Ciência
18/08/2023 às 02:00•2 min de leitura
Os irmãos gêmeos sempre fascinaram a humanidade. Na antiguidade, é possível notar que muitos povos consideravam essas pessoas sagradas. Na Índia, as divindades gêmeas Asvin eram consideradas fortes, belas e caridosas.
Na antiga Babilônia, o nascimento de irmãos gêmeos era considerado fruto do alinhamento de constelações específicas, o que demonstrava a raridade e a importância desses seres.
Entre os escandinavos, os gêmeos simbolizavam uma dualidade que poderia criar grandes conflitos, levando à destruição. Em uma lenda, os irmãos Holder e Balder teriam se desentendido por causa de uma deusa e sua briga causou a morte de Holder.
Já entre os maias os gêmeos tinham ligação direta com a deusa da fertilidade Xochiquetzal. Infelizmente para os gêmeos, os incas consideravam os irmãos gêmeos com os sacrifícios que mais agradariam os deuses.
Como vimos, há uma mística entorno dos gêmeos que esteve presente em muitas civilizações ancestrais e que poderia ser uma das razões que explicariam uma das lendas mais comuns entre os gêmeos na atualidade: a de que eles têm alguma ligação telepática, que não é encontrada entre outros irmãos.
Fonte: Getty Images
É muito comum que pais de gêmeos se surpreendam com a grande afinidade desses irmãos na infância, como se um conseguisse sentir o que o outro sente. Essa percepção já chamou a atenção de muitos pesquisadores mundo afora.
Estudos com gêmeos monozigotos, aqueles que nasceram de um único óvulo, mostraram que alguns participantes compartilhavam medos e traumas, mas que apenas um deles teria vivido um fato que justificasse esses temores.
Outros estudos confirmaram uma afinidade maior entre os gêmeos monozigotos, mas nunca houve uma conclusão sobre a razão dessa causa.
Um estudo de Londres e outro de Copenhague tiveram resultados semelhantes. Diversas duplas de voluntários foram submetidos a experiências intensas, como tomar um susto. O objetivo era verificar se o gêmeo que não havia participado do teste conseguia sentir algo, conectando-se ao gêmeo participante.
A maioria das duplas de irmãos não apresentou resultados significativos, mas em cerca de 25% dos casos, os pesquisadores notaram uma interação curiosa.
Há muitas hipóteses para esses resultados, como o fato dessas pessoas conviverem muito próximas durante toda a vida, o que faria com que identificassem sinais no comportamento do outro que seriam invisíveis aos demais, mas, por enquanto, não houve nenhum estudo que explicasse as causas dessa conexão tão forte.
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O fato de muitos irmãos gêmeos relatarem um comportamento que até sugira o compartilhamento de emoções e de algumas pesquisas terem notado uma interação acima da média, não pode ser um incentivo para que os pais dessas crianças ignorem o fato de que eles, mesmo que idênticos, são pessoas diferentes.
Tentar induzir uma interação que não existe pode fragilizar a relação entre os irmãos, em vez de estreitá-la.