Paris é sempre uma festa!

Viver é uma arte e precisamos aproveitar a nossa vida ao máximo, pois como já dizia minha saudosa vovozinha: única certeza que temos na vida é a morte. Então o negócio é viver e muito bem!

Visitar cemitérios é tão fascinante pra mim quanto ir aos museus e o cemitério de Pére-Lachaise em Paris é um verdadeiro museu a céu aberto, com mais de 200 anos de história e mais de um milhão de “habitantes”. Dificilmente vou à Paris sem dar um pulinho nele pois é um excelente lugar para passear e apreciar verdadeiras obras de arte.

Ruas para flanar

São 44 hectares a nordeste de Paris, com muitas árvores, corvos, gatos, personalidades que já partiram desse mundo e foram eternizadas por seus feitos e talentos. O cemitério possui uma amostra incrível da arquitetura e arte europeia dos séculos XIX e XX. Há registros de mais de 30000 obras inscritas nos inventários de monumentos históricos da cidade.

Há também celebridades lá repousando como a cantora Edith Piaf, o vocalista da Banda The Dors Jim Morrison, cujo o túmulo simples precisa de vigilância 24h por dia, pois caso contrário vira bar, motel e tudo mais que um Rock Star possa imaginar. A bailarina Isadora Duncan, o compositor clássico Chopin, escritores como Oscar Wilde, Gertrude Stein (citada no filme Meia Noite em Paris do Woody Allen) e Balzac. O educador e escritor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como no Brasil como Alan Kardec, o “pai” do espiritismo, mas praticamente um desconhecido entre seus conterrâneos. Recentemente um memorial em homenagem às vitimas do AF447 foi erguido.

Memorial às vítimas do voo AF447

Aqui repousa Alan Kardec

O discreto túmulo da escritora Gertrude Stein

Curiosidades como o túmulo onde 2 homens aparecem de peitos nus e mãos dadas, eles representam Croce-Spinelli e Sivel, dois balonistas que se esqueceram de levar oxigênio a 6000 de altura morrendo assim asfixiados em 1875. Eles são considerados heróis da aeronáutica na França, mas sinceramente não entendi bem o motivo.Túmulo dos balonistas

Histórias bizarras como a estátua no túmulo do jornalista Victor Noir assassinado pelo sobrinho de Napoleão III , onde um grande volume nas calças formou a lenda urbana que a mulher que ali passar a mão, ficará fértil. Suntuosidades como o mausoléu de três andares da princesa Deminoff (nascida Strogonoff), onde estão esculpidas cabeças de lobos, martelos, morcegos uns dizem que pra denotar a origem da fortuna da sua família aristocrata russa, proprietária de minas de ouro e de prata na Ásia Central, outros juram que ela era uma vampira e que ninguém no planeta conseguiria passar a noite em seu mausoléu sem sentir algo estranho no ar... Père-Lachaise tem muita história boa pra contar.

Mausoléu da Princesa Demidoff

Para quem se interessou em transformar Père-Lachaise em sua última morada, é triste cair na realidade que ser VIP não é fácil nem na hora da morte. Atualmente para deixar seu lindo corpinho descansando eternamente em Paris não basta querer, é preciso ser artista de mérito reconhecido ou ser comprovadamente parisiense pra entrar na fila de concessões, se for escolhido terá que pagar anualmente uma taxa de aproximadamente sete mil euros.