Artes/cultura
14/10/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 14/10/2024 às 10:00
Uma semente com mais de mil anos, encontrada em um deserto da Judeia durante a década de 1980, foi plantada e cultivada por uma equipe internacional de botânicos, agricultores e historiadores. Surpreendentemente, a árvore brotou e cresceu, e seu DNA é compatível com um gênero de árvore já extinta, mas mencionada na Bíblia.
Publicado na revista Communications Biology, o estudo descreve toda a epopeia da semente, batizada de "Sabá" pela equipe, desde o local onde foi encontrada, até o trabalho de pesquisa para apurar suas origens e, finalmente, o que eles aprenderam sobre sua história, à medida que ela brotava e se transformava em uma árvore adulta.
Desenterrada durante escavações arqueológicas de uma caverna no deserto da Judeia, a semente foi considerada viável e plantada em 2010. Hoje a árvore está madura e tem três metros de altura, com folhas verdes em seus galhos. Segundo os autores, o seu tipo está extinto atualmente.
Sabá foi identificada pelos pesquisadores como pertencente ao gênero Commiphora, que abriga várias espécies conhecidas por produzirem resinas aromáticas valiosas, usadas em perfumes, medicamentos e incensos, como o olíbano e a mirra. Como Sabá ainda não floresceu, não dá para saber mais sobre suas características reprodutivas.
A semente da qual Sabá foi gerada foi datada entre 993 e 1202 d.C. Embora exames de DNA e análise filogenética tenham confirmado que a árvore é aparentada com a Commiphora angolensis , a C. neglecta e a C. tenuipetiolata, ela se mostrou uma espécie totalmente desconhecida dentro do gênero. É possível que Sabá seja uma sobrevivente de árvores da região do Levante Meridional, hoje Israel, Palestina e Jordânia.
A autora principal do estudo, Sarah Sallon da Organização Médica Hadassah, de Israel, sugeriu que Sabá pode ter sido o histórico “Bálsamo da Judeia”, uma árvore icônica, famosa pela sua fragrância na antiguidade. Mas a ausência de compostos aromáticos na nova árvore jogou a teoria por terra.
Refutada a teoria de bálsamo da Judeia, restou uma segunda hipótese, a de que Sabá seria a planta da qual o “tsori” bíblico foi extraído. Referida como um bálsamo ou unguento utilizado para fins medicinais, essa substância é citada no Antigo Testamento, em passagens como Jeremias 8:22, onde é chamada de "bálsamo em Gileade".
A teoria de que Sabá pode ser um exemplo revivido da árvore do tsori é apoiado pelo fato de a semente ter sido achada no vale do Rift do Mar Morto, ao norte da antiga Gileade.
Uma análise fitoquímica das folhas e da resina da nova árvore revelaram a presença de triterpenoides pentacíclicos, com propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias, antibacterianas e anticancerígenas.