Em meio às várias áreas que atuou, Leonardo Da Vinci também aprimorou as técnicas de extração de aromas.

<p>Leonardo Da Vinci foi o maior de todos os renascentistas, uma vez que foi verdadeiramente um homem completo: ele atuava como artista, cientista, engenheiro e músico, entre várias outras frentes.</p><p>Eram tantas especialidades que é até difícil acreditar que tenha mais uma que dificilmente é lembrada. Além de tudo, Leonardo Da Vinci tinha uma verdadeira obsessão por perfumes e chegou a criar fragrâncias.&nbsp;</p><h2>Por que Leonardo Da Vinci gostava de perfumes?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/15/15193149909004.jpg" alt="(Fonte: GettyImages / Reprodução)"><figcaption>Leonardo Da Vinci atuou em várias frentes, inclusive no estudo dos aromas. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Leonardo Da Vinci tinha interesse em várias áreas, e uma delas envolve o desenvolvimento de aromas. É isso o que afirma a historiadora Caro Verbeek, especialista na relação entre perfumes e arte, em entrevista ao IFL Science.</p><p>“Durante o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/111271-as-9-melhores-invencoes-do-genio-renascentista-leonardo-da-vinci.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Renascimento</a>, época em que Da Vinci viveu, o perfume e o cheiro eram uma parte essencial da vida diária”, explica a professora. Portanto, para entender a relação do renascentista com o estudo dos aromas, é necessário remontar a época em que ele viveu.</p><p>Na Itália, durante esta época, as cidades eram inundadas por aromas de todos os tipos, como os vindos das flores (como jasmim, lavanda, rosa e íris) até as laranjas amargas e as amêndoas. Apreciava-se também cheiros que provavelmente não consideraríamos tão agradáveis hoje em dia, como o de um arbusto chamado de alfeneiro selvagem e do nardo, uma planta angiospérmica com um aroma que lembra queijo.</p><p>De acordo com Verbeek, também eram muito populares os cheiros gerados a partir de seivas e de resinas caras, como o olíbano (hoje muito usado para <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/36876-6-mitos-sobre-a-idade-media.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">incensos</a>) e a mirra. Além disso, os perfumes tinham diversos fins, que não tinham apenas a ver com cheirar bem ou disfarçar a falta de higiene.</p><h2>As funções dos perfumes no Renascimento</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/15/15193231386006.jpg" alt="x"><figcaption>No Renascimento, os perfumes aromatizavam o ambiente, mas também espantavam os criminosos. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Os perfumes sempre foram usados para várias coisas, o que inclui as práticas religiosas. "Alguns perfumes eram feitos para rituais católicos. Como para queimar incenso na igreja – <i>per fumum</i> significa originalmente ‘através da fumaça’, que era a maneira como os deuses eram adorados desde a história registrada", afirma Verbeek.</p><p>Por outro lado, havia também o que <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/128451-por-que-leonardo-da-vinci-e-michelangelo-eram-rivais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Leonardo Da Vinci</a> chamava de <i>odori sgradevoli</i>, ou seja, os “odores desagradáveis” que eram elaborados para assustar criminosos. “Uma das receitas de Da Vinci continha urina e fezes humanas que deveriam ser mantidas em um jarro de vidro sob uma pilha de esterco por um mês. Podia então ser usada como um tipo de 'bomba fedorenta'", lembra a historiadora.</p><p>Já os aromas que, de acordo com o pensamento dessa época, podiam curar doenças, eram chamados por Da Vinci de <i>odori medicinali</i>. O que fica explícito aqui é que o renascentista entendia os aromas como uma extensão natural do que ele já estudava.</p><p>“Da Vinci era fascinado por todas as formas de vida, incluindo animais (ele era um <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/75382-veganos-quem-sao-o-que-comem-o-que-nao-fazem-descubra-agora-mesmo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vegetariano</a> rigoroso) e plantas, que ele estudava meticulosamente; não apenas para poder desenhá-las e pintá-las, mas também por seus aromas”, explica Verbeek.&nbsp;</p><p>A historiadora conta também que ele tinha equipamentos para extrair perfumes, e os usava a partir de seus conhecimentos de química. Foi por meio dessa <i>expertise</i> que Da Vinci aprimorou processos de destilação para retirar a essência de rosas e frutas cítricas, com o uso de técnicas como<i>&nbsp;l'infusione in liquidi alcoolici</i> (infusão em álcoois líquidos), um tipo de maceração em que o líquido absorve os odores nas plantas. “Mas ele também conhecia a <i>enfleurage</i>, que era altamente moderna na época. Nesse processo, flores delicadas são colocadas em gordura (animal), o que atrai os óleos essenciais perfumados", conclui a historiadora.</p><p>&nbsp;</p>

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Ninguém sabe, mas Leonardo Da Vinci foi um grande perfumista

Muito comuns na era medieval, os bestiários guardavam descrições de animais reais e fantásticos.

