Conheça o formato dos dados usados pelos romanos

08/03/2018 às 14:302 min de leitura

Quando você lança dados, independente do número de faces, considera que todas elas sejam iguais, para que se tenha a mesma chance em cada lançamento. Mas já imaginou usar um que é visivelmente tendencioso, com faces claramente diferentes?

Dados com formatos Dados com formatos diferentes do comum, mas com faces iguais

Hoje parece loucura você aceitar jogar um dado, principalmente se houver uma aposta envolvida, cujas faces não sejam iguais, mas um estudo feito na Holanda pelo arqueologista Jelmer Eerkens mostrou que eles nem sempre tiveram a forma que conhecemos hoje. Segundo o pesquisador, a mudança nesse formato reflete como as pessoas encaram o jogo, baseado em probabilidade ou fé.

Os primeiros registros

Existem registros da existência de dados há mais de 4 mil anos, mas para a pesquisa foram utilizados principalmente os encontrados na Holanda, em sua maioria deixados pelos romanos, que chegaram na região por volta de 200 d.C.

Dados RomanosDados romanos

Não se sabe exatamente se o formato peculiar era considerado durante o jogo, mas existem registros de que a forma como caíam era atribuída a algo divino. “A falta de simetria que vemos nesses dados antigos pode ser o resultado da ideia de que não se pensava na importância da função material deles, pois outros elementos estavam controlando as chances de você ganhar ou perder”, explicou o arqueologista.

As mudanças

Na região do estudo, os dados praticamente desapareceram após a queda do Império Romano e voltaram somente por volta de 1100 d.C., sendo que a forma como os números eram distribuídos tinha mudado. Apesar de irregulares, os dados romanos utilizam em sua maioria a organização chamada “Setes”, na qual 1 e 6 estão em faces opostas, sendo as outras organizadas com a mesma lógica; já no período posterior, predominou o formato “primos”, em que 1 e 2 são opostos, somando 3, um número primo. Eerkens percebeu essa mudança, mas os registros foram insuficientes para explicar os motivos.

Afresco RomanoAfresco romano de homems jogando dados

Ao mesmo tempo, o tamanho dos objetos diminuiu, fazendo com que fosse mais fácil escondê-los, provavelmente porque as autoridades religiosas da Idade Média não viam o jogo com bom olhos. Inclusive, alguns dados dessa época foram encontrados em um pequeno buraco, embaixo de uma pilha de lixo, sendo que um deles estava com o número 3 em duas faces — claramente para trapaça. 

Ciência e probabilidade

Com o passar dos anos, os registros escritos se tornaram mais consistentes, mesmo com a desaprovação das autoridades, e o foco na probabilidade passou a interessar às pessoas. Até mesmo Galileu escreveu explicando por que em um jogo com três dados, a soma deles tende a ser mais 10 do que 9, sendo essa informação confirmada por cálculos de probabilidade.

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Ao longo do tempo, astrônomos surgiam com novas ideias sobre o mundo, e matemáticos se dedicaram a estudar os números e as probabilidades, fazendo com que a organização de “setes” predominasse, por ser mais uniforme. O que não se sabe é o que veio primeiro: se as pessoas passaram a perceber que o formato tinha influência, deixando a religiosidade um pouco de lado, ou a comunidade científica como conhecemos hoje começou a ser mais respeitada.

Independente disso, hoje sabemos que um lançamento de dados tem mais a ver com o acaso do que com orações, mas mesmo assim é muito difícil não torcer para que determinado número apareça, ou achar que está em um dia de sorte porque números altos caíram várias vezes. Não trapaceando no formato, toda torcida é válida!

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