que o excesso desses peptídeos em seus organismos poderia ser o motivo de elas não sentirem dor.
De acordo com Jessica, existe um medicamento chamado naloxona, que bloqueia os receptores para opioides. Essa droga normalmente é administrada em casos de intoxicação ou overdose por substâncias derivadas do ópio, como é o caso da morfina e da heroína, e os cientistas resolveram aplicar o medicamento nos ratinhos para ver se eles conseguiam fazê-los sentir dor.
A estratégia deu certo, e o mesmo medicamento foi administrado a uma paciente — que não é a mesma de quem falamos em nossa matéria — com analgesia congênita. Os pesquisadores, então, queimaram a pele da mulher com um laser e, pela primeira vez na vida, ela foi capaz de perceber a sensação de dor. Aliás, segundo disseram, em vez de ser traumática, a paciente inclusive curtiu a experiência!
Além disso, voltando aos experimentos com os ratinhos, os pesquisadores descobriram que, ao administrar medicamentos para bloquear os canais de íon em conjunto com a naloxona, os animais que não haviam sido alterados geneticamente deixavam de sentir dor.
Segundo Jessica, os cientistas precisarão conduzir mais testes antes de a naloxona ser indicada para o tratamento da analgesia congênita em humanos, já que ninguém sabe quais podem ser os efeitos que o uso contínuo do medicamento pode provocar. No entanto, os resultados são promissores, e os pesquisadores também podem ter descoberto uma nova forma de tratar a dor crônica.
Você já tinha ouvido falar de pessoas que são incapazes de sentir dor? Comente no Fórum do Mega Curioso