<p>Durante a época medieval, os <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/5-criaturas-medievais-bizarras-encontradas-em-bestiarios" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bestiários</a> eram um tipo de literatura bastante comum. Elaborados por monges católicos, esses livros manuscritos reuniam informações sobre animais reais e fantásticos, descrevendo vários aspectos sobre eles, como seu habitat natural e sua dieta.</p><p>Eles costumavam carregar mensagens morais na sua descrição. Vale lembrar que, na Idade Média, os animais eram fundamentais na vida cotidiana das pessoas. Por isso, escritores e artistas frequentemente usavam os animais para se conectar melhor com o seu público.</p><h2>1. Elefante</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/22/22205643177003.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)"><figcaption>O bestiário Der Naturen Bloeme apresenta aos leitores a imagem de um elefante bravo. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>O Der Naturen Bloeme foi um bestiário produzido por Utrecht ou Flandres em algum momento do século 15. São 13 livros que funcionavam como uma espécie de <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/108832-conheca-a-historia-da-wikipedia-a-enciclopedia-livre.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">enciclopédia</a> para quem quisesse buscar saber mais sobre os animais.</p><p>Nesta imagem, vemos um elefante com uma tromba em forma de funil em uma paisagem de árvores semelhantes a cogumelos. Seu semblante parece bravo.</p><h2>2. Hipopótamo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/25/25185114193009.jpg" alt="(Fonte: Bestiary / Reprodução)"><figcaption>O hipopótamo era tido como um animal noturno que vivia no rio. (Fonte: Bestiary / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>A imagem de um hipopótamo, derivada do animal <i>Equus fluminis</i> (que quer dizer "cavalo de rio"), aponta a um bicho estranho de grandes dentes pontudos. No bestiário, lê-se que ele vivia durante o dia no fio Nilo e saía para a terra à noite para pastar.</p><h2>3. Alforaz&nbsp;</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/25/25185849853010.jpg" alt="(Fonte: Bestiary / Reprodução)"><figcaption>O alforaz nascia da sujeira de um lago. (Fonte: Bestiary / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>O alforaz é uma espécie de peixe que não nasce exatamente, mas sim é gerado de forma espontânea a partir da lama podre quando o lago em que vive não tem água. Ele inicia sua vida como um verme, mas cresce e vai se tornando peixe à medida que a água sobe.</p><h2>4. Rouxinol</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/25/25190507506011.jpg" alt="x"><figcaption>O rouxinol canta tanto que chega quase a morrer. (Fonte: Bestiary / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>O <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/107344-reunimos-9-curiosidades-aleatorias-e-fascinantes-sobre-o-japao-confira.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">rouxinol</a> é um pássaro que adora cantar, e faz isso frequentemente para aliviar o tédio enquanto permanece sentado sobre o seu ninho. Quando a manhã chega, ele canta de forma tão entusiasmada que quase morre.</p><p>No Bestiário de Aberdeen, há uma comparação entre o rouxinol e uma mãe pobre: "a mãe pobre, mas modesta, com o braço arrastando a pedra de moinho, para que seus filhos não faltem <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/123980-como-o-pao-frances-virou-o-queridinho-dos-brasileiros.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pão</a>, imita o rouxinol, aliviando a miséria de sua pobreza com uma canção noturna e, embora não consiga imitar a doçura do pássaro, ela o iguala em sua devoção ao dever."</p><h2>5. Coruja</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/25/25190830142012.jpg" alt="x"><figcaption>A coruja era conhecida como um animal sujo. (Fonte: Bestiary / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>A coruja é tida como um animal que prefere viver na escuridão. Moralmente, ela aparece nos bestiários como um pássaro sujo e preguiçoso que polui seu próprio ninho com seu esterco, e costumam ser associado com tumbas e cavernas.</p><p>Segundo o mito, as corujas gritam quando sabem que alguém está prestes a morrer. Em termos religiosos, elas representariam os judeus, que mostraram preferir as trevas à luz quando rejeitaram <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/como-foi-a-infancia-de-jesus" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Cristo</a>.</p><h2>6. Pégaso</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/25/25191517730014.jpg" alt="x"><figcaption>O pégaso é um animal vindo da mitologia grega. (Fonte: Bestiary / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Presente na mitologia grega, o pégaso é um cavalo com asas de água e chifres que teria nascido como filho de Poseidon e <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126922-incrivel-mosaico-de-medusa-e-descoberto-em-casa-da-era-romana-na-espanha.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Medusa</a>. Em outra versão, é dito que ele nasceu do sangue de Medusa quando foi decapitada por Perseu.</p><p>Ao nascer, Zeus teria feito Pégaso trazer trovões e relâmpagos do Olimpo para a Terra. Mais tarde, ele teria sido recompensado pelo grande deus ao ser transformado na constelação de Pégaso.</p>

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6 desenhos bizarros de animais retirados de bestiários medievais

A arte rupestre dos povos San revela uma conexão profunda com criaturas extintas, desafiando a compreensão moderna da paleontologia indígena.

