Imagem de Estudo diz que a cerveja foi a grande responsável pelo desenvolvimento da civilização humana no megacurioso

Evidências mostram que os humanos começaram a cultivar para produzir cerveja, não o pão

A primeira pir&acirc;mide constru&iacute;da no complexo de Giz&eacute;, no Egito, foi a de Qu&eacute;ops, tamb&eacute;m conhecida como Grande Pir&acirc;mide, em algum momento por volta de 2580 a.C. e 2560 a.C. Para isso, a bebida alco&oacute;lica, mais especificamente a cerveja, foi respons&aacute;vel por servir como moeda para <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/124286-egipcios-foram-pagos-em-cerveja-durante-a-construcao-das-piramides.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pagar os trabalhadores</a> que ergueram todas essas estruturas.
Mas, at&eacute; que a cerveja se tornasse um produto fundamental para os eg&iacute;pcios antigos, ela precisou percorrer um longo caminho na hist&oacute;ria evolutiva do homem. Algum tempo atr&aacute;s, acreditava-se que a cerveja, descoberta de maneira acidental, come&ccedil;ou a ser cultivada durante um per&iacute;odo conhecido como Revolu&ccedil;&atilde;o Neol&iacute;tica, que aconteceu entre 10.000 a.C. e 4.000 a.C.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/14/14131953628202.jpg" alt="(Fonte: Christian Jegou/Science Photo Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Christian Jegou/Science Photo Library/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi nesse per&iacute;odo que os seres humanos come&ccedil;aram a praticar a agricultura, cultivando, plantando e criando animais para alimenta&ccedil;&atilde;o. Com isso, eles formaram assentamentos permanentes, degustando da cerveja depois que descobriram que os gr&atilde;os silvestres usados para fazer p&atilde;o podiam tamb&eacute;m servir para outra fun&ccedil;&atilde;o.
H&aacute; pelo menos 5 mil anos, a bebida era uma das partes mais importantes da vida cotidiana da cidade mesopot&acirc;mica de Uruk (atual Iraque), consumida diariamente em momentos de lazer, durante as refei&ccedil;&otilde;es, em festas e comemora&ccedil;&otilde;es religiosas.
No entanto, foi s&oacute; recentemente que pesquisadores descobriram que, na verdade, a civiliza&ccedil;&atilde;o surgiu por causa da cerveja.
<h2>A hip&oacute;tese da cerveja antes do p&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/12/12144438998229.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
Para comprovar isso, por milh&otilde;es de anos, os primeiros seres humanos se mantiveram como ca&ccedil;adores-coletores, at&eacute; mesmo depois que evolu&iacute;ram para o Homo sapiens. At&eacute; que, cerca de 12 mil anos atr&aacute;s, alguns come&ccedil;aram a domesticar animais e plantar, mudando de uma vida n&ocirc;made para uma assentada, baseada na agricultura.
Engra&ccedil;ado pensar que esse comportamento se espalhou pela maior parte da humanidade em um tempo muito curto, considerando os termos hist&oacute;ricos, e que os ca&ccedil;adores-coletores rapidamente se tornaram ultrapassados e reduzidos a uma pequena minoria. Eles foram at&eacute; perseguidos pelos fazendeiros assentados, tendo que escolher entre se adaptar ao novo estilo de vida ou fugir para terras menos desej&aacute;veis para conseguir sobreviver.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/14/14132259533203.jpg" alt="(Fonte: Heinrich Harder/Wikimedia Commons)" />(Fonte: Heinrich Harder/Wikimedia Commons)
A ci&ecirc;ncia e os historiadores acreditaram por muito tempo que o p&atilde;o tinha sido o motivo pelo qual os humanos come&ccedil;aram a se estabelecer nos lugares. Os homens pr&eacute;-hist&oacute;ricos aprenderam a cultivar gr&atilde;os e descobriram, depois de muita experimenta&ccedil;&atilde;o, como mo&ecirc;-los em farinha e mistur&aacute;-los em massa para fazer o p&atilde;o. O alimento foi considerado milagroso por ser muito palat&aacute;vel, dar energia e encher o est&ocirc;mago. Era uma refei&ccedil;&atilde;o completa. E para melhorar, os gr&atilde;os podiam durar anos ap&oacute;s colhidos.
A ideia de que os primeiros humanos cultivaram gr&atilde;os em larga escala, n&atilde;o pelo p&atilde;o, mas pela cerveja, surgiu do fato que os proto-humanos, que vieram antes do Homo sapiens moderno, j&aacute; eram viciados em &aacute;lcool feito a partir de uvas fermentadas e bagas.&nbsp;
Provavelmente, eles subiram em &aacute;rvores para colher bagas, acabaram gostando do seu sabor doce e passaram a colecion&aacute;-las. Em alguns dias, come&ccedil;aram a fermentar e o suco que surgiu no fundo dos recipientes foi transformado em um vinho com baixo teor alco&oacute;lico. Ou seja, uma obra do acaso.
<h2>Obcecados pela sensa&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/14/14132557266206.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
Em 2018, publicado no&nbsp;Science Direct, um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Stanford descreveu evid&ecirc;ncias de uma extensa opera&ccedil;&atilde;o de fabrica&ccedil;&atilde;o de cerveja, datada de pelo menos 13 mil anos atr&aacute;s, na caverna Raqefet, perto de Haifa, em Israel.
&ldquo;Isso representa o registro mais antigo de &aacute;lcool produzido pelo homem no mundo&rdquo;, escreveu o professor Li Liu, l&iacute;der da equipe de pesquisa.
Eles descobriram que os natufianos, povos que fabricavam essa cerveja no Oriente Pr&oacute;ximo, eram ca&ccedil;adores-coletores e n&atilde;o fazendeiros assentados. Isso significa que a fabrica&ccedil;&atilde;o de cerveja &eacute; anterior &agrave; Revolu&ccedil;&atilde;o Neol&iacute;tica, que transformou os h&aacute;bitos dos humanos. A descoberta d&aacute; suporte &agrave; teoria de que a cerveja, e n&atilde;o o p&atilde;o, foi o que preparou o terreno para que o corpo de uma civiliza&ccedil;&atilde;o surgisse.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/14/wolfgangrieger-14133257730215.jpg" alt="WolfgangRieger" />(Fonte: WolfgangRieger/Wikimedia Commons)
O homem pr&eacute;-hist&oacute;rico s&oacute; come&ccedil;ou a se organizar porque queria beber cerveja e, para isso, precisava de gr&atilde;os. Para ter um suprimento constante, eles precisaram se estabelecer para cuidar de seus campos.
N&atilde;o deveria ser surpresa, afinal, a sensa&ccedil;&atilde;o de embriaguez, como os pr&oacute;prios proto-humanos mostraram, &eacute; uma vontade antiga. Ela foi essencial para aliviar dores e o estresse, t&atilde;o caracter&iacute;sticos daquele tempo, seja pela falta de alimento ou por ferimentos que demoravam ou n&atilde;o cicatrizavam.
Em contexto social, a bebida alco&oacute;lica atuou como uma &oacute;tima jogadora de poker quando inserida em meio a estranhos, pois diminuiu as inibi&ccedil;&otilde;es em tempos religiosamente restritos e reduziu a capacidade de todos de mentir e enganar. Com isso, tornou as pessoas mais confiantes e confi&aacute;veis. Pelo bem ou pelo mal, essa confian&ccedil;a refor&ccedil;ada melhorou a capacidade de coopera&ccedil;&atilde;o e criou &ndash; ou fortaleceu &ndash; la&ccedil;os entre os outros.

thumb-image-2024-02-29T14:07:08.902Z

Estudo diz que a cerveja foi a grande responsável pelo desenvolvimento da civilização humana

Imagem de Os altos e baixos na história da implementação do trem-bala no Brasil no megacurioso

A TAV Brasil anunciou esse ano o projeto bilionário para a construção do famoso trem-bala no Brasil

