Polêmica à vista: por que os homens correm mais rápido que as mulheres?

22/07/2019 às 04:303 min de leitura

É só acompanhar notícias e participar de redes sociais para notar que a corrida é um esporte que vem ganhando popularidade nos últimos anos, atraindo novos adeptos (homens e mulheres). Embora relativamente econômica — se comparada a esportes como tênis, por exemplo — e aparentemente simples, ela requer treinos regulares e cuidados com corpo, a fim de evitar lesões.

Até aí, OK. Mas então por que será que homens e mulheres, mesmo com os mesmos níveis de exigência nas rotinas de treinos, apresentam desempenhos diferentes? Melhor dizendo: por que, mesmo se compararmos atletas de elite, os recordes masculinos são sempre superiores? Observe alguns números: na clássica prova de 100 metros, o recorde mundial entre os homens é de Usain Bolt, com 9,58 segundos; e o feminino é de Florence Griffith Joyner, com 10,49 segundos. Essa foi por pouco, né? Mas então veja como a coisa tem sido nas maratonas, com seus 42,195 quilômetros. O recorde pertence ao queniano Dennis Kipruto Kimetto, que completou o percurso em abismáveis 2:02:57; enquanto isso, o feminino é da britânica Paula Radcliffe, que concluiu em incríveis 2:15:25 — marca que não é superada desde 2003!

Agora observe: os atletas mais rápidos do mundo continuam separados por cerca de 13 minutos, um tempo bastante considerável no mundo da corrida. Do ponto de vista da Ciência, por que isso ocorre? Basicamente, essa diferença se deve bastante aos hormônios e à constituição corporal.

A culpa é dos hormônios

Durante a puberdade, os meninos passam a sentir os efeitos da testosterona. Na fase adulta, alguns homens chegaram a ter 20 vezes mais testosterona que as mulheres. Segundo a Sociedade de Endocrinologia, esse hormônio desempenha diversas funções, inclusive informar ao corpo para criar novas células sanguíneas, mantendo assim os ossos e músculos fortes e promovendo crescimento.

Seguindo esse raciocínio, o ponto é que, como as mulheres produzem menos testosterona, acabam ficando em desvantagem quanto a músculos; ou seja, com menos músculos, menor é a força e a resistência para desenvolver as atividades, mesmo seguindo uma rotina regrada de alimentação, sono e treinos.

Segundo explica a Dra. Emily Kraus, do Stanford Health Care, na Califórnia (EUA), cerca de 80% da perna de um homem são constituídos por músculos; já no caso de uma mulher, são aproximadamente 60%. Esse extra já pode ajudar os homens a correr mais rápido, inclusive porque os músculos masculinos tendem a ter maiores fibras musculares de contração rápida, o que certamente contribui para a velocidade.

Às vezes, tamanho é documento

Além da parte hormonal, conta bastante o tamanho do corpo e de suas partes. Mulheres, em geral, têm pulmões menores, o que significa que o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) delas é mais baixo. No caso de mulheres sedentárias, o VO2 máx é de cerca de 33 mililitros de oxigênio por quilo de massa corporal por minuto, enquanto em homens esse número sobe para 42 ml/kg/min, segundo um estudo de 1998 publicado no periódico Medicine and Science in Sports and Exercise.

Em corredores de elite, obviamente o VO2 máx é maior, mas o dos homens ainda supera o das mulheres. Em outras palavras, isso significa que as moças precisam se esforçar mais para inspirar o oxigênio necessário para seus músculos.

Há ainda a influência do coração, que em mulheres costuma ser menor. Na prática, em comparação com o dos homens, o ventrículo esquerdo do órgão delas bombeia uma quantidade menor de sangue oxigenado. A Dra. Krauss reforça que “mesmo uma frequência cardíaca mais alta não é suficiente para compensar o menor volume de sangue bombeado”; ou seja, menos sangue e menos oxigênio são destinados aos músculos femininos.

E, como se já não bastasse tudo isso para dificultar a vida das mulheres na corrida (e em esportes em geral), elas também têm menos hemoglobina, a proteína presente nas células sanguíneas que é responsável por transportar o oxigênio aos tecidos do corpo, inclusive músculos.

Papel da biomecânica

Homens costumam ter pernas mais longas do que as mulheres, portanto eles contam com mais espaço para músculos, além de um comprimento de passo mais longo, conforme explica o Dr. Miho Tanaka, do Programa de Medicina Esportiva Feminina da Johns Hopkins Medicine. Além disso, o fato de elas terem quadris mais largos acaba, infelizmente, prejudicando a eficiência da postura para a corrida.

Isso tudo porque “os músculos trabalham bem quando tudo está alinhado; se os quadris são estreitos, semelhantes aos de um homem, então tudo está seguindo junto em uma linha reta, na mesma direção definida pela corrida”. Já no caso de uma atleta com quadris mais largos, Dr. Tanaka explica que “os músculos precisam quase virar a esquina, digamos; não é a função otimizada”.

No entanto, antes que essas constatações assustem muita gente e acabem desmotivando, é importante que fique claro que mulheres com essa estrutura corporal não precisam deixar de correr. O detalhe é que esse é um dos vários fatores que explicam por que mulheres, em geral, não são tão rápidas quanto homens.

Por outro lado, se considerarmos que, em comparação com os caras, as mulheres dispõem de pulmões com menor capacidade de inspirar o oxigênio, coração bombeando menos sangue oxigenado, menos hemoglobina para transportar esse oxigênio, além de menos massa magra, pernas mais curtas e quadris mais largos, é realmente impressionante que elas consigam alcançar desempenhos tão expressivos, não acha?

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