<p style="text-align:justify;">No coração das áridas montanhas do Karoo, na África do Sul, uma intrigante <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pintura rupestre</a> está desafiando o entendimento sobre a arte e a paleontologia indígena. O biólogo evolucionista Julien Benoit propôs que a famosa "Serpente Chifruda", uma obra dos antigos <strong>povos San</strong>, retrata um <strong>dicinodonte</strong>, um ancestral dos mamíferos, que pode ter habitado a região há impressionantes 260 milhões de anos, muito antes que os cientistas ocidentais descobrissem esses fósseis.</p><p style="text-align:justify;">A arte, datada entre 1821 e 1835, revela não apenas a habilidade artística dos San, mas também uma <strong>conexão profunda com a história da vida na Terra</strong>, sugerindo que esses povos antigos já reconheciam e reinterpretavam os vestígios de animais extintos que encontravam.</p><h2 style="text-align:justify;">Decifrando a pintura</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30164358320288.png" alt="Reprodução em desenho do animal registrado no painel da Serpente Chifruda. (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)"><figcaption>Reprodução em desenho do animal registrado no painel da Serpente Chifruda. (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)</figcaption></figure></figure><p style="text-align:justify;">As presas do animal representado, que se curvam para baixo, não se assemelham a nenhum <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/109799-13-animais-da-africa-que-voce-provavelmente-nunca-ouviu-falar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">animal atual da África</a>, o que levou a muitas especulações sobre sua identidade. Alguns sugeriram que a criatura poderia ser uma espécie de morsa ou mesmo um gato dente-de-sabre, mas Benoit argumenta que a semelhança com os dicinodontes é inegável.&nbsp;</p><p style="text-align:justify;">Os dicinodontes, animais herbívoros que dominaram a Terra antes do surgimento dos dinossauros, tinham características que se alinham perfeitamente com a pintura. O autor do estudo destaca que <strong>os San, que viviam na área do Karoo, podem ter descoberto e estudado fósseis desses animais</strong>, incorporando-os em sua arte e, possivelmente, em suas tradições orais.</p><p style="text-align:justify;">A conexão entre os San e a paleontologia não é um conceito novo, mas o que Benoit sugere é um reconhecimento da consciência indígena sobre esses fósseis muito antes de qualquer pesquisa científica ocidental.&nbsp;</p><p style="text-align:justify;">Os relatos de grandes criaturas, como “brutos enormes” que vagavam pela terra, fazem parte da mitologia San, reforçando a ideia de que <strong>esses povos viam os fósseis não apenas como um punhado de ossos, mas como vestígios de seres que uma vez coexistiram com eles</strong>.&nbsp;</p><p style="text-align:justify;">Isso abre novas perspectivas sobre como <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128608-6-civilizacoes-antigas-que-cairam-no-esquecimento.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">culturas antigas</a> poderiam interpretar e integrar a paleontologia em suas crenças e narrativas.&nbsp;</p><h2 style="text-align:justify;">Reconhecendo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30164743279291.jpg" alt="As imagens C, D e E são dos fósseis do dinodeconte encontrados na região, indicando que as representaç~ A e B são suas representações"><figcaption>As imagens C, D e E são dos fósseis dos dicinodontes encontrados na região, corroborando com as representações (A e B). (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)</figcaption></figure></figure><p style="text-align:justify;">Benoit notou a semelhança entre a pintura e os dicinodontes pela primeira vez em um livro da década de 1930. Porém, foi só após visitar a obra original e observar fósseis próximos é que ele solidificou sua teoria.&nbsp;</p><p style="text-align:justify;">A região do Karoo é repleta de fósseis, muitos deles pertencentes a dicinodontes, que se tornaram parte do ambiente em que os San caçavam e viviam. Essa proximidade e familiaridade com o passado <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/lokiceratops-o-gigante-prehistorico-com-um-capacete-colossal" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pré-histórico</a> podem ter inspirado a arte rupestre, que, segundo Benoit, <strong>não é apenas uma expressão estética, mas um meio de narrar a história do mundo natural</strong>.</p><p style="text-align:justify;">A postura peculiar do animal na pintura, que lembra a "pose de morte" frequentemente observada em fósseis, sugere que os San poderiam ter estudado as características físicas dos ossos e crânios que encontravam. Essa ideia de que a arte rupestre pode ter raízes em uma interpretação visual e cultural de fósseis antigos desafia a noção de que a paleontologia é uma invenção exclusivamente moderna.</p><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30165742153300.jpg" alt="Na imagem A temos a vista geral do painel da Serpente Chifruda, com as demais fotos detalhando melhor o painel. "><figcaption>Na imagem A temos a vista geral do painel da Serpente Chifruda, com as demais fotos detalhando melhor o painel. (Fonte: Julien Benoit/ Divulgação)</figcaption></figure></figure><p style="text-align:justify;">Por fim, a pesquisa de Benoit e seus colegas destaca <strong>a importância de reavaliar o papel das culturas indígenas na história da ciência</strong>.&nbsp;</p><p style="text-align:justify;">A ideia de que os povos San podiam ter uma compreensão intuitiva <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128627-5-fosseis-de-insetos-curiosos-que-desafiam-a-imaginacao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">dos fósseis e das criaturas</a> que já habitaram a região é revolucionária. Em vez de serem meros espectadores do passado, os San eram, na verdade, os primeiros paleontólogos, integrando seus conhecimentos ancestrais em uma rica tapeçaria de arte e mitologia.&nbsp;</p><p style="text-align:justify;">Essa nova perspectiva não só ilumina a história da ciência, mas também convida a uma maior apreciação da sabedoria e da criatividade dos povos indígenas em relação à sua relação com o mundo natural.</p>

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Arte rupestre na África pode representar animal com mais de 260 milhões de anos

Li Jiayue, natural da Província de Sichuan, é especializado em desenhos tridimensionais impressionantes que criam belíssimas ilusões de ótica. 

<p>Na era das redes sociais, alguns talentos se destacam de maneiras surpreendentes, e Li Jiayue, um jovem artista da província de Sichuan, na China, é um desses casos. <strong>Com um incrível talento para criar </strong><a href="https://www.megacurioso.com.br/ilusao-de-optica/44413-10-ilusoes-de-otica-fritar-cerebro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank"><strong>ilusões de ótica</strong></a><strong> tridimensionais</strong>, Li tem encantado internautas e apreciadores de arte com seu trabalho que mescla técnica e criatividade. Desde cedo, sua paixão pela arte foi evidente, mesmo ao optar por estudar automação elétrica.</p><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03182732170305.jpg" alt="Li Jiayue chama atenção por suas ilusões de ótica impecáveis. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)"><figcaption>Li Jiayue chama atenção por suas ilusões de ótica impecáveis. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)</figcaption></figure></figure><p>Li ganhou notoriedade na plataforma de vídeos Douyin, o equivalente ao TikTok na China, onde suas criações chamaram a atenção de milhões. <strong>Suas obras são verdadeiras camuflagens de objetos do cotidiano</strong>, como postes de luz e troncos de árvores, que parecem se fundir ao ambiente. Recentemente, ele começou a aparecer na televisão, ampliando seu alcance e mostrando que a arte pode transcender fronteiras, mesmo que ainda seja pouco conhecida no Ocidente.</p><h2>A arte das ilusões</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03183033672307.jpg" alt="Artes de Li se misturam com ambiente ao seu redor. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)"><figcaption>Artes de Li se misturam com ambiente ao seu redor. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)</figcaption></figure></figure><p>O trabalho de Li é um testemunho do poder da observação e da destreza técnica. Através de pinceladas cuidadosas e <strong>um profundo entendimento da perspectiva</strong>, ele consegue criar imagens tão detalhadas que é difícil distinguir a arte do fundo.&nbsp;</p><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03183120338308.jpg" alt="Mistura de arte e realidade é uma marca registrada do artista chinês. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)"><figcaption>Mistura de arte e realidade é uma marca registrada do artista chinês. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)</figcaption></figure></figure><p>Essa habilidade não é fruto do acaso; é resultado de anos de prática e dedicação. O <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/artista-mais-novo-do-mundo-vende-primeira-pintura-com-um-ano-e-meio-de-vida" rel="noopener noreferrer" target="_blank">artista</a> se destaca em uma geração repleta de criadores, sendo considerado <strong>um dos mais talentosos do seu tempo no campo das ilusões óticas.</strong></p><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03183227403309.jpg" alt="Real ou fake? Pinturas tridimensionais divertem quem passa pela região. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)"><figcaption>Real ou fake? Pinturas tridimensionais divertem quem passa pela região. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)</figcaption></figure></figure><p>As ilusões de ótica de Li causam espanto e admiração. Ao se deparar com uma de suas obras, é comum questionar se o que se vê é real ou apenas uma pintura. Ele transforma o comum em algo extraordinário, entretendo e provocando reflexões sobre a percepção do mundo ao redor.</p><h2>Reconhecimento global</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/03/03183343294310.jpg" alt="Graças às redes sociais, trabalho de Li Jiayue tem ganhado reconhecimento global. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)"><figcaption>Graças às redes sociais, trabalho de Li Jiayue tem ganhado reconhecimento global. (Fonte: Li Jiayue/Divulgação)</figcaption></figure></figure><p>Embora o trabalho de Li tenha começado em sua cidade natal, seu impacto já se espalhou além das <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118396-6-coisas-sobre-a-china-que-voce-talvez-nao-saiba.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fronteiras chinesas</a>. Com as redes sociais como vitrine, <strong>ele alcançou um público global que aprecia seu estilo inovador</strong>. A recepção calorosa de suas obras indica uma crescente valorização das artes visuais contemporâneas.</p><p>A arte de Li Jiayue exemplifica como a criatividade pode transformar o cotidiano. À medida que ele explora as possibilidades das ilusões óticas, não há dúvidas de que o artista chinês está apenas começando a <strong>deixar sua marca no mundo da arte</strong>, inspirando outros a ver o mundo por meio de uma nova perspectiva, onde a arte e a realidade se entrelaçam de maneiras inesperadas.</p>