Qual foi a primeira vez que ouviu falar em um trem-bala no Brasil? A maioria se recorda que o projeto ganhou for&ccedil;a durante o governo Lula e Dilma, entre 2003 e 2016, mas o projeto &eacute; bem mais antigo que isso.
O trem-bala &eacute; como s&atilde;o popularmente chamados os trens de alta velocidade que surgiram no Jap&atilde;o em 1964. Os japoneses come&ccedil;aram o planejamento para o sistema ferrovi&aacute;rio antes mesmo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122424-7-principais-e-datas-acontecimentos-da-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>, em meados do final da d&eacute;cada de 1930, fazendo uma s&eacute;rie de aquisi&ccedil;&atilde;o de terrenos.
O trem-bala Shinkansen fez sua estreia ao mundo em 1 de outubro de 1964, conectando as duas maiores cidades do oeste japon&ecirc;s, Osaka e Fukuoka. O projeto estendeu a linha Tokaido, possibilitando a viagem de T&oacute;quio &agrave; Fukuoka, um trajeto de aproximadamente 18 mil quil&ocirc;metros, em at&eacute; 5 horas. Ao longo do tempo, os trens foram sendo implementados com vag&otilde;es-restaurantes e outros luxos para tornar a viagem ainda mais confort&aacute;vel, fazendo brilhar os olhos dos demais governos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/11/11125350877137.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte:&nbsp;Three Lions/Getty Images)
Prova disso &eacute; que, em 27 de setembro de 1981, a empresa SNFC Train abriu a primeira linha do seu Train &agrave; Grand Vitesse (TGV), conectando Paris a Lyon, um percurso de 425 quil&ocirc;metros. Isso marcou a estreia da expans&atilde;o maci&ccedil;a da malha ferrovi&aacute;ria de alta velocidade francesa, com trens percorrendo trilhos a 300 km/h, garantindo o tempo m&aacute;ximo de 30 minutos de viagem ou reembolso de um ter&ccedil;o do pre&ccedil;o do bilhete.&nbsp;
A popularidade do TGV foi tamanha que n&atilde;o restou outra alternativa para as companhias a&eacute;reas sen&atilde;o aceitar a concorr&ecirc;ncia com o novo modelo de transporte e utiliz&aacute;-lo em benef&iacute;cio pr&oacute;prio.
<h2>Os "avi&otilde;es sobre rodas"</h2>
<span data-fonte="Komata/Three Lions/Getty Images" data-fonte-url="https://www.gettyimages.com.br/detail/foto-jornalistica/an-epoch-maker-train-crossing-a-bridge-on-the-new-foto-jornalistica/3347221" class="img-fc"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/11/komata-three-lions-11172455269363.jpg" alt="Komata/Three Lions" />(Fonte: Komata/Three Lions/Getty Images)
Para muitos, o Trem de Alta Velocidade (TAV) ainda &eacute; um resqu&iacute;cio do ufanismo irreal que come&ccedil;ou no governo militar ditatorial de Em&iacute;lio M&eacute;dici. Marcado por obras fara&ocirc;nicas, como a constru&ccedil;&atilde;o da rodovia Transamaz&ocirc;nica (BR-230) e a ponte Rio-Niter&oacute;i, o objetivo de M&eacute;dici era ajustar a imagem do Brasil ao de uma verdadeira pot&ecirc;ncia mundial.
A aparelhagem da ditadura fez as pessoas acreditarem que a vinda dos "avi&otilde;es sobre rodas" da empresa h&uacute;ngara Ganz-M&aacute;vag se tratava de mais um cap&iacute;tulo na expans&atilde;o do pa&iacute;s &ndash; embora n&atilde;o passasse de uma negocia&ccedil;&atilde;o do governo brasileiro em troca de caf&eacute;.
&Agrave;s 17h de 11 de mar&ccedil;o de 1974, a composi&ccedil;&atilde;o h&uacute;ngara partiu da Esta&ccedil;&atilde;o da Luz, em S&atilde;o Paulo, em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; Central do Brasil, no Rio de Janeiro, um trajeto percorrido em apenas 4h30. Isso foi considerado alta velocidade sobre trilhos, pelo menos para os padr&otilde;es da &eacute;poca.
Fabricados na Hungria e embarcados da Inglaterra, os trens foram considerados "seguros e confort&aacute;veis". E realmente eram, mas n&atilde;o correspondiam ao desempenho prometido. Os trens se revelaram verdadeiras "bombas mec&acirc;nicas" logo no in&iacute;cio porque foram projetados para rodar apenas em plan&iacute;cies, ent&atilde;o o sistema de tra&ccedil;&atilde;o era muito fraco para subidas &iacute;ngremes.
Com isso, as rodas patinavam, os motores esquentavam, e a composi&ccedil;&atilde;o precisava parar no meio do caminho. Para piorar, os trens eram uma esp&eacute;cie de Frankenstein, com partes vindas de v&aacute;rios pa&iacute;ses, como Alemanha, Su&iacute;&ccedil;a e It&aacute;lia. Em um mundo n&atilde;o globalizado, repor ou consertar essas pe&ccedil;as se tornou um problema.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/11/11125942676139.jpg" alt="(Fonte: Jornal do Com&eacute;rcio/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Trem Minuano. (Fonte: Acervo Jos&eacute; Emilio Buzelin/Revista Ferrovi&aacute;ria/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quatro anos ap&oacute;s sua viagem inaugural, os trens h&uacute;ngaros deixaram de circular. Em meados de 1978, as composi&ccedil;&otilde;es foram deslocadas para linhas menores e depois se tornaram sucata.
Mas era apenas o come&ccedil;o da ambi&ccedil;&atilde;o do governo brasileiro em ter um trem-bala, ou pelo menos algo mais pr&oacute;ximo a isso. No mesmo ano que a comitiva h&uacute;ngara foi descontinuada, Dyrceu Nogueira, ent&atilde;o ministro do 1&ordm; Batalh&atilde;o Ferrovi&aacute;rio, fez uma viagem ao Jap&atilde;o para conhecer o Shinkansen. Apesar do seu esfor&ccedil;o em fazer o projeto acontecer, o endividamento do Brasil n&atilde;o permitiu.
Nos anos seguintes, japoneses, franceses e at&eacute; espanh&oacute;is tentaram negociar a instala&ccedil;&atilde;o da linha r&aacute;pida com o pa&iacute;s, oferecendo de cr&eacute;dito a tecnologia, mas desistiram ao perceberem que o Brasil vivia apenas de apar&ecirc;ncias. Nada impediu, no entanto, que o projeto chegasse &agrave; imprensa e fosse apresentado como "a porta de entrada do Brasil na modernidade".
<h2>O ano decisivo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/11/wikimedia-commons-11173309902370.jpg" alt="Wikimedia Commons" />Jos&eacute; Sarney. (Fonte: Wikimedia Commons)
Depois que Jos&eacute; Sarney (MDB) assumiu o cargo como Presidente da Rep&uacute;blica ap&oacute;s o fim da Ditadura Militar, o sonho de um trem r&aacute;pido ressurgiu. Em 1989, o empres&aacute;rio Artur Falk conseguiu, por meio de um decreto presidencial, concess&atilde;o para implantar uma linha f&eacute;rrea para um transporte de alta velocidade, conectando as duas maiores capitais do pa&iacute;s, Rio de Janeiro e S&atilde;o Paulo, mas acabou perdendo o direito por deixar o projeto muito tempo parado.
Dez anos depois, em 1999, o ent&atilde;o presidente Fernando Henrique Cardoso come&ccedil;ou a reavaliar as possibilidades para melhoria do transporte no eixo Rio-S&atilde;o Paulo. Ele contatou a alem&atilde; Deutshe Bahn, uma das maiores empresas ferrovi&aacute;rias do mundo, que desenvolveu um estudo detalhado e concluiu que a solu&ccedil;&atilde;o seria um trem de alta velocidade. O ciclo recome&ccedil;ava.&nbsp;
No ano seguinte, o Minist&eacute;rio dos Transportes at&eacute; procurou por investidores em S&atilde;o Paulo, mas n&atilde;o foi para frente e o assunto caiu em esquecimento mais uma vez.
O ano de 2007 foi considerado crucial para a hist&oacute;ria do trem-bala no pa&iacute;s. Em 17 de julho daquele ano, o voo TAM 3054 se chocou com um pr&eacute;dio da pr&oacute;pria companhia, deixando 199 mortos e causando um caos a&eacute;reo. Somado a isso, em 30 de outubro, o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo. Ou seja, o governo precisava repensar em sua infraestrutura de transportes para impedir que caos como o acidente da TAM congestionasse o pa&iacute;s, e tamb&eacute;m para melhor sediar um evento que atrai milhares de pessoas.
Ent&atilde;o a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi atr&aacute;s de investidores pelo mundo para apresentar os planos do Brasil em construir um trem de alta velocidade que estivesse apto at&eacute; o dia do evento. Os coreanos foram os que mostraram a melhor proposta com seu KTX (Korea Train eXpress).
<h2>O &uacute;ltimo leil&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/11/11130451612146.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images)
Em 2008, estava certo que o governo contrataria algu&eacute;m para construir e explorar a malha ferrovi&aacute;ria, e que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ&ocirc;mico e Social) forneceria um financiamento de 30 anos. Em dezembro de 2010, ap&oacute;s sair o edital, o governo fez o primeiro leil&atilde;o, mas o grupo coreano foi o &uacute;nico que manifestou interesse. Como se esse fracasso n&atilde;o fosse o suficiente, as empreiteiras brasileiras fizeram press&atilde;o e o leil&atilde;o teve que ser adiado.
Quando retomado, em julho do ano seguinte, o leil&atilde;o n&atilde;o teve nenhum interessado, nem mesmo os coreanos. Sendo assim, o governo decidiu que faria a obra, mas contrataria o operador dos trens. Dessa forma, com o pagamento de R$ 42 bilh&otilde;es pelo uso da infraestrutura, o governo poderia custear a obra.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/11/11130543005149.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images)
Outro leil&atilde;o foi realizado em 2013, &agrave;s portas da Copa, mas novamente adiado. O Brasil tinha tudo para conseguir realizar o projeto daquela vez, ainda mais com dois grupos enormes interessados, se as burocracias n&atilde;o tivessem falado mais alto.
Dez anos se passaram, e em 22 de fevereiro de 2023, a TAV Brasil ganhou autoriza&ccedil;&atilde;o para construir o trem de alta velocidade no eixo Rio-S&atilde;o Paulo. O projeto dever&aacute; custar cerca de R$ 50 bilh&otilde;es, o mais caro da ind&uacute;stria dos transportes.
A inaugura&ccedil;&atilde;o est&aacute; programada para acontecer em 2035, ap&oacute;s 46 anos de espera &ndash; se tivermos sorte.

