Ciência
29/06/2018 às 13:09•2 min de leitura
Para quem assiste a filmes de ficção científica, pistolas a laser não são nenhuma novidade. Mas você sabia que os soviéticos chegaram a desenvolver uma arma desse tipo? Talvez seja decepcionante, mas a ideia dela não era atingir o inimigo da forma como imaginamos.
Diversas fontes confirmam a existência do projeto, desenvolvido na academia militar RVSN, que pretendia equipar cosmonautas com uma pistola a laser. O museu do local possui uma réplica da arma, que tinha como objetivo inutilizar possíveis satélites espiões em órbita.
Demyan Makarenko concedeu entrevista em um evento realizado em Moscou, em 2011, onde deu detalhes sobre o artefato. A arma, segundo ele, foi desenvolvida em conjunto com o estação espacial soviética Almaz, nos anos 1960. O vídeo abaixo está em russo, mas a partir dos 3:00 é possível ver uma réplica da pistola.
Algumas fontes cogitaram a possibilidade de que a pistola tivesse como objetivo a defesa pessoal de cosmonautas, em uma eventual “guerra nas estrelas”, mas mesmo com toda a paranoia gerada pela Guerra Fria essa sempre foi uma possibilidade remota. Afinal, os estragos causados por um projétil, seja ele qual for, poderiam colocar em risco a vida de todos os envolvidos na situação. Isso além de todo o complexo processo necessário para acoplar duas espaçonaves, ainda mais sendo inimigas.
Assim como hoje estão sendo desenvolvidos equipamentos que interceptam drones, na época existia o receio de que espaçonaves inimigas se aproximassem demais, e a arma serviria para neutralizar esse possível espião. Não se sabe o que pensavam os EUA, mas a URSS chegou a suspeitar que o desenvolvimento do Space Shuttle, iniciado em 1971, tivesse como objetivo final a captura de pequenos satélites soviéticos, devido ao grande compartimento de carga projetado.
Até onde sabemos, esse nunca foi o propósito, mas em um contexto de guerra é sempre melhor se precaver, e os soviéticos provavelmente desenvolveram as pistolas a laser com essa finalidade. O conceito da arma se baseava no fato de que os sistemas de navegação de satélites dependia basicamente de recursos ópticos, que são facilmente afetados com uma quantidade relativamente pequena de energia em formato de luz.
Foi necessário o desenvolvimento de novas tecnologias, considerando o ambiente e o tamanho limitado do equipamento. A ideia era que, através de uma fagulha, um disparo emitisse por um período de 5 a 10 milissegundos um brilho intenso com temperatura altíssima e alcance estimado de até 20 metros. O funcionamento era como de uma pistola convencional, com cada disparo liberando uma cápsula, que continha os materiais utilizados na produção do brilho.
O projeto foi finalizado em 1984 e batizado de pistola a laser com lâmpada pirotécnica de flash, 7 anos após a URSS enviar a última missão com destino à estação espacial Almaz. Apesar de o programa espacial russo existir até hoje, não há registros de que o artefato tenha sido colocado em órbita. Mesmo assim, pode-se considerar que a pistola foi a precursora das canetas a laser vendidas atualmente.
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