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Artista chinês cria ilusões de ótica incríveis ao ar livre

A história desse casal está entre as mais conhecidas da mitologia grega. 

<p>Uma das histórias mais interessantes da mitologia grega é a de Perséfone, uma jovem que foi raptada de sua mãe e obrigada a casar com o deus Hades. Seu narrativa é dramática: certo dia, a bela moça, filha de Deméter, colhia flores, quando chamou a atenção de Hades, o deus do submundo, que a levou para ser sua rainha.</p><p>A tristeza de sua mãe <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121251-os-12-deuses-mais-importantes-do-olimpo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Deméter</a>, que era a deusa da colheita e da agricultura, foi tanta que as terras se tornaram estéreis e os alimentos acabaram. Isso fez com que Zeus ordenasse a devolução de Perséfone. Mas ela tinha comido sementes de romã e, por isso, não pode voltar completamente à terra. A decisão foi equilibrada: a jovem passaria metade do ano com sua mãe, e o restante do tempo com seu marido, no submundo.</p><p>Contudo, historiadores afirmam que o conto de Hades e Perséfone – que explica o surgimento das estações do ano – pode ter alguns equívocos que foram se perpetuando com o tempo. Vejamos quais são.</p><h2>1. O casamento de Hades e Perséfone foi "tradicional"</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/02/02203040279021.jpg" alt="Perséfone foi rtirada de su mãe para habitar o submundo. (Fonte: GettyImages / Reprodução)"><figcaption>Perséfone foi retirada de sua mãe para habitar o submundo. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Algumas versões do mito difundem a ideia de que Hades e Perséfone tiveram um casamento "convencional", mas indícios históricos falam muito mais de uma união forçada. Em <i>Metamorfoses</i>, do poeta romano Ovídio, lê-se uma descrição de Perséfone como uma pessoa "aterrorizada" e "forçada". Já sua mãe Deméter teria ficado furiosa com o rapto e, por isso, "culpou todos os países e gritou contra sua ingratidão básica" antes de tirar "o presente do milho".&nbsp;</p><p>Nos relatos sobre os matrimônios na antiguidade, as famílias dos cônjuges tinham que concordar formalmente com uma união. Mas isso não acontece nesse mito. O que se lê nos registros é que Perséfone, que era bem mais nova que o marido, teria ido "morar" com <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/quem-foi-hades-conheca-a-historia-do-deus-do-submundo-na-mitologia-grega" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hades</a>. A história também revela que Hades não teria demonstrado respeito à sogra, o que coloca toda a trama como um conto moral de advertência sobre uma união conjugal inadequada.</p><h2>2. Esperava-se que os casamentos fossem felizes</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/02/02204002380024.jpg" alt="Perséfone e Hades (Fonte: GettyImages / Reprodução)"><figcaption>Perséfone e Hades não ficaram juntos por amor. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>A expectativa de que os casamentos devem ser felizes e amorosos é uma perspectiva muito moderna. Na antiga <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128800-exonimos-porque-grecia-india-e-outros-paises-tem-nomes-diferentes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hélade</a>, pressupunha-se esse tipo de união como um contrato entre grupos de pares destinado a fortalecer os laços comunitários.&nbsp;</p><p>Tratava-se também de um evento mais social que individual, com objetivo de produzir filhos que perpetuassem uma tribo. Por isso tudo, interpretar o casamento de Hades e Perséfone apenas como infeliz é olhar para a história com uma perspectiva errônea, pois vinda do presente.</p><h2>3. Hades e Perséfone tinham um casamento <i>caliente</i></h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/02/02203359831022.jpg" alt="(Fonte: Borghese / Reprodução)"><figcaption><i>O Rapto de Proserpina,</i> de Gian Lorenzo Bernini, mostr aa violência da união do casal. (Fonte: Borghese / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Talvez uma das versões mais malucas do mito seja a que coloca a história de Hades e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121594-7-deusas-gregas-vitimas-de-machismo-e-misoginia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Perséfone</a> como um romance sensual e erótico, de um sujeito perigoso que se apaixona, toma uma mulher para si e a arrebata.</p><p>Essa abordagem erótica é falsa e, mais uma vez, olhada por uma perspectiva enviesada. Para comprovar isso, basta olhar para as várias esculturas gregas famosas que retratam esse mito. Uma delas é <i>O Rapto de Proserpina</i>, de Gian Lorenzo Bernini, que denota uma franca visão violenta desse episódio mitológico.</p><h2>4. Perséfone era jovem demais para se casar</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/02/02204052397025.jpg" alt="x"><figcaption>Mesmo jovem, já era esperado que a bela Perséfone se casasse. &nbsp;(Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>O erro aqui se dá principalmente pela grande diferença de idade entre os dois: Hades é geralmente concebido como um homem de meia-idade, enquanto Perséfone é mostrada como uma jovem mulher. Só que, para os antigos <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/124859-a-linha-dura-da-ditadura-brasileira-quase-deu-outro-golpe-em-1977.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">helenos</a>, uma adolescente não era jovem demais para se casar.</p><p>Na antiguidade, os homens geralmente eram bem mais velhos que as mulheres quando contraíam matrimônio. Já elas precisavam ser jovens porque a sua principal obrigação era ter filhos – não tê-los significaria não haver sociedade futura.</p>

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4 mentiras  sobre o mito de Hades e Perséfone que você precisa parar de acreditar

Entenda como a cognição humana limita nossa compreensão do infinito como algo realmente ilimitado.