thumb-image-2024-02-29T14:07:08.462Z

Os altos e baixos na história da implementação do trem-bala no Brasil

Imagem de 'Masterdating': conheça a nova tendência entre os solteiros do TikTok no megacurioso

Viralizou nas redes uma prática que, embora muito comum, as pessoas tendem a se esquecer

O TikTok se tornou uma rede social especializada em "viralizar" e transformar em tend&ecirc;ncia h&aacute;bitos comuns da vida ou do cotidiano. A maioria dos seus usu&aacute;rios, sobretudo aqueles que iniciam uma dessas "trends", acabam disseminando a ideia de que o que surgiu l&aacute; &eacute; inovador e revolucion&aacute;rio &ndash; quando, na maioria das vezes, &eacute; apenas a internet fazendo o trabalho em dar grande visibilidade para muitas quest&otilde;es que nunca refletimos.
No momento,&nbsp;o "masterdating" &eacute; a mais nova tend&ecirc;ncia. A pr&aacute;tica &eacute; basicamente sair sozinho em encontros, passando um tempo de qualidade consigo mesmo para se conhecer e se cuidar melhor.
Isso n&atilde;o &eacute; nada novo, mas t&ecirc;m ajudado muitas pessoas, especialmente jovens, a entender que nem sempre precisam esperar algu&eacute;m para finalmente fazer algo que t&ecirc;m vontade.
<h2>Aprendendo a estar consigo mesmo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/06/06093031977100.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
Os solteiros do TikTok est&atilde;o postando v&iacute;deos em que aparecem em encontros rom&acirc;nticos, s&oacute; que apenas com sua pr&oacute;pria companhia. Eles aparecem na privacidade e conforto de suas casas, em restaurantes, teatros, spas, parques, ou basicamente em qualquer lugar.
A hashtag #MasterDating j&aacute; possui mais de 1,6 milh&atilde;o de visualiza&ccedil;&otilde;es na rede social, e parece que as pessoas elegeram o hit do ver&atilde;o Flowers, de Miley Cyrus, como um arauto ao amor-pr&oacute;prio. Na letra, a cantora norte-americana diz que n&atilde;o precisa mais esperar algu&eacute;m para ganhar flores, ter seu nome escrito na areia, conversar por horas, sair para dan&ccedil;ar e fazer coisas que ningu&eacute;m entenderia o motivo de estar fazendo sozinha.
Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/127064-4-beneficios-de-ser-solteiro-segundo-a-ciencia.htm" target="_blank" rel="sponsored">4 benef&iacute;cios de ser solteiro, segundo a ci&ecirc;ncia</a>
Em entrevista &agrave; revista Glamour UK, a especialista em namoro Melissa Stone comentou que a experi&ecirc;ncia do masterdating serve para lembrar as pessoas que &eacute; poss&iacute;vel explorar seus interesses, paix&otilde;es e desejos sem associar &agrave;s influ&ecirc;ncias externas. Al&eacute;m disso, a independ&ecirc;ncia de assumir um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122142-participei-do-encontro-de-pessoas-de-alto-qi-mais-restrito-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">encontro</a> solo promove uma sensa&ccedil;&atilde;o de autossufici&ecirc;ncia que ajuda a pessoa a se sentir confort&aacute;vel com a pr&oacute;pria presen&ccedil;a, reduzindo qualquer necessidade de valida&ccedil;&atilde;o ou conforto de outros para ser <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/123169-tirania-da-felicidade-ja-se-sentiu-obrigado-a-ser-feliz-o-tempo-todo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">feliz</a>.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/06/06094943576115.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
A pr&aacute;tica ainda promove o empoderamento, liberdade e flexibilidade para fazer suas escolhas com base apenas em suas prefer&ecirc;ncias, reduzindo bastante o estresse por ser uma pausa nas demandas das intera&ccedil;&otilde;es e obriga&ccedil;&otilde;es sociais. Isso permite com que a pessoa recarregue as energias ao se concentrar em coisas que lhe trazem apenas alegria e relaxamento.
Ao Pyschology Today, o m&eacute;dico Bruce Y. Lee questionou: &ldquo;Por que esperar por um encontro para experimentar aquele novo restaurante ou assistir a algum filme rom&acirc;ntico no cinema? Pare de esperar que os outros te levem a lugares. N&atilde;o se sinta constrangido por ser visto sozinho&rdquo;.
Como nada vem em um r&oacute;tulo com instru&ccedil;&otilde;es de autocuidado, as pessoas precisam encontrar um tempo a s&oacute;s para descobrir as respostas para essas perguntas.
<h2>Pecando pelo excesso</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/06/06142924277309.jpg" alt="(Fonte: Getty Images)" />(Fonte: Getty Images)
Assim como qualquer tend&ecirc;ncia do TikTok, ou h&aacute;bitos no geral, o masterdating tamb&eacute;m tem algumas desvantagens potenciais. A pr&aacute;tica pode despertar sentimentos de solid&atilde;o, perspectiva limitada e perda de experi&ecirc;ncias compartilhadas.
&ldquo;&Eacute; importante fazer um esfor&ccedil;o para ver e passar tempo com a fam&iacute;lia e amigos, pois encontrar um equil&iacute;brio entre tempo solo e intera&ccedil;&otilde;es sociais &eacute; crucial para evitar poss&iacute;veis desvantagens e garantir um estilo de vida completo e gratificante&rdquo;, aconselhou Stone.
Sair em encontros &eacute; um exerc&iacute;cio de amor-pr&oacute;prio e autocompaix&atilde;o, pois a pessoa est&aacute; ensinando a si mesma sobre suas pr&oacute;prias necessidades, exig&ecirc;ncias e as coisas que lhe trazem alegria. No entanto, se a pessoa acaba se tornando expert na pr&aacute;tica do masterdating, evitando socializa&ccedil;&otilde;es, talvez isso significar que seja a hora de trazer algum equil&iacute;brio de volta &agrave; sua vida.
Vale ressaltar, por&eacute;m, que isso n&atilde;o significa que ela precise encontrar algu&eacute;m romanticamente falando, apenas de que sua vida n&atilde;o precisa ser baseada em estar apenas consigo mesma.

thumb-image-2024-02-29T14:07:08.438Z

'Masterdating': conheça a nova tendência entre os solteiros do TikTok

Imagem de Por que o cérebro acha que membros falsos são parte do nosso corpo? no megacurioso

Um estudo descobriu como o cérebro é capaz de pensar que uma mão de borracha o pertence, chegando a afetar a mão verdadeira

<head></head><body>Em um estudo feito por cientistas da Universidade de Turim, na Itália, um experimento descobriu como o cérebro é enganado por mãos falsas. Em um truque chamado "ilusão da mão de borracha", os pesquisadores conseguiram explorar como a mente combina informações dos sentidos para criar um sentimento de propriedade do corpo.Durante o experimento, as pessoas eram levadas a acreditar uma mão de borracha colocada sobre a mesa diante delas era seu próprio membro. Isso é fruto de uma bizarra, mas convincente, mudança de percepção que acompanha uma sensação de repúdio à mão real.Os estudiosos resolveram lançar o estudo depois que perceberam que pacientes que sofreram AVC experimentaram sensações semelhantes. Muitos deles chegaram a ter certeza de que um membro paralisado não era seu, mas sim o de borracha.&nbsp;“Sabemos que a sensação de propriedade do corpo pode ser drasticamente alterada após danos cerebrais”, disse Francesca Garbarini, professora da instituição e líder no estudo.<h2>Enganando o cérebro</h2><iframe width="1135" height="648" src="https://www.youtube.com/embed/sxwn1w7MJvk" title="The Rubber Hand Illusion - Horizon: Is Seeing Believing? - BBC Two" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe>Para o experimento, os cientistas usaram um grupo de voluntários saudáveis que se sentaram com os antebraços apoiados em uma mesa e a mão direta escondida em um caixa. Uma mão de borracha então foi colocada a frente de cada um dos participantes e alinhada ao ombro direito. Apenas um pano cobria o coto da mão, mas os dedos permaneciam visíveis.O teste começou a acontecer quando um dos pesquisadores passou a acariciar o dedo médio da mão real do participante enquanto fazia o mesmo com o dedo da mão de borracha. A ilusão surgiu quando as mãos reais e falsas foram acariciadas ao mesmo tempo e velocidade.É a combinação dessas informações visuais e sensoriais que faz o cérebro concluir erroneamente que a mão falsa deve fazer parte do corpo da pessoa. Ao serem questionados sobre o que sentiam, os voluntários disseram que parecia que sua própria mão que estava na caixa havia desaparecido e a mão falsa havia se tornado sua.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31142007885253.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Todo o experimento foi monitorado por meio de uma técnica chamada Estimulação Magnética Transcraniana, que desencadeia pequenos pulsos elétricos em partes do cérebro que controlam o movimento das mãos. Com isso, os sinais viajam pela medula espinhal ao longo do braço e até a mão, onde são registrados como contrações musculares.Garbarini descobriu que, quando as pessoas experimentavam a ilusão da mão de borracha, a força dos pulsos elétricos que chegavam a mão escondida diminuíam drasticamente. Ou seja, como o cérebro não considera mais a mão como parte do corpo, nos tornamos menos capazes de usá-la.As descobertas feitas pelo estudo italiano foram publicadas na revista eLife e serviram para reforçar outras pesquisas que sugerem que o movimento está intimamente conectado à criação de um senso de propriedade do corpo pelo cérebro. Ao que parece, realmente o movimento é “a cola que liga o corpo ao eu”, como bem descreveram Luke Miller e Alessandro Farn, do Centro de Pesquisa em Neurociência de Lyon, na França.</body>

thumb-image-2024-02-29T14:07:07.813Z

Por que o cérebro acha que membros falsos são parte do nosso corpo?

Imagem de Baiae: a naufragada 'cidade do pecado' da Roma Antiga no megacurioso

O local era considerado a Las Vegas dos tempos antigos, onde as piores coisas aconteciam

<head></head><body>Os <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/122527-conheca-as-esquisitices-da-vida-cotidiana-dos-romanos.htm#:~:text=Os%20banheiros%20com%20descarga%20de%20Roma&amp;text=Todas%20as%20pessoas%2C%20independente%20do,Instagram%2C%20Facebook%20e%20no%20Twitter%3F" rel="noopener noreferrer" target="_blank">romanos antigos</a> também tinham sua Las Vegas. Baiae, a cidade romana que agora está no fundo do oceano, era um local onde ficavam os segredos, intrigas e escândalos dos mais poderosos.Localizada a cerca de 240 quilômetros ao sul de Roma, a cidade era uma espécie de resort para as elites romanas, e ficava entre o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127193-vitimas-do-vesuvio-morreram-asfixiadas-segundo-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Monte Vesúvio</a> e o vasto Mar Mediterrâneo. Os historiadores não sabem ao certo em que ano ela foi criada, apenas que no século I a.C. ela já existia e era destino de figuras notáveis, como Júlio César, Augusto e Nero, proprietários de mansões espetaculares no local.Hoje, grande parte de Baiae está debaixo d'água e, assim como o Titanic, guarda uma coleção inimaginável de relíquias que se perderam para sempre.<h2>Antro de perdição</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31132922427210.jpg" alt="(Fonte: BBC/Reprodução)">(Fonte: BBC/Reprodução)A princípio, a cidade era para ser um local paradisíaco para descanso, onde milionários e poderosos pudessem aproveitar as fontes termais naturais e apreciar o clima ameno.&nbsp;No entanto, não demorou muito para que Baiae adquirisse uma reputação de "um antro de perdição". Em 56 a.C., uma famosa socialite chamada Clodia foi condenada por viver como prostituta e seduzir a todos na cidade.Os visitantes se deixavam levar por todas as "tentações da carne" – não é para menos que Baiae era chamada de "porto do vício" – em festividades que envolviam sexo promíscuo, bebida alcoólica e muita libertinagem.<h2>De 10 em 10 metros</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31133335294215.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Em algum momento de 4 d.C., a natureza começou a exercer sua força sobre a geografia de Baiae. A cidade não estava apenas localizada perto do Vesúvio, mas também de um supervulcão chamado Campi Flegrei, cuja atividade vulcânica fez com que o nível de terra subisse e descesse ao longo do tempo, empurrando grande parte da cidade costeira para debaixo d’água.Baiae foi afundando a cada 10 metros em direção ao oceano, e assim continua até hoje. Algumas porções de terra permaneceram acima do solo no século VIII d.C. e foram bem povoadas até que invasores muçulmanos saqueassem o local.&nbsp;No início de 1500, a cidade foi completamente abandonada depois que uma onda devastadora de malária atingiu a região e matou centenas de pessoas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31133419521216.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Por muitos anos, pareceu que a antiga cidade seria esquecida, exceto por menções em textos históricos e pinturas, até que algumas relíquias boiaram em meados da década de 1920. No entanto, demorou até 1940 para que Baiae fosse redescoberta.Desde então, a cidade antiga se tornou destino turístico para milhares de pessoas que buscam conhecer os mistérios de sua história e ver de perto as estruturas antigas acima do solo. Em 2002, para impedir o roubo desenfreado, a área com 437 acres foi oficialmente declarada uma área marinha. A lei vigorou como forma de impedir que mergulhadores fizessem viagens para a cidade afundada a fim de resgatar tesouros para vender.</body>

thumb-image-2024-02-29T14:07:07.737Z

Baiae: a naufragada 'cidade do pecado' da Roma Antiga

Imagem de Como se dá nome a novas espécies de animais ou plantas? no megacurioso

Saiba o que uma pessoa precisa fazer para nomear corretamente algum tipo de nova espécie

