Ciência
11/12/2022 às 08:00•2 min de leitura
Existem cerca de 1,6 milhões de gêmeos nascendo a cada ano em todo o mundo. É muito provável que você já tenha ouvido falar no termo univitelino e bivitelino, que são uma das características que diferenciam os dois durante o processo de gestação.
Os irmãos nascidos univitelinos, formados a partir de um único zigoto original, são praticamente idênticos, pois ao longo da gestação compartilharam 100% da carga genética de seus pais, inclusive possuindo o mesmo tipo sanguíneo. Já no caso dos gêmeos bivitelinos, eles se parecem tanto quanto dois irmãos comuns, de gestações diferentes, porque se formaram pela fertilização de dois óvulos diferentes.
Seja como for, o conceito de irmãos gêmeos está muito associado a ter os mesmos pais. Mas e se você descobrisse que existe um fenômeno extremamente raro chamado superfecundação heteropaternal, que acontece quando gêmeos nascem da mesma mãe, mas com pais diferentes?
(Fonte: News Rondônia/Reprodução)
Darwin defendia que o objetivo da vida é que nossos genes se repliquem e sobrevivam, portanto, existe um benefício evolutivo para uma fêmea gerar múltiplos descendentes simultaneamente.
A superfecundação é um fenômeno considerado muito mais raro em humanos, mas acontece com um pouco mais de frequência nos animais, tanto que foi em mamíferos das espécies canina, felina, ovina e bovina que os cientistas detectaram primeiro. Existem duas maneiras pelas quais isso pode acontecer. A primeira é a mais rara de todas: quando um óvulo é penetrado por dois espermatozoides separados e se divide em dois embriões diferentes, como em caso de gêmeos dizgóticos. Isso foi documentado apenas duas vezes na natureza.
O segundo caso acontece quando uma mulher ovula e produz dois óvulos distintos simultaneamente, que também são fertilizados pelo esperma de dois homens diferentes em momentos diferentes. A segunda fertilização pode levar de 12 horas a mais de uma semana para acontecer. Um estudo brasileiro registrou que uma mulher engravidou de gêmeos após fazer sexo com dois parceiros no mesmo dia. Geneticamente, esses gêmeos compartilham 25% do mesmo DNA, fazendo deles meio-irmãos.
(Fonte: DNB Stories/Reprodução)
Existe cerca de 1 em 13 mil chances de uma superfecundação heteropaternal acontecer, mas essa estimativa ainda é considerada muito flutuante pelos cientistas porque é difícil medir as possibilidades com mais precisão. Afinal, apenas 12 casos foram formalmente registrados pelo mundo, sendo estes na Áustria, Dinamarca, Japão, Estados Unidos, Iraque, Vietnã e Colômbia.
A dificuldade de registro também acontece porque o fenômeno só é confirmado se um ou ambos os pais fizerem um teste de paternidade. Para piorar as estimativas, o teste pode dar como inconclusivo ou que um gêmeo pode ter uma condição genética diferente, subnotificando ainda mais a superfecundação na comunidade científica.
A National Library of Medicine atribui o crescimento dos estudos sobre o caso ao surgimento de testes de paternidade de fácil acesso. E no meio de tudo isso estão as implicações morais e legais que a condição pode acarretar. Em um caso de gêmeos por superfecundação de Nova Jersey (EUA), o juiz determinou que só um dos pais era obrigado a pagar pensão alimentícia para um dos gêmeos, já que não era pai do outro.