<p>A noção de infinito tem fascinado filósofos e <a href="https://www.megacurioso.com.br/numeros-malucos/37022-matematica-maluca-serie-infinita-apresenta-tres-resultados-diferentes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">matemáticos</a> ao longo dos séculos. Afinal, é uma ideia abstrata que vai além dos números finitos. Mas, recentemente, pesquisadores do Laboratório de Pensamento Quantitativo e Cognição da Universidade Ariel, em Israel, fizeram uma descoberta surpreendente sobre como nosso cérebro realmente entende esse conceito.</p><p>Segundo o estudo, publicado no <i>Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and Cognition</i>, em vez de enxergarmos o infinito como um conceito sem limites, muitas vezes o tratamos como um número concreto. Mas por que isso acontece?</p><h2>O que é o infinito?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/01/01213615161002.jpg" alt="O infinito representa algo sem limites, como a vastidão do universo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>O infinito representa algo sem limites, como a vastidão do Universo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>O infinito pode parecer um conceito simples, mas foge da nossa percepção do dia a dia. Ele não é apenas um número grande — na verdade, nem é um número. Representa <a href="https://www.megacurioso.com.br/universo/98035-os-21-misterios-mais-intrigantes-sobre-o-universo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">algo que não tem fim</a>, algo impossível de alcançar ou contar.</p><p>O infinito significa "sem limites" ou "ilimitado", uma ideia que vai muito além do que estamos acostumados a lidar, o que pode gerar confusão.</p><p>Embora a gente saiba, em teoria, que o infinito é maior que qualquer número, nossos cérebros nem sempre assimilam essa ideia. Quando vemos o símbolo "8", acabamos comparando-o com números de maneira visual e concreta, o que limita nossa compreensão.</p><p>Mesmo com seu significado abstrato, o símbolo muitas vezes é processado como se fosse só mais um número na nossa mente. Foi justamente isso que os pesquisadores observaram: a mente humana tem dificuldade em lidar com a ideia do "sem fim" e acaba encaixando em categorias mais familiares e concretas.</p><h2>Descobertas sobre o processamento cognitivo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/10/01/01213846306003.jpg" alt="O cérebro enfrenta desafios ao processar ideias abstratas, como o infinito. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>O cérebro enfrenta desafios ao processar ideias abstratas, como o infinito. (Fonte: Getty Images/Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Os pesquisadores realizaram testes com 120 pessoas para entender como o <a href="https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/58793-9-fatos-sobre-o-cerebro-humano-que-voce-ainda-desconhece.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cérebro</a> lida com o símbolo do infinito. Eles aplicaram dois tipos de tarefas: uma para comparar números com o símbolo e outra para avaliar o tamanho físico dos símbolos.</p><p>Na primeira, os participantes decidiam qual símbolo era maior entre números de um, dois ou mais algarismos e o infinito. Quando a comparação era com números pequenos, respondiam rápido. Mas, ao compará-lo com números grandes, demoravam mais, como se vissem o infinito apenas como um número muito grande, não algo sem fim.</p><p>Na segunda tarefa, mesmo quando focavam no tamanho dos quadros ao redor dos símbolos, o tamanho dos próprios símbolos influenciava suas decisões. O símbolo "8" maior era tratado como algo mais significativo, mas ainda assim não era visto consistentemente como "o maior".</p><p>Assim, a forma como processamos o infinito revela nossa dificuldade em lidar com ideias que vão além do que podemos ver ou tocar, como muitos conceitos matemáticos. Nossa mente deveria vê-lo como algo sem limites, mas acaba tratando-o como só mais um número. Quem diria que um simples símbolo poderia nos confundir tanto?</p>

Nosso cérebro tem dificuldade de ver ausência do fim no infinito; mas por quê?

Segundo pesquisadores, a antiga metrópole marroquina pode ser a peça que faltava para entendermos melhor a história do Mediterrâneo.

