Artes/cultura
09/04/2018 às 02:00•4 min de leitura
Marilyn Monroe foi encontrada inerte em sua residência em Brentwood (Hollywood, Califórnia) por seu psiquiatra, Ralph Greenson, após este ter sido avisado pela governanta da atriz. Ainda em 5 de agosto de 1962, uma das mais emblemáticas estrelas do cinema de Hollywood teve sua morte atribuída a uma “overdose” — provavelmente por conta de um suicídio. Bem, mas essas são apenas as informações oficiais.
Pode haver mais coisas por baixo do tapete, ainda hoje, mais de meio século depois do trágico incidente? Aparentemente, sim. Segundo teoria defendida pelos jornalistas Richard Buskin e Jay Margolis no livro “Marilyn Monroe: Case Closed” (Marilyn Monroe: Caso Encerrado, sem tradução para o português), a atriz não cometeu suicídio. Na verdade, ela teria sido assassinada em virtude dos desdobramentos de dois dos seus affairs mais famosos e turbulentos.
Trata-se de uma das controvérsias mais revisitadas do século passado, é verdade, mas sempre se pode jogar nova luz, ao que parece. Segundo o duo investigativo, ao se envolver com o então presidente John F. Kennedy e seu irmão, o Ministro da Justiça dos EUA Robert F. Kennedy, Marilyn teria entrado em uma espiral descendente de intrigas e ameaças que culminou em sua morte, arquitetada pelo próprio “Bobby” Kennedy e levada a cabo por seu psiquiatra.
Conforme defendem os autores, Robert Kennedy havia arquitetado todo o ocorrido, incluindo a injeção fatal administrada pelo Dr. Greenson. De acordo com paramédicos que atenderam Marilyn, o cenário encontrado no local absolutamente não parecia indicar um caso de suicídio.
De acordo com Buskin e Margolis, Robert F. Kennedy envolveu-se sexualmente com Marilyn Monroe durante o verão de 1962. A pedido do irmão, Bobby havia sido enviado à casa da atriz em Brentwood para pedir que ela parasse de ligar para a Casa Branca atrás do presidente — certamente seu envolvimento romântico mais conhecido (a mal escondido).
A mensagem era bastante clara: o presidente não se divorciaria de Jackie para se casar com ela. Entretanto, conforme deixa claro a história, o mensageiro acabou sucumbindo aos encantos da beldade. “Bobby não teve a intenção [de se envolver com Marilyn Monroe]”, revelou o cunhado de Robert Kennedy, Peter Lawford. “Naquela tarde, eles acabaram por se tornar amantes, passando a noite juntos no quarto de hóspedes.”
Sobre o triângulo amoroso, Lawford ainda afirmou que os Kennedy “passavam Marilyn de um lado para o outro como uma bola de futebol americano”. Entretanto, quando também Bobby resolveu abandoná-la, a atriz teria ameaçado conduzir uma coletiva de imprensa contando todos os “podres” da família Kennedy — os quais mantinha muito bem registrados em um pequeno diário de capa vermelha.
Mas Buskin e Margolis reforçam: Robert “Bobby” F. Kennedy, embora tenha orquestrado o plano, certamente não o executou sozinho. De acordo com os autores, houve pelo menos dois conspiradores: o cunhado de Bobby, Peter Lawford e, naturalmente, o Dr. Greenson — em última instância, o responsável pela dose maciça de pentobarbital injetado no coração de Marilyn.
“Bobby Kennedy estava determinado a silenciá-la, independentemente das consequências”, teria revelado o próprio Lawford posteriormente, de acordo com os autores. “Foi a coisa mais doida que ele já fez — e eu fui louco o suficiente para permitir que acontecesse.” De acordo com Lawford, o Dr. Greenson havia sido incumbido de “dar um jeito” na atriz.
Mas, além dos três, havia pelo menos mais duas testemunhas: os dois paramédicos chamados ao socorro. Um deles, James C. Hall, teria estranhado a coisa toda desde o início. Embora a hipótese de suicídio por overdose houvesse sido levantada pela camareira da atriz, o cenário em torno não parecia corroborar a ideia.