<head></head><body>Estima-se que cerca de 18 mil novas <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126943-silurianos-especie-avancada-pode-mesmo-ter-existido-antes-de-nos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">espécies</a> são descobertas todos os anos. Inclusive, os investigadores observaram que a diversidade dos animais aumenta à medida que diminuem de tamanho, incentivando-os a continuar procurando ainda mais por novas espécies não catalogadas.Em meio a tantas descobertas fascinantes, já parou para refletir se novas espécies podem ter qualquer nome? Bem, a resposta é não. Existe uma longa lista de regras quando se trata de nomear coisas novas.<h2>Para animais</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31153101113317.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Para começar, a nomeação das espécies varia de acordo com cada reino. Tradicionalmente, cada nome é descrito em latim ou grego, porém, em tempos mais recentes, são mais prováveis de serem baseados na área ou região onde a espécie foi encontrada.No caso de animais, o responsável pela descoberta precisa seguir as regras do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICN), que também resolve quaisquer questões baseadas em nomenclatura e divulga informações sobre o uso correto dos nomes científicos dos animais.&nbsp;Entre as regras, fica claro que o animal deve ter um nome científico composto por dois nomes, enquanto subespécies devem ter um nome composto por três. Um bom exemplo é a Giraffa girafa angolensis, uma subespécie da girafa encontrada na Nâmbia e em toda a Zâmbia, Botsuana e Zimbábue.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31153342570319.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)O código ainda alerta que o autor deve ter certeza de que esse nome não ofenderá nada, nem ninguém por qualquer motivo. Por essa razão que Judith Winston, curadora emérita do Museu de História Natural da Virgínia e parte do conselho da ICZN, sugere que simplicidade pode ser o melhor caminho a seguir na hora de nomear novas espécies.“O que realmente ajuda é quando uma criança de 5 anos consegue pronunciar. Nomes são poder”, disse ela à Slate em 2016.<h2>Para os vegetais e organismos</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31153714501324.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Para esses dois reinos, é usado outro sistema de nomenclatura, o "Código Internacional de Nomenclatura para algas, fungos e plantas", que é semelhante ao ICNZ. Esse, no entanto, é regulamentado pela International Association for Plant Taxonomy (IAPT), e atualizado a cada 6 anos."O epíteto específico pode ser derivado de qualquer fonte e é um adjetivo concordando em gênero com o nome genérico, um substantivo genitivo, um substantivo nominativo ou uma palavra tratada como tal, ou duas ou mais palavras unidas, ou hifenizadas", diz o IAPT sobre como os autores devem considerar antes de nomear sua descoberta.<h2>Quem pode fazer isso?</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/31/31153951517328.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)">(Fonte: GettyImages/Reprodução)Qualquer um pode descobrir, nomear e registrar uma nova espécie, desde que ninguém tenha o feito e que siga todos os protocolos da organização de nomenclatura referente a sua espécie.Normalmente, o autor recebe os primeiros direitos assim que escolhe o nome. Às vezes, as organizações leiloam os naming rights para arrecadar dinheiro para diferentes causas, como conservação ou para financiar novas pesquisas.</body>

thumb-image-2024-02-29T14:07:07.830Z

Como se dá nome a novas espécies de animais ou plantas?

Imagem de Maria Perpétua: a história da feiticeira de Ilhabela no megacurioso

A Praia da Feiticeira ganhou esse nome em homenagem à influência que a portuguesa teve na história da região

<head></head><body>Nascida em Portugal, Maria Perpétua Calafate de Souza desfrutou de uma vida pacata e comum ao lado do seu marido, o escrivão João Rodrigues da Siqueira, até meados da década de 1790.Ela viu sua realidade virar de cabeça para baixo quando seu marido morreu de maneira repentina. Afinal, Perpétua havia se casado tão jovem que não fazia ideia de como era a vida de uma mulher que não fosse casada. Para tentar recomeçar, a jovem decidiu se mudar para o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119734-a-cachaca-causou-uma-grande-revolta-no-brasil-colonia-de-1660.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Brasil Colônia</a>, desembarcando na então ilha de São Sebastião, litoral norte de São Paulo.Assim começou a conturbada e triste jornada de Maria Perpétua, a feiticeira de Ilhabela.<h2>O início</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/27/27221455683000.jpg" alt="(Fonte: Destinos Top para Visitar/Reprodução)">(Fonte: Destinos Top para Visitar/Reprodução)A região de Ilhabela, então Vila de São Sebastião, começou a ser explorada em 20 de janeiro de 1502, quando os colonos da expedição enviada por Portugal à Terra de Santa Cruz, comandada por Gonçalo Coelho, aportou em Maembipe. A ilha ganhou o nome de São Sebastião em homenagem ao santo Sebastião de Narbona, martirizado por professar e não renegar sua fé em Jesus Cristo.Ao longo dos primeiros 100 anos, a região permaneceu livre dos colonos portugueses e apenas habitada pelos índios tupinambás. Isso aconteceu por vários motivos, entre eles o isolamento geográfico, dificuldades de acesso e conflitos com os nativos.&nbsp;<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;São Paulo in Foco&nbsp;" data-fonte-url="https://www.saopauloinfoco.com.br/wp-content/uploads/2013/01/Amador-Bueno-n%C3%A3o-aceitando-a-coroa-foi-perseguido-pelos-paulistas-e-se-refugiou-no-mosteiro-de-S%C3%A3o-Bento-em-S%C3%A3o-Paulo..jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/27/27221600376001.jpg" alt="(Fonte: São Paulo in Foco/Reprodução)">(Fonte: São Paulo in Foco/Reprodução)Tudo mudou em 1608, quando Diogo de Unhate e João de Abreu, burocratas portugueses da Vila de Santos, se estabeleceram às margens do canal do Toque-Toque (atual canal de São Sebastião). Lá, eles plantaram cana para a produção de açúcar utilizando mão de obra escrava.Francisco de Escobar Ortiz foi o responsável por construir os dois primeiros engenhos de açúcar de Ilhabela, consequentemente se colocando no centro do comércio de escravos, trazidos de Angola em um navio de sua propriedade para servir como mão de obra na produção de açúcar.<h2>A mulher misteriosa</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/27/27222223744002.jpg" alt="(Fonte: Vermelho Org/Reprodução)">(Fonte: Vermelho Org/Reprodução)Em 1810, Perpétua chegou na Vila de São Sebastião quando havia começado um novo ciclo econômico no Brasil: o do café. O de sua vida também, afinal, ela não chegou sozinha, mas de braço dado ao capitão Antônio José Lisboa de Souza, militar e rico comerciante de escravos, e segurando um filho no colo.Logo de início, a chegada de Perpétua chamou a atenção dos ilhéus, que ficaram intrigados com aquela mulher misteriosa que conseguiu conquistar o coração de um dos homens mais influentes da região.Não se sabe exatamente como Perpétua teria começado a se envolver com o ocultismo, apenas que essa fama cresceu e se espalhou. A princípio, alguns até mesmo duvidaram que isso fosse mais do que fofoca, mas quando suas práticas começaram a atrair forasteiros, que iam até o povoado em busca de suas previsões, todos concordaram que ela estava envolvida em algo "macabro".Enquanto as pessoas fofocavam, Perpétua acumulava uma fortuna fazendo adivinhações como cartomante, vendendo amuletos e porções supostamente mágicas que prometiam resolver os problemas mais profundos dos seus clientes.Com isso, dois anos após sua chegada, Maria Perpétua foi formalmente acusada de bruxaria pelos habitantes de Ilhabela, que, por meio dos tribunais de passagem, fizeram a denúncia chegar até o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, em Portugal. Eles exigiam que ela fosse presa por suas práticas.<h2>Perseguição e fim</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;História Mundial&nbsp;" data-fonte-url="https://static.wixstatic.com/media/9cd016_c934172c56514d479fb6e68c181934a2~mv2.jpg/v1/fill/w_940,h_788,al_c,q_85,enc_auto/9cd016_c934172c56514d479fb6e68c181934a2~mv2.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/27/27222321899003.jpg" alt="(Fonte: História Mundial/Reprodução)">(Fonte: História Mundial/Reprodução)O capitão Domingos, um famoso comerciante de escravos da região, foi o principal denunciante das práticas de Perpétua. Sua preocupação surgiu no momento em que uma de suas escravas, Joana, morreu dois dias após uma discussão com ela.Rapidamente, a fatalidade foi endereçada à Perpétua como um caso de vingança. Naquela época, a perda de escravos era considerado uma afronta muito grande para um senhor de engenho, uma vez que escravos eram tidos como bens materiais valiosos, e isso foi o suficiente para despertar a fúria do homem.Dizem que o então governador da capitania de São Paulo, responsável por inspecionar a casa de Perpétua, chegou a encontrar vários itens que a incriminavam de praticar magia, como um livro com dezenas de anotações e até mesmo uma orelha humana supostamente enfeitiçada.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/27/27222411089004.jpg" alt="(Fonte: Sua Pesquisa/Reprodução)">(Fonte: Sua Pesquisa/Reprodução)Maria Perpétua acabou presa em uma cadeia de São Vicente, mas não ficou lá por muito tempo. Sua influência e dinheiro a libertaram poucos dias depois, e demorou cinco anos para que os habitantes conseguissem se livrar dela.Em 22 de outubro de 1817, Perpétua foi vítima de violência doméstica: seu marido a golpeou até a morte com uma faca em uma briga. Assim que a notícia se espalhou, as pessoas não hesitaram em especular que ela nutria um caso de longa data com o sócio de seu marido.Reza a lenda local que Perpétua conseguiu se safar e, antevendo que o marido a mataria, escondeu toda sua fortuna com o auxílio dos escravos, que depois assassinou para que não a roubassem. Alguns acreditam que ela sobreviveu aos ferimentos, se isolou e viveu sozinha para sempre.Não dá para saber o que é verdade ou não, apenas que Maria Perpétua entrou para a história de Ilhabela, tanto que uma das praias é chamada de Praia da Feiticeira em sua homenagem.</body>