<p style="text-align:justify;">Há mais de 5 mil anos, uma grande cidade floresceu no que hoje conhecemos como Marrocos. Esse centro urbano, localizado em <strong>Oued Beht</strong>, cerca de 100 quilômetros de Rabat, está sendo considerado pelos arqueólogos como a maior cidade da época fora da famosa Bacia do Nilo. E por que essa cidade foi esquecida? Simples: <strong>até recentemente, sabíamos muito pouco sobre as civilizações que viveram no norte da África nesse período</strong>. Agora, uma nova descoberta está preenchendo essa lacuna.</p><p style="text-align:justify;">Pesquisadores liderados pelo professor Cyprian Broodbank, da Universidade de Cambridge, acreditam que Oued Beht não apenas abrigava um dos maiores centros urbanos da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/o-vale-do-rifte-na-africa-pode-nao-ser-o-berco-da-humanidade" rel="noopener noreferrer" target="_blank">África</a> antiga, mas t<strong>ambém mantinha relações comerciais com a Península Ibérica e, talvez, influenciasse boa parte do Mediterrâneo</strong>. A descoberta está começando a mudar nossa visão sobre o papel das civilizações africanas no mundo antigo.</p><h2 style="text-align:justify;">A maior cidade da África fora do Nilo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30190532680341.jpg" alt="A antiga Oued Beht já foi uma das grandes cidades da região do Mediterrâneo. (Fonte: Toby Wilkinson/Reprodução)"><figcaption>A antiga Oued Beht já foi uma das grandes cidades da região do Mediterrâneo. (Fonte: Toby Wilkinson/Reprodução)</figcaption></figure></figure><p style="text-align:justify;">Mas o que torna Oued Beht tão especial? Além de sua grandeza, os arqueólogos descobriram que essa cidade, por volta de 3000 a.C., era um centro agrícola florescente, comparável a cidades como Troia, durante seu auge na Idade do Bronze. “Essa é atualmente a mais antiga e maior complexidade agrícola da África fora do corredor do Nilo”, explicam os pesquisadores.</p><p style="text-align:justify;">Os objetos encontrados ali são impressionantes: <strong>cerâmicas decoradas, ferramentas de pedra e poços semelhantes aos da Espanha</strong>, usados para armazenar alimentos ou eliminar resíduos. Essa conexão com a Península Ibérica, que já havia dado indícios através de objetos como marfim e ovos de avestruz — importados da África —, agora parece ter sido mais forte do que imaginávamos. Os achados sugerem que havia uma rede de trocas comerciais significativa entre essas duas regiões, e Oued Beht estava no centro disso.</p><h2 style="text-align:justify;">Relações comerciais e conexões mediterrâneas</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30192048881356.jpg" alt="Cerâmica neolítica de Oued Beht. (Fonte: Rafael Laoutari/Rafael Martínez Sánchez/Moad Radi/Reprodução)"><figcaption>Cerâmica neolítica de Oued Beht. (Fonte: Rafael Laoutari/Rafael Martínez Sánchez/Moad Radi/Reprodução)</figcaption></figure></figure><p style="text-align:justify;">O curioso é que, apesar de sua localização relativamente distante do Mediterrâneo — a cidade está no interior do <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/105373-chefchaouen-conheca-a-cidade-no-marrocos-que-ha-500-anos-e-pintada-de-azul.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Marrocos</a> e exigiria a travessia das montanhas do Atlas para alcançar o mar — <strong>Oued Beht parece ter tido ligações comerciais importantes com o outro lado do Estreito de Gibraltar</strong>. Isso levanta a possibilidade de que a civilização tenha desenvolvido embarcações capazes de navegar no Atlântico e alcançar a Europa.</p><p style="text-align:justify;">Além das cerâmicas e ferramentas, as escavações revelaram restos de paredes de pedra e mais de mil machados. <strong>Os pesquisadores também encontraram sinais de animais domesticados, como cabras, ovelhas, gado e porcos</strong>, o que mostra que a agricultura e a pecuária já eram bem desenvolvidas. E mesmo sem a presença de ferramentas de colheita, os grandes moinhos de pedra encontrados indicam que eles cultivavam cereais.</p><p style="text-align:justify;">Tudo isso aponta para uma cidade altamente organizada e conectada com o mundo ao seu redor. “É crucial considerarmos Oued Beht dentro de um quadro maior de conexões entre os povos de ambos os lados do Mediterrâneo”, dizem os autores do estudo. Afinal, essa cidade africana pode ter sido uma peça fundamental no desenvolvimento das primeiras <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128608-6-civilizacoes-antigas-que-cairam-no-esquecimento.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">civilizações</a> mediterrâneas, e sua redescoberta está ajudando a reescrever nossa compreensão da história antiga.</p>

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Oued Beht: a cidade de 5 mil anos esquecida na África

Provavelmente tudo o que você aprendeu sobre cassino nos filmes estava errado.

<p>Os <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124778-8-curiosidades-sobre-o-primeiro-cassino-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cassinos</a>, com seu ambiente glamouroso, costumam ser vistos pela maioria de nós como lugares realmente fascinantes. Ao pensar em um, você provavelmente vai lembrar dos tantos filmes passados em <a href="https://www.megacurioso.com.br/turismo-e-viagens/42254-8-dos-banheiros-mais-luxuosos-de-las-vegas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Las Vegas</a> que mostram cenas divertidíssimas, tal qual <i>Se Beber Não Case,</i> não é mesmo?&nbsp;</p><p>Sentimos dizer que nem tudo que aparece no cinema está próximo da realidade. Afinal, os filmes promovem um monte de mitos que são capazes de fazer você desejar estar em um cassino agora mesmo – apagando o fato de que você tem muita chance de perder muito dinheiro em um deles.</p><h2>1. As máfias controlam os cassinos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/20/20190902379195.jpg" alt="(Fonte: IMDB / Reprodução)"><figcaption>Provavelmente você não encontrará um gângster como Robert De Niro em um cassino. (Fonte: IMDB / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p><i>Cassino</i>, de 1995, é um filme de Martin Scorsese que fez muita gente encarar os lugares dedicados aos jogos de azar como espaços voltados à <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/67286-voce-sabe-de-onde-as-organizacoes-terroristas-tiram-tanto-dinheiro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">lavagem de dinheiro</a> feita pelas máfias. Mas saiba que não é bem assim.</p><p>Atualmente, este não é o cenário dos cassinos americanos, onde eles são autorizados mediante rigorosa regulamentação. Pelo contrário: nos Estados Unidos, há várias leis que regulam os jogos em plataformas físicas e <i>online</i>. Além disso, quem ganha dinheiro neles também precisa pagar uma boa quantidade de <a href="https://www.tecmundo.com.br/mercado/287635-taxa-blusinhas-entra-vigor-saiba-voce-pagar-em-compras-internacionais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">impostos</a>.</p><h2>2. Dá para enriquecer rapidamente</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/20/20200326043001.jpg" alt="x"><figcaption>Imaginar que você vai enriquecer em um cassino não passa de ilusão. (Fonte: IMDB / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Também é bem comum a ideia de que, num lance de sorte ou de esperteza, dá para usar certas táticas e ganhar milhões dentro de um cassino. Na vida real, as coisas são bem diferentes.</p><p>É claro que jogadores mais experientes têm alguma vantagem. Mas, como já dito, não passa de uma chance a mais. Na prática, a regra é simples: quanto mais vezes se joga, maior será a chance de perder. Afinal, não à toa as apostas são chamadas de "<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/128345-qual-a-diferenca-entre-jogos-de-azar-e-apostas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">jogos de azar</a>".</p><h2>3. Cassinos são lugares perigosos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/20/20190953124196.jpg" alt="x"><figcaption>Provavelmente você não corre grandes riscos em um cassino. (Fonte: IMDB / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Desde sempre também somos inundados com a imagem de os cassinos são locais que atraem criminosos e estão sempre cheios de pessoas perigosas. Afinal, tem um monte de filmes de gângster com cenas passadas em um deles.</p><p>Feliz ou infelizmente, isso é coisa que só existe na ficção. A maior parte dos cassinos hoje em dia são propriedades de grandes empresas sem interesse em burlar a lei – o que significaria ficar à margem das autoridades e por fim perder dinheiro. Então, ir a um provavelmente é menos "emocionante" do que parece nos filmes.</p><h2>4. A inteligência pode fazê-lo vencer nos jogos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/20/20200219232000.jpg" alt="z"><figcaption>A genialidade não faz ninguém ficar rico nos jogos.(Fonte: IMDB / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Talvez um dos grandes "culpados" por essa ideia de que a inteligência faz alguém ganhar muito em jogos de azar é o filme <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/106616-5-personagens-de-series-que-ajudam-a-entender-o-autismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank"><i>Rain Man</i></a>, de 1988. Nessa obra, um homem autista interpretado por Dustin Hoffman usa a técnica de contagem de cartas para ganhar grandes quantias de dinheiro em um cassino em um curto período de tempo.&nbsp;</p><p>Saiba que isso não passa de ilusão: na vida real, mesmo que você tivesse a capacidade de contar todas as cartas, tal como o personagem, provavelmente isso não serviria para muita coisa em um cassino.</p>

