A jornada de dois cinegrafistas da vida selvagem pela proteção ambiental

11/02/2021 às 08:005 min de leitura

A natureza proporciona momentos tão incríveis que chegam a tirar o fôlego. Mesmo aqueles que podem ser considerados brutais têm em si uma espécie de beleza selvagem que deixam seus espectadores boquiabertos. 

Por muito tempo, esses espetáculos naturais não estavam disponíveis para todos, mas com o advento das câmeras, fomos presenteados com cinegrafistas e fotógrafos de vida selvagem, que há muitos anos nos ajudam a descobrir mais sobre lugares do globo distantes e exóticos .

Nós, aqui do Mega Curioso, tivemos a chance de conversar com o casal Dereck e Beverly Joubert, profissionais de alto renome desse ramo, além de conservacionistas muito importantes. Ambos, com a empresa deles, Wildlife Films, já produziram mais de 40 obras que receberam prêmios como Emmys, Peabody, Wildscreen Panda, entre outros.

(Fonte: WildLife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildfife Films/Reprodução)

Eles contaram um pouco mais sobre como funciona a rotina deles, a importância do trabalho que desenvolvem para a conscientização da proteção do meio ambiente e seus próprios esforços de preservação. Ficaram curiosos? Então confiram o restante da matéria para descobrir mais.

Quem são os Joubert?

Confesso que, ao me preparar para a entrevista, o currículo desse casal me deixou levemente intimidada e extremamente impressionada.

Dereck não só é cinegrafista e conservacionista, mas também é autor, explorador da National Geographic, fundador, CEO e presidente da Great Plains Conservation, uma organização que supervisiona várias reservas de vida selvagem no Quênia, na Botsuana e no Zimbábue.

(Fonte: WildLife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

Ele também criou a Fundação Great Plains, a qual administra várias iniciativas comunitárias que educam pessoas que moram próximo às áreas de conservação e trabalham com elas. O mais impressionante é que essa fundação emprega mais de 600 indivíduos e administra mais de 1 milhão de acres de terras selvagens.

Porém, seus esforços de preservação não param por aí! O cinegrafista também é cofundador e presidente da Big Cats Initiative da National Geographic, que tem como objetivo retardar o rápido declínio de grandes felinos em todo o mundo.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

Além disso, é membro fundador e CEO da Rhinos Without Borders, que já ajudou a realocar 100 rinocerontes de áreas de caça de alto risco na África do Sul, deslocando-os para locais de segurança não revelados, uma iniciativa que não só protege os animais como também gera empregos e renda para muitos na Botsuana.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

Por todo seu trabalho em prol do meio ambiente, Dereck já recebeu o Prêmio de Ecologia Mundial ao lado do Príncipe Charles e de Richard Leakey, foi nomeado para a Academia Americana de Conquistas e ganhou uma Ordem Presidencial de Serviços Meritórios na Botsuana.

É claro que o currículo de Beverly também não fica para trás. Ela também é fundadora da Geart Plains e da Big Cats, como também faz parte da Rhinos Without Borders.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

Fotógrafa especializada há mais de 30 anos na cultura africana, ela é profundamente apaixonada pelas paisagens deste continente e acredita na importância de capturar uma imagem que conte uma história completa em um instante. Além disso, atua como coprodutora e gravadora de áudio para os filmes que produz.

Seu TED talk em 2010 foi visto por milhares de pessoas e ela também recebeu a Ordem do Mérito Presidencial na Botsuana.

Longas horas filmando, pouco sono e momentos incríveis

Minha primeira pergunta para os Joubert foi algo que eu tinha muita curiosidade de compreender: a rotina de trabalho dos dois.

Dereck me explicou que normalmente começam a se preparar por volta das 4h, antes que a luz do Sol comece a surgir. Eles então se escondem na vegetação para acompanhar a rotina dos animais que estão sendo filmados, aproveitando para fazer algumas pesquisas ao longo do tempo e ajustando sua posição em alguns momentos para não perderem nada da ação.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

No final da noite, voltam para o acampamento – caso tenham um – e fazem o download das gravações e imagens, além de se prepararem para repetir o mesmo processo no dia seguinte. Em outras palavras, como Beverly resumiu tão bem: “são longas horas de trabalho e bem poucas de sono”.