thumb-image-2024-02-29T14:07:07.669Z

Maria Perpétua: a história da feiticeira de Ilhabela

Imagem de Cacareco: o rinoceronte que recebeu 100 mil votos nas eleições de SP no megacurioso

Em 1959, o animal foi eleito ao cargo de vereador da Câmara Municipal de São Paulo

<head></head><body>Desde 1929, <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/123977-por-que-o-mickey-mouse-aparece-nas-cedulas-de-votacao-dos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Mickey Mouse,</a> o rato carismático criado por Walt Disney em meados de 1928, aparece nas cédulas de votação em toda eleição que acontece nos Estados Unidos, como uma forma de protesto radical e irônica contra os candidatos – que nem sempre agradam a todos.Apesar de isso ter acontecido com maior frequência no século passado, quando os sistemas eleitorais eram ainda mais rudimentares, engana-se quem imagina que o hábito não continua. Na verdade, o Mickey aparecer em alguma votação se tornou mais uma tradição do que um insulto, como costumava ser.&nbsp;“Se ele não obter votos em nossa eleição, é uma eleição ruim”, disse um supervisor eleitoral da Geórgia, em reportagem ao The American Prospect, em 2012.O Brasil é reconhecido como dono de um dos processos eleitorais mais sérios, seguros e tecnológicos do mundo, mas também já teve o seu Mickey Mouse. Em 1959, o&nbsp;rinoceronte Cacareco foi eleito ao cargo de vereador na Câmara Municipal de São Paulo.<h2>Adorado pelo povo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04143727170240.jpg" alt="(Fonte: Ipiranga Feelings/Reprodução)">(Fonte: Ipiranga Feelings/Reprodução)Para começar, apesar do nome masculino, Cacareco era uma fêmea. Nascida em cativeiro, no Rio de Janeiro, em 1954, foi emprestada pelo zoológico da cidade para inauguração do Zoo de São Paulo, em março de 1958.O sucesso de sua presença foi imediato, com mais de 200 pessoas comparecendo à cerimônia que a anunciou como nova atração do local, impressionando até mesmo Jânio Quadros. O político disse que, com aquela fama toda, Cacareco seria um forte candidato para as próximas eleições. Ele poderia não concorrer ao governo do estado, mas ao menos um assento na Câmara ele teria.Partiu do jornalista Itaboraí Martins a iniciativa de lançar o animal como candidato a um cargo na Câmara Municipal para as eleições de 4 de outubro de 1959. Na época, ele trabalhava para o jornal O Estado de S. Paulo e estava tão insatisfeito com os políticos da época quanto a população. É chamado de "voto de protesto" a prática de eleger candidatos considerados excêntricos ou de algum modo folclóricos a cargos políticos.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04143640317239.jpg" alt="(Fonte: SP in Foco/Reprodução)">(Fonte: SP in Foco/Reprodução)Conforme a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a tática para disseminar a candidatura de Cacareco consistiu em pichar muros e fazer divulgação em programas de debates na televisão. Os famosos "santinhos" foram distribuídos com a imagem do animal e acompanhado pelo jingle infame: “Cansados de tanto sofrer/ E de levar peteleco/ Vamos agora responder/ Votando no Cacareco”, que rapidamente ganhou a boca do povo.José Bonifácio Coutinho Nogueira, secretário da agricultura do governo do estado na época, até tentou comprar Cacareco do zoológico, mas sem sucesso. O animal acabou sendo devolvido ao Rio de Janeiro em 1º de outubro, apenas alguns dias antes da eleição paulista.<h2>Entrando para a história</h2><span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Alesp&nbsp;" data-fonte-url="https://s2-g1.glbimg.com/GCcUT8RBZ7kcRrpmOPOV-VH0Cnk=/0x0:1898x1412/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/j/Q/ISIu3DTV6AXzFQfbUD2A/cacareco-no-zoologico-de-sao-paulo.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04143853955241.jpg" alt="(Fonte: Alesp/Reprodução)">(Fonte: Alesp/Reprodução)A apuração dos votos revelou o inevitável: o sucesso da candidatura. Apesar do Tribunal Regional Eleitoral não ter divulgado oficialmente o número de votos recebidos pelo rinoceronte por considerá-los nulos, os jornalistas descobriram que o animal recebeu cerca de 100 mil votos. Esse foi o equivalente a quase 10% do universo de eleitores aptos a votar na capital paulista, considerando que compareceram às urnas 934.794 eleitores. Cacareco teve mais votos do que qualquer um dos 450 candidatos às 45 cadeiras da Câmara.“Diversos membros do PSP andam rondando a jaula de Cacareco para o colocarem no lugar de Adhemar de Barros [então prefeito de São Paulo]”, provocou o humorista Stanislaw Ponte Preta no jornal Última Hora.O único político que se posicionou formalmente foi o então presidente Juscelino Kubitschek, que declarou: “Não sou intérprete de acontecimentos sociais e políticos. Aguardo as interpretações do próprio povo”.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04143937213243.jpg" alt="(Fonte: Ipiranga Feelins/Reprodução)">(Fonte: Ipiranga Feelins/Reprodução)A eleição ganhou uma repercussão internacional, indo parar nas páginas da revista norte-americana Time, que destacou a frase de um eleitor: “É melhor eleger um rinoceronte do que um asno”. E a popularidade de Cacareco fora do Brasil não parou por aí, em 1963 foi fundado um partido político canadense que o homenageava, chamado Partido dos Rinocerontes, que durou até meados de 1993.Cacareco morreu aos 8 anos, em dezembro de 1962, em sua cela no zoológico do Rio de Janeiro. O animal entrou para a cultura brasileira e seu esqueleto está exposto no Museu de Anatomia da Universidade de São Paulo (USP).</body>

thumb-image-2024-02-29T14:07:08.383Z

Cacareco: o rinoceronte que recebeu 100 mil votos nas eleições de SP

Imagem de Ignaz Semmelweis: o "pai da higiene hospitalar" que parou no manicômio no megacurioso