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4 coisas que o cinema ensinou errado sobre cassinos e jogos de azar

Empresas que estão presentes no nosso cotidiano foram fortes colaboradoras do nazismo.

<p>Uma das razões pelas quais o nazismo vigorou na Alemanha foi que o o regime teve apoio de várias empresas, que contribuíram com a empreitada de Hitler de diferentes maneiras – seja projetando e construindo armas e equipamentos, seja se beneficiando do trabalho forçado de judeus.</p><p>É curioso (e mesmo aterrorizante) saber que algumas dessas empresas seguem firmes e fortes até hoje, e que várias delas, inclusive, fazem parte de nossas vidas.</p><h2>1. Volkswagen</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/18/18204200996034.jpg" alt="x"><figcaption>A Volkswagen produziu equipamento militar para os nazistas. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Já é sabido que a Volkswagen criou o <a href="https://www.megacurioso.com.br/veiculos/102217-fusca-azul-conheca-a-origem-da-brincadeira-que-gera-socos-e-tapas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Fusca</a> para Hitler, mas o envolvimento da empresa alemã com o nazismo foi muito além desse fato. Durante a guerra, a Volkswagen direcionou o seu trabalho para a produção militar.</p><p>Além disso, a Volks utilizava trabalho escravizado em suas fábricas, e esses "trabalhadores" eram emprestados pela Schutzstaffel (SS) de campos de concentração próximos. Obviamente, as condições fornecidas a essas pessoas eram terríveis – tanto que, em 1998, a empresa estabeleceu um fundo de reparações consistindo de US$ 12 milhões para compensar suas vítimas da Segunda Guerra Mundial.</p><h2>2. Porsche</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/18/18204140656032.jpg" alt="x"><figcaption>O dono da Porsche era muito querido por Hitler. (Fonte: Porsche / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Embora o carro Porsche só tenha surgido em 1950, a empresa já existia antes disso, e foi uma fornecedora de máquinas de guerra para <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121500-hitler-tinha-planos-de-aniquilar-a-etnia-polonesa-em-ate-20-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hitler</a>. Seu fundador, Ferdinand Porsche, projetou carros que foram usados pelo Führer, e continuou produzindo depois que a guerra encerrou.</p><p>Por causa disso, diz-se que o sucesso da Porsche se deveu a dois fatores: o fato de que Hitler adorava Ferdinand Porsche, e que o empresário abraçou completamente o uso de trabalho escravizado em suas fábricas para poder atender às demandas do líder nazista.</p><h2>3. IBM</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/18/18204038424030.jpg" alt="x"><figcaption>A IBM criou máquinas que rastrearam milhares de judeus. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>A empresa americana IBM desenvolveu computadores tanto antes quanto depois da Segunda Guerra Mundial. É claro que, no começo do século 20, eram máquinas bem mais simples, daquelas que perfuravam cartões. Em 1933, a IBM vendeu 2.000 dessas máquinas para os <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128888-por-que-a-argentina-foi-destino-de-tantos-nazistas-apos-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nazistas</a>.</p><p>Esses cartões gerados por esses computadores foram usados sobretudo para rastrear judeus e gerenciar essas pessoas, tornando a operação assassina dos nazistas ainda mais eficiente. Não por acaso, esses equipamentos se tornaram conhecidos como “Calculadoras da Morte”.</p><h2>4. Bayer</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/18/18204023393028.jpg" alt="x"><figcaption>A Bayer se beneficiou do nazismo para ferir princípios éticos em seus medicamentos. (Fonte: Bayer / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>A farmacêutica Bayer é até hoje líder do seu ramo de atuação. Contudo, durante as décadas de 1930 e 1940, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/122271-bayer-ja-vendeu-medicamentos-contaminados-com-virus-hiv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Bayer</a> pertencia ao conglomerado IG Farben, que apoiava fortemente o Terceiro Reich. A empresa usou essa relação ao seu favor ao testar medicamentos em seres humanos que estavam nos campos de concentração de Dachau, Gusen e Auschwitz.</p><p>Mas há uma história ainda pior. Nessa época, a Bayer também supervisionava uma fábrica química onde ocorriam experimentos humanos. Nesse local, os cientistas da Bayer infectavam propositalmente pacientes com difteria, <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121721-como-a-tuberculose-mudou-a-maneira-como-os-vitorianos-se-vestiam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tuberculose</a> e outras doenças. E, para finalizar o fato escandaloso, a farmacêutica também empregava mais de 25.000 trabalhadores escravizados.</p><h2>5. Audi</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/18/18203941152026.jpg" alt="(Fonte: GettyImages / Reprodução)"><figcaption>A Audi usava prisioneiros de campos de concentração em sua linha de produção. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Mundialmente conhecida no ramo de carros de luxo, a Audi tem um passado obscuro. Durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112268-entenda-como-comecou-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>, a Audi fechou um acordo com a Schutzstaffel (SS) para usar prisioneiros de campos de concentração para a produção de seus carros. Segundo um relatório de 2014, a empresa fez uso do trabalho de mais de 3.700 pessoas escravizadas que foram retiradas de sete campos de concentração.</p><p>Além disso, a Audi se aproveitou de mais 16.500 trabalhadores forçados que não saíram dos campos. Nesse período, cerca de 4.500 pessoas morreram trabalhando para a empresa. Ou seja, quase um quinto dos "funcionários" da Audi durante a Segunda Guerra Mundial consistia de presos de campos de concentração, a maior parte deles sendo judeus.</p>

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5 empresas que apoiaram os nazistas – e que ainda existem

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Alemanha e Japão tiveram que pagar por seus crimes, mas a Itália não.