Mas esse cotidiano cansativo também tem suas recompensas. Quando questionados sobre os momentos mais empolgantes de suas carreiras, o casal contou que cada projeto traz algo novo e emocionante, mas há duas situações que realmente os marcaram: o momento em que finalmente viram um leão caçar um elefante e uma briga acirrada entre um leão e um bando hienas. 

Vocês conseguem imaginar como deve ter sido acompanhar algo assim?

Toto e seus magníficos olhos de jade

A produção mais recente dos cineastas fez parte do documentário Garras Afiadas da National Geographic. Chamado O Conto Do Leopardo: Olhos de Jade, a obra acompanha de forma inovadora a gravidez de uma fêmea de leopardo chamada Figgs e os três primeiros anos de sua adorável cria, Toto.

(Fonte: National Geographic/Reprodução)
(Fonte: National Geographic/Reprodução)

Quando assisti ao episódio, não pude deixar de me afeiçoar à Toto e ficar admirada com seus olhos verdes e profundos, rindo sempre que ela realizava alguma “palhaçada” infantil, ficando extremamente preocupada pelo bem-estar da mãe e da filha em certos momentos, por exemplo quando uma enorme enchente as retirou de seu local seguro e em um encontro preocupante com hienas.

Quando comentei isso com a dupla, Beverly disse que eles também ficam muito ansiosos quando veem os animais que estão acompanhando passarem por momentos preocupantes, mas que os dois só intervém na situação se o perigo for algo causado pelo homem e que, caso contrário, eles só podem ficar ali e torcer para que tudo dê certo.

(Fonte: National Geographic/Reprodução)
(Fonte: National Geographic/Reprodução)

No final das filmagens de Toto, é apresentada uma mensagem um tanto quanto sombria sobre como seu futuro pode estar comprometido caso os seres humanos não aprendam a respeitar e viver em harmonia com a natureza, o que me levou a minha próxima reflexão: a importância dos filmes de vida selvagem para a conscientização da preservação do meio ambiente.

Dereck me explicou que, quando eles nasceram, havia cerca de 700 mil elefantes no mundo e hoje há provavelmente menos de 50 mil, uma redução de quase 95% e que continuará aumentando caso a humanidade não aprenda a compartilhar nosso planeta com as outras espécies.

(Fonte: National Geographic/Reprodução)
(Fonte: National Geographic/Reprodução)

A metodologia por trás de seus documentários é fazer as pessoas criarem uma conexão com esses animais, pois é mais difícil matá-los se estiver apaixonado por eles.

Os filmes passam o bastão dos esforços de preservação para os espectadores, ajudando-os a se engajar na jornada de proteção dos bichinhos, além de servirem como uma forma de dar voz àqueles que não podem falar, mostrar as suas vidas e a sua importância.

Uma nova iniciativa durante a pandemia

De uma certa forma, todos nós sentimos os efeitos dos problemas causados pelo novo coronavírus. Contudo, Beverly explicou que a situação na África se tornou realmente preocupante, causando uma imensa onda de devastação nas áreas selvagens remanescentes.

Segundo ela, estudos mostraram que, em 2019, mais de US$ 50 bilhões foram movimentados neste continente devido ao turismo, mas, com a pandemia, esse valor caiu drasticamente.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

Isso fez guardas florestais serem demitidos por governos, e as unidades de conservação não podiam mais pagá-los, o que abriu espaço para a caça ilegal por falta de monitoramento e também como uma forma desesperada de algumas pessoas de conseguir renda.

A fotógrafa e cinegrafista ressaltou a importância de proteger o meio ambiente agora, mesmo durante esse momento tão conturbado, pois caso contrário, não sobrará nada para alimentar a economia do continente africano.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

E é por isso que a iniciativa Big Cats tem sido tão importante, cuidando de 150 projetos em 27 países como uma forma de educar as comunidades e ajudá-las a serem responsáveis por um futuro melhor. Além disso, a Great Plains também criou o Projeto Ranger, que vem sendo apoiado pela National Geographic e diversos conservacionistas, angariando fundos para manter guardas florestais em áreas necessárias e proteger os animais.

Minha entrevista com os Joubert foi um momento muito divertido e extremamente educativo. Todos seus esforços nessa luta de proteção ambiental e dos seres vivos é mais que louvável, é também uma esperança por um futuro melhor para a humanidade e os animais, como a adorável Toto, que, quem sabe, um dia veremos em outro documentário, criando seus amáveis filhotes com olhos de jade.

(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)
(Fonte: Wildlife Films/Reprodução)

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