O obstetra foi perseguido apenas por pedir que os médicos lavassem as mãos

<head></head><body>Entre os períodos que compreendem a Idade Média e a Idade Moderna, foram denominados hereges todos os que ameaçaram a autoridade intelectual que também era a Igreja Católica. Por isso foram caçados, presos, enforcados ou queimados na fogueira. No centro desse problema estão os filósofos, cientistas e pensadores, como <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119938-galileu-galilei-a-revolucao-causada-pelas-descobertas-sobre-a-lua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Galileu Galilei</a>, Michael Servetus, Thomas Aikenhead e Giordano Bruno.Tudo o que se propuseram a descobrir serviu para revolucionar os campos científicos, revelar aspectos do universo, do pensamento e funcionamento humanos; contribuindo para que evoluíssemos ao longo da história humana e da sociedade. Naquela época, a manutenção da dissidência, instabilidade e controle da informação, sempre frequentemente alinhada à Igreja, fez com que fossem interrompidas de maneira permanente ideias que questionassem a mínima ordem estabelecida sobre as coisas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04145920782263.jpg" alt="(Fonte: Aish/Reprodução)">(Fonte: Aish/Reprodução)Com o passar do tempo, perderam espaço nos códigos legais e culturais das sociedades a influência, eficácia e o propósito dramático das punições públicas sustentadas pelo <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/45625-curiosidades-gerais-sobre-o-sinistro-tribunal-da-santa-inquisicao-espanhola.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Tribunal da Inquisição</a>, mas não a necessidade de coibir ideias dissidentes. O diagnóstico de “louco” e o encerramento de pessoas em hospitais psiquiátricos se tornou a medida das autoridades do século XIX.Os hospitais psiquiátricos se tornaram verdadeiros "depósitos humanos", onde os pacientes eram abusadas e estudados inescrupulosamente. A maioria das pessoas sãs que iam parar lá acabavam, muitas vezes, se perdendo ou ficando doentes por conviverem em meio à loucura e também pelo excesso de abuso. Esse pode ter sido o caso de Ignaz Semmelweis, o médico que inventou a higiene hospitalar.<h2>Uma mente inquieta</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04145955583265.jpg" alt="Ignaz Semmelweis. (Fonte: GettyImages/Reprodução)">Ignaz Semmelweis. (Fonte: GettyImages/Reprodução)Desde que ingressou na medicina, o húngaro Semmelweis foi tratado com descaso, apesar de ser brilhante. Quando se candidatou a uma posição no Hospital Geral de Viena, em 1846, ele foi relegado a administrar a divisão menos desejável da obstetrícia, a parte de trabalhos de parto. Naquela época, esse campo era considerado rejeitado devido à crueza do trabalho, que não era considerado "suficientemente científico", e pelo tabu que envolvia homens tocando nas partes íntimas de uma mulher.Contudo, o motivo pelo qual o médico parou nessa posição foi por ser húngaro e judeu. Ainda assim, isso não impediu que Semmelweis tivesse sucesso.&nbsp;Ao presidir as duas maternidades do hospital, ele começou a notar que a enfermaria administrada por parteiras sustentava uma taxa de mortalidade 17% menor em relação a outra, que ficava perto da sala de autópsia. Nessa, normalmente as crianças não conseguiam sobreviver, sempre acometidas por casos mortais do que os médicos denominavam "febre infantil".<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Publicados Brasil&nbsp;" data-fonte-url="https://1.bp.blogspot.com/-Hc_brCjVlKQ/XZLFby6K4LI/AAAAAAAAkWY/1prTHeOpms0sYQ_1M50fqdQGA6q9zl-SgCLcBGAsYHQ/s1600/04-ignaz-semmelweis-o-medico-colocado-em-manicomio-por-insistir-na-importancia-de-se-lavar-as-maos-consulta.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04150121054267.jpg" alt="(Fonte: Publicados Brasil/Reprodução)">(Fonte: Publicados Brasil/Reprodução)As mulheres tinham tanto medo de serem encaminhadas para a segunda enfermaria, que preferiam dar à luz sozinhas ou nas ruas do que arriscar serem internadas lá. Diariamente, Semmelweis ouvia grávidas da segunda enfermaria implorando para receberem alta porque acreditavam que os médicos que as tratavam eram verdadeiros "arautos da morte".Muito diferente do que acontecia, o obstetra húngaro foi o único que parou e ouviu as queixas de suas pacientes. Sua mente inquieta desenvolveu uma obsessão em encontrar uma resposta para todo aquele medo e epidemia de febre infantil que matava quase um terço dos seus pacientes.<h2>O apelo</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04150253788268.jpg" alt="(Fonte: Memoria Chilena/Reprodução)">(Fonte: Memoria Chilena/Reprodução)Constava na literatura médica do século XIX, a teoria de que as infecções e propagação de doenças que causam surtos epidêmicos eram frutos de miasmas: vapores ou emanações fétidas transmitidas pelo ar. Acreditava-se que, ao serem inalados, esses vapores podiam infectar as pessoas e causando doenças graves, como cólera, malária e febre tifoide. Elas vinham de vapores considerados nocivos por serem provenientes de matéria orgânica em decomposição, água estagnada, esgoto e outras fontes de poluição do ar.Isso levou o governo a propor medidas de isolamento em áreas insalubres da cidade, a drenagem de pântanos, melhorias nos sistemas de esgoto e na ventilação dos edifícios. Tudo isso para prevenir o contágio da população.Na teoria, a desinfecção do ambiente e do ar era fundamental para o tratamento médico na época, feito por meio do uso de substâncias aromáticas e queima de incenso, porém, nada disso era sendo usado no Hospital Geral de Viena.&nbsp;Com isso, Semmelweis refletiu: como as duas alas estavam tão próximas e uma tinha maior qualidade de vida do que a outra? Nada disso parecia certo.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04150355893269.jpg" alt="(Fonte: Bettman, Corbis/Reprodução)">(Fonte: Bettman, Corbis/Reprodução)Ao investigar, Semmelweis pensou que deveria haver alguma relação entre a rotina das enfermarias. As parteiras nunca entravam na sala post-mortem, tampouco manuseavam cadáveres, enquanto os médicos realizavam uma autópsia e iam direto para a maternidade ao lado dar à luz a um bebê.Semmelweis concluiu que a febre puerperal poderia ser causada pelos médicos transmitindo algum tipo de "veneno mórbido" dos cadáveres dissecados na sala de autópsia para as mulheres em trabalho de parto.Demorou até 1847 para que o médico pudesse finalmente confirmar sua teoria, após um incidente de trabalho. Um de seus colegas de profissão, Jakob Kolletschka, morreu de sepse ao se cortar com o bisturi que usava para inspecionar um cadáver. Durante a autópsia do seu amigo, Semmelweis notou que as lesões no corpo dele correspondiam àquelas no cadáver que dissecava quando se cortou acidentalmente. Ou seja, o "miasma" foi transferido pelo bisturi, não pelo ar.Em 15 de maio de 1850, o médico húngaro subiu ao pódio da sala de conferências do Hospital Geral de Viena, em frente a todos os médicos do quadro da instituição, e fez um apelo simples: "lavem as mãos".<h2>Loucura e sensatez</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04150541586271.jpg" alt="(Fonte: Science Museum/Reprodução)">(Fonte: Science Museum/Reprodução)Semmelweis exigiu que todos os funcionários esfregassem as mãos com cloreto de cálcio antes de tocar seus pacientes. Dois anos após o novo protocolo, a taxa de mortalidade em ambas as enfermarias despencou.Engana-se, porém, quem imagina que as ideias do médico húngaro foram aceitas por todos. Semmelweis foi muito perseguido por aqueles que não aceitavam que eram culpados pela morte miserável dos seus pacientes. O médico não poupou palavras para discutir com os superiores mais poderosos do hospital, que não só questionaram suas ideias como determinaram sua demissão.Ao apresentar seu trabalho de uma vida à comunidade médica com a publicação de A etiologia, o conceito e a profilaxia da febre infantil, em vez de sua descoberta ter sido celebrada, foi rejeitada, ridicularizada e evitada pela maioria da comunidade, que preferiu se ater às velhas ideias de miasmas se espalhando pelo ar.Semmelweis se mudou para Budapeste, onde continuou a pregar a importância dos procedimentos antissépticos no hospital onde foi admitido e a receber comentários hostis. Toda essa ridicularização afetou o médico húngaro a ponto de deprimi-lo. É quase um consenso entre os historiadores que toda essa ridicularização o tenha deprimido e contribuído para o desenvolvimento de demência precoce.<h2>O fim de uma mente brilhante</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/09/04/04150746430276.jpg" alt="(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)">(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)Com isso, seu comportamento errático começou a se tornar cada vez mais agressivo com os críticos. Até que, em 30 de julho de 1865, ele foi atraído e internado em um hospital psiquiátrico, como parte de um plano orquestrado pela comunidade médica e as autoridades de Budapeste.A luta que Semmelweis travou para tentar sair do local, associada aos seus proeminentes problemas de saúde mental, apenas serviram para piorar seu quadro. Ele recebeu todo o tratamento que um paciente comum teria, sendo submetido a banhos com água fria e alimentado à força com laxantes.Duas semanas depois, o médico morreu aos 47 anos, abandonado em uma cela da instituição. Existe um debate até hoje sobre o que causou a sua morte precoce. Há quem diga que foi a sífilis, adquirida durante uma operação, o que também poderia explicar sua insanidade repentina. Outros acreditam que o obstetra foi espancado até a morte.Ignaz Semmelweis, o homem brilhante que revolucionou a história da medicina moderna, foi vítima de um tempo que ainda não estava pronto para ouvir o que ele tinha a dizer.</body>

thumb-image-2024-02-29T14:07:08.241Z

Ignaz Semmelweis: o 'pai da higiene hospitalar' que parou no manicômio

Imagem de Qual foi o legado do Tribunal da Inquisição no Brasil? no megacurioso

Mais uma vez, a colonização portuguesa deixou uma marca pelo país que afeta a sociedade até hoje