<p>Após o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreram uma série de tribunais militares contra os membros da liderança política, militar e econômica da Alemanha Nazista. Os chamados <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120049-tribunal-de-nuremberg-condenacao-de-nazistas-completa-75-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">julgamentos de Nuremberg</a> resultaram em 200 sentenças de morte e 279 condenações a prisão perpétua.&nbsp;</p><p>Julgamentos semelhantes foram conduzidos em Tóquio, entre 1946 e 1948, e levaram à justiça 28 réus da liderança militarista do Japão Imperial – a família imperial, em si, foi absolvida de ter cometido qualquer delito.</p><p>Todos esses julgamentos foram promovidos pelo conjunto de nações chamado de Aliados, que se sagraram vencedores no conflito. Por isso, uma pergunta pertinente que poderia ser feita é esta: por que o terceiro membro desse Eixo – a Itália – foi esquecido por essas punições?</p><h2>Os crimes de guerra cometidos pelos italianos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30205246787004.jpg" alt="(Fonte: GettyImages / Reprodução)"><figcaption>As tropas italianas cometeram crimes tendo como base o governo fascista de Mussolini. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Nem sempre isso é ventilado pelos relatos históricos com tanta veemência, mas as forças armadas italianas, as forças de segurança e as milícias fascistas cometeram atrocidades comparáveis às de seus aliados do Eixo, como Japão e Alemanha. No entanto, nunca houve uma "Nuremberg italiana".</p><p>Entender isso pressupõe também compreender o alcance do <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/109748-mas-afinal-o-que-e-o-fascismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fascismo italiano</a>. Ainda que não tenha estabelecido políticas para eliminar radicalmente grupos étnicos ou religiosos considerados "indesejáveis" (como o nazismo), o regime de Benito Mussolini buscou apoiar políticas nacionalistas e expansionistas agressivas.</p><p>Depois da entrada na Segunda Guerra Mundial, as tropas italianas participaram da invasão de diversos territórios na França, Grécia, Iugoslávia, Leste e Norte da África, além da União Soviética. E em todos esses lugares, cometeram crimes de guerra contra combatentes e civis. Na Líbia, por exemplo, suas ações vitimaram cerca de 83.000 pessoas.</p><p>Os Aliados sempre observaram essas atrocidades cometidas pelos italianos, e consideravam os fascistas tão criminosos quanto seus colegas alemães e japoneses. Tanto que, em 1942, representantes de 18 governos aliados realizaram uma Conferência Interaliada sobre a Punição de Crimes de Guerra, e assinaram uma declaração prometendo investigar e julgar essas nações. Isso incluía, claro, a Itália.</p><h2>Como a Itália evitou os julgamentos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/09/30/30205305762007.jpg" alt="x"><figcaption>Uma série de fatores fez com as tropas italianas não fossem punidas com a mesma intensidade. (Fonte: GettyImages / Reprodução)</figcaption></figure></figure><p>Em outubro de 1943, a liderança aliada criou a Comissão de Crimes de Guerra das Nações Unidas, um órgão independente para investigar evidências de crimes de guerra. Um mês depois, líderes das nações aliadas adotaram a "Declaração de Moscou", na qual concordavam que os criminosos de guerra italianos tinham que ser punidos. Neste meio tempo, 1.200 cidadãos italianos foram considerados suspeitos de crimes de guerra.</p><p>As razões pelas quais eles não passaram pelos mesmos tribunais são complexas. Uma delas envolve o ato do armistício italiano de 8 de setembro de 1943, com o qual o governo italiano se rendia aos Aliados e continuava a guerra contra o Eixo como um exército ao lado da Grã-Bretanha, dos EUA e de outras forças aliadas. Ou seja, houve uma troca de lados.</p><p>Além disso, a dissidência contra <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118755-domenico-leccisi-o-jornalista-que-roubou-o-cadaver-de-mussolini.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mussolini</a> cresceu muito dentro das forças armadas, levando a uma moção para que se destituísse o ditador, entregando o poder ao Rei Vitor Emanuel III de Saboia. Como houve maioria na votação, o rei mandou prender o Duce.</p><p>Em seguida, Vitor Emanuel nomeou o Marechal de Campo Badoglio como primeiro-ministro, embora ele mesmo pudesse ser responsabilizado por vários crimes de guerra. Aí, um representante de Badoglio assinou um armistício secreto com o general americano Walter Bedell Smith, retirando a Itália do pacto do Eixo.</p><p>Quando Mussolini foi solto por paraquedistas alemães, acabou sendo reintegrado como chefe de um novo estado chamado de República Social Italiana, dividindo o país. Ou seja, a Itália estava às beiras de uma guerra civil – colocando de lados diferentes a República Social Italiana, as forças alemãs, os Aliados e as tropas italianas que repudiavam o fascismo.</p><p>Isso trouxe uma enorme bagunça: caso houvesse um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121402-aspa-lei-proibe-americanos-de-serem-julgados-por-crimes-de-guerra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tribunal de crimes de guerra</a>, um possível governo italiano do <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/4-fatos-sobre-a-segunda-guerra-mundial-que-ainda-nao-foram-explicados" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pós-guerra</a> poderia ter desempenhado o papel de réu e vítima. Por fim, Badoglio e o general americano Eisenhower assinaram um segundo acordo chamado "Instrumento de Rendição", o que obrigava o novo governo italiano a entregar para as Nações Unidas Benito Mussolini e seus asseclas.</p><p>&nbsp;Assim, acordou-se em uma decisão que todas as forças aliadas não deveriam prender qualquer suspeito de crime de guerra na Itália. Desse modo, criminosos terríveis acabaram escapando de consequências piores.</p>

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