Ciência
16/05/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 16/05/2024 às 20:00
O biólogo Dr. Donald "Reef" ("coral" em inglês) Nelson participou da produção do icônico Tubarão, de Steven Spielberg, como conselheiro de ciência tanto no primeiro longa-metragem quanto na sequência de 1978. Entretanto, Nelson não concordava com a visão que o filme de 1975 passou sobre os tubarões, e dedicou boa parte de sua trajetória a pesquisar esses animais.
Na primeira vez em que se encontrou com um tubarão, em 1959, o cientista fez uma descoberta inovadora. Ele percebeu que o som de peixes feridos poderia atrair os predadores — algo observado após a aproximação de um tubarão-tigre que encontrou Nelson após este matar um peixe.
Em parceria com o pesquisador Dr. Samuel "Sonny" Gruber, gravou uma série de falsos barulhos de peixes morrendo, que foram reproduzidos em uma experiência subaquática por um alto-falante ultrassônico. O resultado das vibrações de baixa frequência foi a visita de 22 tubarões curiosos. A dupla publicou a descoberta na revista Science em 1963.
A pesquisa de Gruber e Nelson contribuiu para um conhecimento mais aprofundado do comportamento desses grandes predadores. Foi possível observar, por exemplo, que um som similar ao de um peixe morrendo também pode ser reproduzido por nadadores e banhistas, atraindo atenção indesejada.
O desejo de Nelson de se concentrar nos estudos sobre tubarões incluía outros métodos de aproximação. Uma das técnicas incluía mergulhar livremente até 18 metros de profundidade e perseguir os tubarões até irritá-los — conhecida como "kamikaze". Essa prática possibilitava que o biólogo observasse o comportamento dos animais quando estavam sob ameaça, uma etapa fundamental para sua pesquisa.
E foi em meio aos estudos que Spielberg conheceu Nelson. O cineasta visitou o Shark Lab — fundado pelo pesquisador em 1966 — na década de 1970. Spielberg se intrigou pela quantidade de mapas e anotações científicas sobre tubarões feitas em guardanapos e pedaços de papel e fez cópias de tudo. Os documentos apareceram no escritório do personagem Matt Hooper em Tubarão.
Nelson continuou a utilizar a técnica kamikaze até 1976, quando encontrou um tubarão particularmente agressivo. A partir de então, continuou sua pesquisa com o dispositivo que inventou e chamou de SOS, ou Shark Observation Submersible (Submersível de Observação de Tubarões, em tradução livre). O cientista e sua equipe demonstraram que, ao contrário do que a maioria pensava, os tubarões são criaturas altamente sociáveis.