<head></head><body>Eram meados de 1478 quando a rainha Dona Isabel de Castela e o rei Dom Fernando II de Aragão tomaram uma decisão: reavivar o Tribunal do Santo Ofício. A princípio, o objetivo dos denominados "Reis Católicos" era perseguir os <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/125042-os-conselhos-judaicos-que-entregavam-seus-semelhantes-ao-nazismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">judeus</a> para tomar posse de suas riquezas acumuladas, uma vez que detinham o poderio das atividades comerciais da época. Com isso, se tornou interessante que todo o criptojudaísmo (a prática de exercer a fé judaica em segredo) fosse investigado e suprimido.De qualquer forma, não demorou muito para que essa perseguição se estendesse à coibição de tudo o que fosse considerado heresia, como adultério, bruxaria, seitas e o <a href="https://www.megacurioso.com.br/cultura/98571-15-coisas-fascinantes-que-voce-talvez-desconheca-sobre-os-amish.htm#:~:text=2%20%E2%80%93%20Anabatistas&amp;text=No%20contexto%20da%20comunidade%20Amish,de%20aceitar%20a%20sua%20f%C3%A9." rel="noopener noreferrer" target="_blank">anabatismo</a> (um movimento cristão que não se adequava às ideias da Igreja Católica).<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/25/25105037437098.jpg" alt="Os Reis Católicos. (Fonte: eBiografia/Reprodução)">Os Reis Católicos. (Fonte: eBiografia/Reprodução)Em Portugal de 1497, a Inquisição, previamente instaurada pelo rei Manuel I, preferiu estabelecer a conversão forçada dos judeus, medida que somente acirrou os ânimos entre os cristão e os cristão-novos (ex-judeus). Como resultado, vários episódios de violência aconteceram no início do século XVI, já sob o reinado de Dom João III.Portugal fez dos países ibéricos americanos o foco das atividades da Inquisição para regulamentar a religiosidade em suas colônias. Essa busca pela hegemonia da fé e a coibição de tudo foram responsáveis por mais de 50 mil mortes, em sua maioria de mulheres, vítimas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/100333-a-bizarra-historia-por-tras-das-famosas-bruxas-de-salem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bruxaria</a>.Apesar de ter sido colônia portuguesa, o Brasil nunca teve um Tribunal do Santo Ofício, mas isso não impediu que inquisidores investigassem comportamentos, inibissem condutas e avaliassem a dimensão da heresia em solo brasileiro.Esse foi o legado da Inquisição no Brasil.<h2>Os envolvidos</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/25/25151405148245.jpg" alt="(Fonte: Editora Cleófas/Reprodução)">(Fonte: Editora Cleófas/Reprodução)O Brasil Colônia serviu para Portugal como uma espécie de posto avançado de suas práticas inquisitórias. Os agentes do Tribunal sabiam que havia uma presença judaica significativa em solo brasileiro porque aqui esses povos encontraram refúgio devido à relativa ausência de normas restritas e grande vazio demográfico, onde poderiam se refugiar e recomeçar a vida.O caso de Branca Dias é considerado o de maior êxito na fuga da perseguição portuguesa. Filha de pais convertidos ao cristianismo e nascida em Portugal, ela fugiu para o Brasil com seu marido, Diogo Fernandes Santiago, após ser denunciada ao Tribunal por "judaizar". O casal foi parar no Ceará e teve sucesso no ramo da cana-de-açúcar, montando engenhos entre a Paraíba e o Pernambuco. A influência de Branca fez dela uma das primeiras professoras do Brasil, e responsável por levantar uma escola especializada em ministrar aulas de alfabetização apenas para meninas.Por esse motivo, a partir de 1591, foram estabelecidos os "tribunais de visitação", para onde os agentes da Inquisição iam quando visitavam o Brasil para analisar pecados, promover celebrações, compilar denúncias e reforçar a censura.&nbsp;Os tribunais importantes e considerados "oficiais" ficavam apenas em Lisboa e Coimbra, e eram responsáveis por exercer sua autoridade sobre a colônia brasileira.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/25/25151523223246.jpg" alt="(Fonte: ENEM Gratuito/Reprodução)">(Fonte: ENEM Gratuito/Reprodução)Quando os agentes portugueses não estavam no Brasil, os processos inquisitórios ficavam nas mãos dos agentes associados, normalmente membros do clero, e dos denominados "familiares", que eram civis que colaboravam com a Inquisição. Eles agiam como espiões e denunciantes em troca de isenção de impostos e cargos importantes na administração colonial.Mas não era qualquer um que poderia se tornar um familiar. Era necessário a comprovação da fé católica e não ter ascendência judaica, muçulmana, indígena e negra para configurar um status de "sangue infecto".O militar português Antônio Borges da Fonseca foi um famoso agente familiar. Suas colaboração ao Tribunal lhe rendeu uma boa reputação em Lisboa, tanto que ele chegou a governar a Paraíba, entre 1745 e 1753, sendo que até seu filho entrou para a política. Por mais de uma vez, Borges da Fonseca prendeu cristãos-novos por práticas "judaizantes" na Paraíba. Seu papel, assim como de outros familiares, foi essencial para manter as bases do funcionamento da Inquisição no Brasil.<h2>Os odiados</h2><img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/25/25153025930250.jpg" alt="(Fonte: SNP Cultura/Reprodução)">(Fonte: SNP Cultura/Reprodução)No livro Inquisição: Rol de Culpados, a historiadora brasileira Anita Novinsky aponta pelo menos 1.819 casos de brasileiros denunciados ao Tribunal do Santo Ofício por práticas consideradas "contrárias à fé", como homossexualidade, bigamia, feitiçaria e judaísmo. A maioria dessas pessoas era o público alvo do Tribunal, os cristãos-novos.A primeira brasileira a ser condenada à fogueira da Inquisição foi Ana Rodrigues. Denunciada por realizar práticas judaicas no engenho Matoim, no recôncavo baiano, ela foi levada a Portugal aos 80 anos, em 1593, onde ficou presa à espera do seu julgamento. Ana acabou morrendo ainda em sua cela, antes de saber que seria queimada.A fogueira era apenas uma das penas que poderiam receber os culpados pela Inquisição portuguesa. A prisão era a mais branda entre elas, seguida pelo uso do hábito penitencial, uma espécie de túnica que marcava os condenados como culpados. O confisco dos bens e o exílio eram as piores penas. Esse último, inclusive, foi considerado um grande problema para o Brasil, pois, assim como em Angola, era onde muitos condenados portugueses terminavam.Esse foi um dos motivos pelos quais o Tribunal foi construindo uma fama odiosa entre os habitantes locais, que muitas vezes hostilizavam e expulsavam os agentes da Inquisição das vilas.<img src="https://mega.ibxk.com.br/2023/08/28/28151455093277.jpg" alt="(Fonte: Viagem para a Itália/Reprodução)">(Fonte: Viagem para a Itália/Reprodução)Colocar o Brasil como destino para os exilados o infestou com benzedeiras, curandeiras, xamanistas e milagreiras. E eles se estabeleceram aqui porque os recursos médicos eram escassos, portanto as correntes de pensamento religioso propiciaram um ambiente um pouco mais tolerante religiosamente.Quando a Inquisição deu início a sua derrocada, no final do século XVIII, coincidindo com o surgimento das ideias iluministas e a diminuição da influência da Igreja Católica, o Brasil já havia se contaminado pelas raízes de sua influência.O período não só criou marcas de origem, visto que muitos brasileiros possuem ancestrais cristãos-novos, como deixou pelo país um grande rastro de intolerância religiosa.</body>

Julio Cezar de Araujo