Ciência
26/08/2020 às 03:00•2 min de leitura
O youtuber Denis Shiryaev restaurou o filme mais antigo do mundo que sobreviveu até hoje, gravado pelo inventor Louis Le Prince em 1888, com auxílio de uma inteligência artificial. A iniciativa faz parte dos testes com rede neural que busca revitalizar vídeos antigos.
Conhecido como Cena do Jardim em Roundhay (tradução livre do inglês: Roundhay Garden Scene), o vídeo com apenas alguns segundos de duração foi gravado por Le Prince em 12 frames por segundo, no dia 14 de outubro de 1888, na cidade de Leeds, na Inglaterra.
O filme mostra um grupo de pessoas caminhando em um semi-círculo no jardim de uma residência nos subúrbios — entre os atores estão Joseph e Sarah Whitley (sogros de Louis), seu filho Adolphe Le Prince e Harriet Hartley (também conhecida como Annie Hartley).
Negativo em vidro do filme. (Fonte: Science Museum Group / Reprodução)
Após obter uma cópia do negativo na coleção digital do Museu Britânico de Ciência, Shiryaev coloriu e escalou cada quadro do vídeo para uma resolução maior, por meio da inteligência artificial chamada de Neural Love. Em seguida, os quadros foram centralizados e tiveram sua exposição corrigida, o que os tornaram mais uniformes.
Com isso, o youtuber utilizou mais uma vez a inteligência artificial para interpolar mais quadros entre os 20 existentes, o que deu ao filme uma sensação de movimento mais fluída e natural. Ao fim do processo, o vídeo — agora com 250 quadros — recebeu a ambientação sonora de um jardim, para complementar a imersão nostálgica da filmagem.
O curto filme em preto e branco representou um grande avanço tecnológico no ano de seu lançamento: seu criador, Louis Le Prince, é creditado como a primeira pessoa a gravar imagens em sequência em toda história do cinema.
Contudo, a fama do filme não se dá somente pela inovação tecnológica. Cerca de dez dias após as filmagens, Sarah Whitley — sogra de Le Prince — veio a falecer. Dois anos depois, Louis desapareceu junto de sua bagagem durante uma viagem de trem para a cidade de Dijon, na França — o que explicaria seu anonimato nos dias atuais, apesar de seus feitos.
Veja abaixo o processo de restauro da filmagem, disponível no canal de Denis Shiryaev: