Artes/cultura
02/09/2019 às 03:00•1 min de leitura
Não é de hoje que estudos se dedicam e entender a relação e influência da testosterona no comportamento humano e as descobertas recentes sugerem que essa interferência é mais complexa do que se pensava. Alguns deles ligavam os altos níveis do hormônio ao comportamento imoral e pesquisas anteriores investigavam esse julgamento a partir de respostas comportamentais e atividades cerebrais. Mas a pesquisa atual deu um passo além e busca analisar fatores biológicos profundos, em especial a testosterona.
O professor de psicologia da Universidade do Texas em Austin, Bertram Gawronski, explica que há muito interesse em descobrir como os hormônios influenciam os julgamentos morais de maneira fundamental, regulando a atividade cerebral. “Na medida em que o raciocínio moral está pelo menos parcialmente enraizado em fatores biológicos profundos, alguns conflitos morais podem ser difíceis de resolver com argumentos", complementa.
Os pesquisadores utilizaram 24 dilemas da vida real para simular a tomada de decisões utilitárias ou em decisões deontológicas. Nos estudos anteriores, os altos níveis do hormônio estão associados a preferências utilitárias mais fortes. Assim, os pesquisadores utilizaram 200 participantes, 100 receberam testosterona e 100 apenas um placebo. "O estudo foi projetado para testar se a testosterona influencia diretamente os julgamentos morais e como", afirma Skylar Brannon, estudante de pós-graduação em psicologia da Universidade do Texas. Além disso, três aspectos independentes foram examinados: sensibilidade às consequências, sensibilidade às normas morais e preferência geral por ação ou inação.
(Fonte: Pixabay)
Contrariando estudos anteriores, os pesquisadores deste se surpreenderam ao descobrir que quem recebia suplemento de testosterona eram menos propensos a agir pelo bem maior e, ao contrário, se tornavam mais sensíveis às normas morais. Em contrapartida, aqueles com altos níveis da natural azem julgamentos menos sensíveis às normas morais.
“Nossas descobertas ecoam a importância de distinguir entre causalidade e correlação em pesquisas sobre determinantes neuroendócrinos do comportamento humano, mostrando que os efeitos dos suplementos de testosterona nos julgamentos morais podem ser opostos à associação entre a testosterona natural e os julgamentos morais”, ressalta Gawronski.
O estudo foi publicado na Nature Human Behavior.