“Ela estava despida”, lembra-se o socorrista. “Não havia lençóis ou cobertores. Não havia um copo de água. Não havia álcool. Nós percebemos que a sua respiração estava muito fraca, o pulso acelerado e igualmente fraco, e ela estava inconsciente”, observou o paramédico.
Embora houvessem vários frascos de remédio ao lado da cama de Merilyn, Hall lembra-se que todos eles estavam cheio e muito bem fechados. “Conforme eu me inclinei sobre ela, eu percebi — não havia vômito, o que é muito incomum em um caso de overdose (...), também não havia odor de drogas na boca dela, que seria outro sintoma clássico”, disse ele, desacreditando totalmente da ideia de um suicídio.
Conforme disse Hall aos autores do livro, quando se preparava para utilizar os equipamentos de reanimação, ele foi interrompido por Greenson, que se apresentou como médico da atriz, demandando a utilização de pressão positiva. “Eu pensei, ‘Jesus Cristo, o que há de errado com você? Eu tenho aqui uma máquina que estava fazendo o necessário, por que removê-la?”, ele lembra. “O tempo estava correndo, e eu queria salvá-la.”
Após exigir que a máquina não fosse utilizada, o psiquiatra iniciou outra massagem cardíaca, embora “pressionando de forma errada” o abdômen de Marilyn. “Eu conheço alguns médicos que não estão muito acostumados com métodos emergenciais, mas aquele sujeito era um absurdo”, diz ele, afirmando que Greenson procedia como um amador. “Eu disse, ‘Caramba, vamos andar, você pode continuar com isso na ambulância.”
Em seguida, o médico teria então puxado uma seringa com uma agulha hipodérmica considerável. “Ele sugou o líquido de um vidro selado por uma borracha, enchendo a seringa. Ele sentiu as costelas [de Marilyn] como um amador.” Segundo Hall, uma primeira tentativa desajeitada de injetar a substância no coração da atriz (um dos procedimentos comuns de reanimação) acabou batendo em uma das costelas.
“Em vez de retirar e tentar novamente, ele simplesmente continuou, franzindo o cenho com o esforço”. Hall afirma ter ouvido, então, o som da costela se quebrando. “Eu sei que o osso se partiu. Eu já assisti a muitos procedimentos médicos, e aquele cara era realmente brutal”, ele conclui.
Conforme contam os autores de “Caso Encerrado”, o Dr. Ralph Greenson era outro dos vários amantes da atriz — fato que teria sido usado para persuadir o médico a tomar parte no plano.
Lawford, de fato, já havia tomado conhecimento do affair do psiquiatra com a atriz. Embora, aparentemente, a atriz não tivesse qualquer intenção de revelar o relacionamento, Bobby Kennedy teria sido particularmente persuasivo, convencendo o médico de que isso aconteceria em breve, o que acabaria por enterrar definitivamente a sua carreira. “Greenson ficou, então, responsável por ‘tomar conta’ de Marilyn”, dizem os autores.
Entretanto, a coisa toda teria iniciado com uma busca pelo temido diário de capa vermelha, o qual traria segredos que poderiam arruinar a carreira política dos Kennedy. Segundo Peter Lawford, na tarde em que a atriz foi encontrada inconsciente, Robert “Bobby” F. Kennedy, Greenson e ele haviam se dirigido à sua residência em Brentwood para convencê-la a entregar o diário. “Ele [Robert] gritou com ela”, dizem os autores. “Marilyn não estava disposta a ceder”.
Lawford revelou ainda que, após uma calorosa discussão, Marilyn se tornou “histérica” e tomou uma pequena faca e partido para cima do político. Lawford, entretanto, conseguiu derrubar a faca da mão da atriz. Posteriormente, um dos guarda-costas de Kennedy acabou por injetar a primeira dose intramuscular de pentobarbital — o que acabou ganhando ainda o “reforço” de uma dose maciça injetava via enema.
Lawford admite ainda que, enquanto Marilyn estava desacordada, o grupo passou a procurar apressadamente pelo diário. O resto, como se diz, é história e suposição.
Entretanto, conforme lembram os autores do livro, o corpo de Marilyn, já no necrotério, havia mostrado manchas que denunciavam as injeções administradas pelos guarda-costas — o que afastaria consideravelmente a hipótese de um suicídio adotada e defendida pela polícia de Los Angeles.
*Publicado em 10/06/2014