
Estilo de vida
17/05/2025 às 03:25•2 min de leituraAtualizado em 17/05/2025 às 03:25
Gêmeos sempre foram vistos como algo especial – uma raridade que desperta fascínio e simbolismo em diversas culturas. Para alguns, eles representam vitalidade e saúde; para outros, a dualidade da vida e da morte. No entanto, novos estudos sugerem que, há muito tempo, gêmeos não eram uma exceção. Entre nossos ancestrais primatas, ter dois bebês de uma vez pode ter sido a regra, e não a exceção.
Pesquisadores dedicados a entender a evolução dos primatas descobriram que nossos ancestrais de 60 milhões de anos atrás, habitantes da América do Norte, provavelmente tinham gestações múltiplas como padrão. Embora quase todos os primatas modernos, incluindo os humanos, deem à luz apenas um bebê por vez, essa não parece ser a norma ancestral.
Para desvendar esse mistério, cientistas mapearam o tamanho médio das ninhadas de quase mil espécies de mamíferos. Usando bancos de dados e algoritmos matemáticos, eles reconstruíram padrões evolutivos, rastreando quando e por que os primatas passaram a ter nascimentos únicos. A pesquisa revelou algo surpreendente: gêmeos eram a norma nos primórdios da evolução primata.
Muitas espécies de primatas ainda carregam essa herança. Lemures, lóris e tamanduás, por exemplo, frequentemente dão à luz gêmeos. No entanto, a maioria dos primatas modernos, incluindo humanos, se desviou desse padrão ancestral. Isso aconteceu por boas razões: ter um único bebê grande e forte pode ter dado vantagens de sobrevivência para nossos ancestrais.
O peso energético de gestações múltiplas é significativo. Bebês gêmeos geralmente nascem menores e mais frágeis, o que pode ter sido um desafio evolutivo. Com o passar do tempo, dar à luz a um único bebê maior, com maior chance de sobrevivência, tornou-se o caminho preferido para muitos primatas.
Para humanos, a transição para gestações únicas trouxe outra vantagem: cérebros maiores. A chamada encefalização – o aumento do tamanho do cérebro em relação ao corpo – permitiu que nossos ancestrais desenvolvessem habilidades cognitivas complexas. Com apenas um bebê por vez, a mãe podia concentrar mais energia e cuidados em cada filho, algo essencial para o longo período de aprendizado humano.
Estudos indicam que essa mudança evolutiva ocorreu há pelo menos 50 milhões de anos e aconteceu de forma independente em diferentes linhagens primatas. Esse padrão repetido sugere que a estratégia de ter um único bebê era altamente vantajosa.
Embora gêmeos ainda sejam uma parte fundamental da história genética humana, hoje eles representam apenas cerca de 3% dos nascimentos nos Estados Unidos. Avanços médicos e mudanças nos padrões de fertilidade aumentaram a incidência de gêmeos nas últimas décadas, mas os desafios permanecem. Gestações gemelares demandam mais energia da mãe e trazem maior risco de partos prematuros, o que reforça como nossa biologia continua refletindo as escolhas evolutivas de nossos ancestrais.