Árvores dormem durante a noite?

02/11/2018 às 09:002 min de leitura

Por mais que passem a vida no mesmo lugar, a vida de uma árvore não deve ser tão fácil quanto parece. Passar o dia inteiro realizando a fotossíntese deve ser um tanto quanto cansativo e, no fim da jornada, nada mais justo do que dormir profundamente. Mas será que elas realmente dormem?

Sono arbóreo

O único estudo existente sobre o assunto analisou, com o auxílio de lasers, o movimento de duas bétulas-brancas (Betula pendula) durante a noite. Uma delas estava plantada na Finlândia, enquanto a outra utilizava o gás carbônico austríaco no processo de fotossíntese.

As medições aconteceram do anoitecer até os primeiros raios de sol surgirem, no mês de setembro, quando os ventos são raridade e a duração da noite é quase idêntica à do dia. O sistema de medição conseguiu mapear toda a árvore em minutos, gerando diversos modelos para comparação posterior.

Os resultados dependem do que se considera dormir, mas algumas horas após o anoitecer elas chegaram ao ápice de uma espécie de relaxamento, que começou assim que o sol se pôs. O processo inverso aconteceu nas primeiras horas da manhã, quando levantaram e reassumiram a posição registrada no fim do dia.

Os resultados obtidos pelo autor principal do estudo, o finlandês Eetu Puttonen, mostraram que as alterações não são tão significativas: um deslocamentos de 10 centímetros em uma planta com 5 metros de altura.

Despertador desconhecido

Não ficou claro durante o estudo se foi o Sol ou algum dispositivo interno, relacionado ao ciclo circadiano, que despertou a árvore pela manhã. Mas os pesquisadores registraram no artigo, publicado no periódico Journal Frontiers in Plant Science, que "o fato de que alguns ramos começaram a retornar à sua posição diurna já antes do nascer do sol sugeriria que a hipótese do controle interno está correta".

Qualquer jardineiro sabe que algumas espécies de plantas se fecham à noite, alterando seu formato assim que o dia nasce. Então, a equipe foi surpreendida não pelos resultados, mas sim pelo fato de não existirem outros estudos sobre o assunto. 

Cientistas de renome, como Charles Darwin e Carl Linnaeus, registraram informações sobre algo semelhante ao sono em plantas. A diferença é que eles analisaram apenas espécies pequenas, plantadas em vasos. É possível entender que o assunto não possui tanta relevância para que o esforço de medir manualmente a posição dos galhos de uma árvore seja justificado, mas com o auxílio das tecnologias atuais novas descobertas podem revolucionar a forma como enxergamos o comportamento das árvores.

Fluxo de líquidos

Água é tão importante para nós quanto para os outros seres vivos do planeta. Apesar de os cientistas não apontarem as razões do movimento, ele provavelmente é causado pela turgidez natural das plantas — a pressão interna natural de água dentro da árvore.

Um dos autores do estudo, András Zlinszky, que trabalha no Centro de Pesquisas Ecológicas da Academia Húngara de Ciências, disse que “o movimento das plantas está sempre intimamente ligado ao balanço hídrico das células individuais, que é afetado pela disponibilidade de luz através da fotossíntese".

Por isso, no futuro a equipe pretende avaliar os movimentos ao mesmo tempo que mede o movimento de água na árvore, analisando os resultados de forma associada. “Isso forneceria uma melhor compreensão do uso diário de água pelas árvores e sua influência no clima local ou regional”, disse Puttonen.

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