A ciência explica: por que às vezes nos assustamos com risadas?

24/11/2018 às 07:002 min de leitura

Ver alguém dando risada — e até mesmo rir junto — é algo muito confortante. Porém, em determinadas situações, esse ato pode se transformar em algo medonho, macabro e assustador, não é mesmo? Como sempre, a ciência tem várias formas de explicar o porquê desse fenômeno; porém, desde já, podemos simplificar: o medo e a alegria são “estados de alta excitação”, ou seja, momentos em que sentimos emoções intensas. Por isso, é comum, por exemplo, gritarmos de surpresa e darmos risada em seguida.

“Muito do medo advém da dissonância ou da violação de nossas expectativas”, explica a socióloga Margee Kerr, da Universidade de Pittsburgh (EUA). O que Margee quer dizer é que nós ficamos assustados quando alguma coisa vai além das nossas expectativas ou contra elas, e isso explica por que crianças possuídas são tão comuns em filmes de terror. Costumamos enxergá-las como seres “fofos e inocentes” — logo, a imagem de um bebê demoníaco nos desperta uma sensação de estranheza.

Isso ocorre quando alguém ri em uma situação ou um ambiente incomum. “Sempre que presenciamos algo que deveria estar ligado a emoções positivas, sentimentos de inocência ou alegria, e depois o invertemos de alguma forma, seja tornando-o um pouco sinistro ou fora do contexto, ele envia um sinal vermelho”, afirma Margee. Ou seja: nosso cérebro nos avisa que há alguma coisa errada e, consequentemente, emite um sinal de alerta para que possamos nos manter atentos.

“As pessoas não deveriam estar felizes em fazer coisas ruins, então quando elas são... é uma dica de que algo não está certo e não podemos confiar nelas”, confirma a socióloga. Esse fator também é amplamente utilizado na ficção, especialmente no setor cinematográfico — basta nos lembrarmos do personagem Joker (ou Coringa, em português), que solta gargalhadas enquanto explode prédios e mata pessoas inocentes. Trata-se de um artifício comum para destacar a insanidade e a instabilidade psicológica de alguém.

Um assunto complexo

Porém, Margee ressalta que isso só é válido para culturas que aprenderam a associar a risada com algo positivo e ligado a emoções, como a alegria. Por isso, estranhamos quando ela é inserida em uma cena de crueldade. Porém, para alguns povos (especialmente aqueles que tiveram pouco contato com outras civilizações e a mídia global), qualquer riso não possui o mesmo efeito com o qual estamos habituados e costuma ser enfrentado com estranheza independentemente da situação em que surja.

Já o Dr. Israel Liberzon, chefe do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina do Texas, relembra ainda outras variáveis que podem fazer com que uma risada seja considerada algo positivo ou negativo — há uma grande diferença entre “rir com alguém” (que simboliza o proveito de algo engraçado ou agradável) e “rir de alguém” (que pode ter o significado de zombaria). E, é claro, se virmos algo não humano rindo, como uma boneca ou um robô, surgirá uma camada extra de medo.

Quer um caso recente? Neste mesmo ano, a assistente virtual da Amazon, Alexa, sofreu um bug que fez com que gargalhasse de forma aleatória. “Quando ouvimos o GPS, a Alexa ou a Siri responderem carinhosamente, sabemos que estão sempre fazendo isso em resposta a algo que falamos. Eles não têm expressões de emoções independentemente motivadas. Mas quando a Alexa ri aleatoriamente por conta própria, isso introduz o problema de 'Por que a Alexa está rindo?'", explica Margee.

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