
Estilo de vida
17/05/2025 às 03:25•2 min de leituraAtualizado em 17/05/2025 às 03:25
Hoje, quem viaja de avião de Londres para Nova York em cerca de sete horas e meia não imagina que, há cinquenta anos, passageiros faziam esse mesmo percurso em apenas três horas. A façanha era feita a bordo do Concorde, o icônico avião comercial supersônico fabricado pela França e pelo Reino Unido, que operou entre 1976 e 2003.
Com capacidade de voar a 2,17 mil quilômetros por hora e alcançar altitudes superiores a 18 mil metros, o jato oferecia aos passageiros uma vista privilegiada da curvatura da Terra. Sua história começou em 1962, como resultado de uma parceria entre as estatais Air France e pela British Airways que desejavam uma aeronave capaz de quebrar a barreira do som (voar a mais de 1,24 mil km/h ao nível do mar).
O primeiro voo de teste bem-sucedido ocorreu em março de 1969, em Toulouse, França, seguido por um voo britânico um mês depois. A maravilha tecnológica chegou ao Brasil, com as cores da Air France no dia 21 de janeiro de 1976, pousando no Rio de Janeiro, para onde fez voos regulares até 1982.
Ao embarcar pela primeira vez no Concorde, o passageiro já se encantava com seu design único: uma fuselagem fina, nariz inclinável característico e asas largas e curvas parecidas com as de um ônibus espacial. Todas as vinte unidades produzidas tinham motores turbojatos que alcançavam velocidades supersônicas.
A bordo, a experiência era incomparável, com um cardápio que incluía champanhe e caviar durante o voo. Nos anos 1990, as passagens do Concorde custavam cerca de US$ 12 mil, o equivalente a US$ 20 mil (ou R$ 123,5 mil) nos dias de hoje.
Durante o voo, os passageiros podiam observar quando o medidor Mach atingida 2.0, ou seja, o dobro da velocidade do som. Nesse momento, o calor da fuselagem podia chegar a 120°C. Segundo os passageiros, o céu, visto da estratosfera, assumia um tom roxo escuro deslumbrante, proporcionando uma visão única aos viajantes.
Muitos fatores se acumularam para o fim do Concorde, e talvez mais grave tenha sido o seu alto consumo de combustível: sete mil galões (cerca de 26,5 mil litros) de querosene de aviação por voo. Além disso, o boom sônico (estrondo) causado pela quebra da barreira do som era altamente disruptivo para pessoas e animais no solo.
Como se isso não bastasse, algo terrível aconteceu. No dia 25 de julho de 2000, o voo 4590 da Air France, operado por um Concorde, caiu logo após sua decolagem no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, matando as 109 pessoas a bordo, e outras quatro no solo. A causa: o estouro de um pneu, que atingiu o tanque de combustível da aeronave e provocou um incêndio.
O Concorde voou pela última vez no dia 24 de outubro de 2003.